quinta-feira, 8 de agosto de 2024

O interesse ruandês


Não há Formula 1 em África há mais de 30 anos. Mais concretamente, desde o GP da África do Sul de 1993, que aconteceu em Kyalami. A falência dos organizadores, mais a incerteza politica de então, com a transição para um regime multi-racial, depois das eleições de abril de 1994, onde a maioria negra tomou o poder, fez com que a Formula 1 não mais regressasse a África até aos dias de hoje.

Contudo, isso poderá terminar em breve. Stefano Domenicalli falou hoje à Autosport britânica que falará com responsáveis do governo do Ruanda para receber a Formula 1 num futuro próximo. “Eles são sérios, apresentaram um bom plano e, na verdade, teremos uma reunião com eles no final de setembro. Será numa pista permanente.”, afirmou.

Não é uma novidade: em maio, representantes do Rwanda Development Board foram ao paddock do Mónaco para falarem com representantes da Liberty Media. E o interesse não é novo: a cerimónia de entrega dos prémios, em dezembro, acontecerá em Kigali, bem como a reunião da Assembléia Geral da FIA. 

A acontecer, cumpririam o seu desígnio de levar a Formula 1 a todos os continentes. 

Queremos ir para África, mas precisamos de ter o investimento certo e o plano estratégico certo”, disse Domenicali. “Precisamos de ter o momento certo, e precisamos de garantir que também naquele país, naquela região, naquele continente, há o acolhimento certo, porque, claro, têm outras prioridades. Precisamos de ter sempre muito cuidado ao fazer as escolhas certas.”, continuou.


Em relação aos países à volta, o Ruanda é muito pequeno - 26.338 quilómetros quadrados - e com imensa população - 13,6 milhões de habitantes. Contudo, cercado por Uganda, Republica Democrática do Congo, Tanzânia e Burundi, não tem acesso ao mar, mas nos últimos anos, o governo tem o desígnio nacional de fazer de Kigali, a sua capital, a "Singapura de África". Não só nos prédios e na facilidade de negócios, mas também no desenvolvimento de infraestruturas de transporte, como uma rede ferroviária para ligar aos outros países da região, e um novo aeroporto, nos arredores da capital. 

Resta saber onde será essa pista e quem ajudará num investimento de quase cem milhões de euros para a colocar de pé e ter o Grau 1 da FIA. Provavelmente, o seu desenhador será óbvio, pois irão recorrer aos serviços do Hermann Tilke.  

Domenicali também falou na chance de fazer o melhor calendário possível, com os vários pretendentes para fazer aquilo que afirma ser "o melhor calendário possível".

“Temos tantos lugares em todo o mundo que desejam receber a Formula 1 que isso nos permite ter a certeza de que estamos a trabalhar em conjunto com todos eles para aumentar a experiência. Com 24 corridas, vejo que há um número que se manterá estável e podemos realmente ajustar aquelas que estamos a discutir para ver qual será o futuro a médio prazo. Não vejo grandes mudanças a curto prazo, mas nos próximos meses precisamos de discutir o que será [as temporadas de] 26, 27 e 28. Temos opções diferentes, mas estamos numa boa posição.”, concluiu.

Resta esperar o que poderá acontecer no futuro, e se será este pequeno país a acolher o regresso da Formula 1 ao continente africano, para fazer companhia a Marrocos e África do Sul. 

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