A meio dos anos 80, nos ralis em Portugal, apoiavas um Joaquim. O problema era no apelido. Se fosse um Ford Escort, era o Santos, apoiado pela estrutura da Diabolique. Se fosse um Renault 5 Turbo, o apelido era o Moutinho. Ambos eram velozes, e tinham sempre boas máquinas onde poderiam mostrar os seus talentos.
Em 1985, Joaquim Moutinho tinha uma extensa carreira atrás de si. Tinha começado em 1972 no Rali Académico, com 20 anos de idade, estado na velocidade, guiando o Porsche de Grupo 5 na Velocidade e um Opel Commodore GS/E de Grupo 1. Era um piloto de velocidade, de circuitos, até que em 1983, faz o Rali da Madeira num Renault 5 Turbo. Quem lá estava era Patrick Landon, um homem da Renault Sport, que o convidou para fazer ralis integrado na Renault Portuguesa. Um carro oficial, verdade, mas ele considerava um bólide difícil de alinhar.
O desafio era bom demais e ele aceitou. Navegado por Edgar Fortes, o seu primeiro rali foi o Rali Sopete, em 1984, acabou a vencer e a partir dali, foram quinze vitórias em provas de ralis, sendo que o mais famoso dos quais foi em 1986, no tristemente célebre rali de Portugal. O primeiro - e até agora único - piloto português a vencer uma prova do WRC. Mas ele mesmo disse que, dadas as circunstâncias, não teve o mesmo gosto dos outros triunfos.
E pelo meio, dois títulos nacionais, graças quer à velocidade de ponta do piloto, quer ao carro, um dos melhores e não sendo um "grupo B puro". Aliás, o primeiro Grupo B puro foi o Ford RS200 de Joaquim Santos, que ironicamente, foi o protagonista do tristemente célebre acidente da Lagoa Azul.
E pelo meio, dois títulos nacionais, graças quer à velocidade de ponta do piloto, quer ao carro, um dos melhores e não sendo um "grupo B puro". Aliás, o primeiro Grupo B puro foi o Ford RS200 de Joaquim Santos, que ironicamente, foi o protagonista do tristemente célebre acidente da Lagoa Azul.
O Renault 5 Turbo não teve um final feliz. No Rali dos Açores de 1986, o carro teve um problema e viu-se consumido pelas chamas. No final desse dia, o piloto decidiu abandonar os ralis, pois tinha cumprido o seu dever.
Joaquim Moutinho morreu hoje, aos 67 anos. Estava doente há algum tempo. Assim fecha uma era nos ralis neste retângulo à beira-mar plantado, uma em que coincidiu a minha infância. Ars lunga, vita brevis.
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