sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Youtube Formula 1 Vídeo: A pista onde seria demasiado perigoso os Formula 1 correrem

O GP da Austrália é em Melbourne, e a pista é popular para pilotos, equipas e sobretudo, espectadores. Mas esta não é a melhor pista pra os carros correrem na Austrália: isso pertence a Mount Panorama, uma pista situada na cidade de Bathurst, não muito longe de Sydney, a maior cidade do país, mas não a capital.

Uma pista de seis quilómetros, desafiadora e popular entre os espectadores, a Indianápolis dos Supercars australianos, com a sua corrida de 1000 quilómetros. E no fim de semana de mais um Barthurst 1000, o Josh Revell explica porque é que esta pista é demasiado perigosa para que os carros de Formula 1 possam correr.  

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

A imagem do dia


Esta foto vi nesta quinta-feira no Twitter da Julianne Cerasoli.

E tudo tem uma causa, porque... sejamos honestos, o Monte Fuji - um vulcão que não entra em erupção desde o século 18 - tem 3770 metros e ninguém no seu são juízo, para além do que tem de levar na mochila para uma escalada destas, tem de levar um busto de oito quilos, de quem quer que seja. Mas se é brasileiro e é fã de Ayrton Senna, por ele faz-se tudo que é possível.

A razão disso tudo? Tentar encontrar uma pessoa que está desaparecida da vista de toda a gente há 30 anos.

Desde cedo na sua carreira que Senna queria um fotógrafo que tirasse imagens, não só dos seus feitos em pista, como da sua vida. Quanto mais, melhor. No inicio, no Reino Unido, combinou com Keith Sutton, que na altura também estava no inicio da sua carreira, e juntos, andaram a tirar fotos até ele chegar à Formula 1, em 1984. Contudo, Senna queria um fotógrafo exclusivo, para depois controlar para a imprensa e futuramente, álbuns de fotografias, Sutton foi à sua vida e andou mais uns anos à procura de alguém que encaixasse nos seus critérios. 

Até aparecer Norio Koike. O fotógrafo japonês seguia Senna e a relação começou por alturas do inicio da sua participação na McLaren. Senna chegou até a dar dinheiro para ele comprar as melhores máquinas fotográficas do mercado e em troca, tinha acesso total. Ou seja: vida pública e privada. A esmagadora maioria das suas fotos, muitas das mais icónicas, a partir de 1990, são dele. Todas as fotos dele com a Adriane Galisteu, por exemplo, da sua casa em Angra dos Reis, dele no seu avião particular... são de Koike.

A relação é harmoniosa, até ao dia 1º de maio de 1994, em Imola. Há o acidente, Senna agoniza e morre no final desse dia, e o mundo fica em choque. Depois do funeral, ele entrega as suas máquinas fotográficas à família, ruma ao Japão e desaparece de vista. Até agora. 

Que se pode afirmar com isto? Bom, pode-se louvar este gesto. Toda uma geração cresceu a ver as duas fotos, mesmo não sabendo que foi ele que o seu autor, mas creio que se ele pretende ficar recluso até ao último dos seus dias, tem de se respeitar as suas vontades, não acham?   

Youtube Automotive Vídeo: Os carros do Top Gear

Agora que o Top Gear e o The Grand Tour acabaram, e estamos numa de rescaldo, as pessoas falam dos apresentadores e sobretudo, dos carros. Os programas duraram mais de duas décadas - e o trio Jeremy Clarkson, James May e Richard Hammond não foram os únicos a apresentar - andaram em centenas de carros. 

Ora, esta página, o Corsicar, decidiu pesquisar sobre o destino deles, e descobriu-se que muitos foram para a sucata, e mais alguns estão expostos no espaço que a BBC fez sobre o Top Gear no Museu Nacional do Automóvel, em Beaulieu. E alguns outros estão em mãos de privados... mas nem todos. Alguns carros tiveram destinos mais inesperados.

E é sobre isso que trata este vídeo. 

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

A imagem do dia


Como sabem, ontem meti aqui um post sobre Michael Schumacher e o seu "one-off" na Formula 3000 japonesa, no verão de 1991, um mês antes da sua estreia na Formula 1, no GP da Bélgica, pela Jordan.

Contudo, muitos falaram, na altura em que publiquei este post noutras redes sociais, do irmão Ralf. É que ele também teve uma passagem pela competição nipónica pela mesma equipa que o irmão, e... demorou mais um bocadinho. E teve muito melhores resultados. Com alguns patrocinadores bem interessantes... só no Japão, como costumo afirmar.

Então, a história é assim:

A carreira de Ralf Schumacher, seis anos mais novo que Michael, especialmente a sua passagem pelas categorias de base, andou em paralelo com a ascensão do irmão na Formula 1 até ao seu primeiro título mundial. Mas isso não impediu de olharem para ele como um talento por ele mesmo. Em 1995, tinha ganho a Formula 3 alemã, mais o GP de Macau, e no final dessa temporada, foi aconselhado a ir para o Japão, correr na Formula 3000 local. Já não era o que tinha sido no inicio dessa década, um abrigo para pilotos estrangeiros sem lugar ou dinheiro na Europa, mas havia muita gente a correr por ali, como o espanhol Pedro de la Rosa, o argentino Norberto Fontana e o dinamarquês Tom Kristensen, a par de locais como Toshio Suzuki, "Tora" Takagi, Naoki Hattori e Shinji Nakano.

A equipa escolhida foi a Team LeMans, a mesma onde o irmão correu cinco anos antes. E tinha uma coisa interessante: era patrocinada por uma das bandas de metal mais famosas do país, a X Japan. Existente entre 1977 e 2023, era o equivalente a correres na IndyCar e teres no chassis o patrocínio dos Iron Maiden, Metallica ou Sepultura. O jovem Schumacher, então a caminho dos 21 anos, tinha como seu companheiro de equipa o veterano Hattori, então com 32. 

Mas mesmo assim, adaptou-se rapidamente à competição e ganhou em Mine, a segunda corrida do campeonato, depois de um pódio na sua estreia, em Suzuka. Uma segunda vitória aconteceu na pista de Tokachi, nas vésperas do seu 21º aniversário, e somente em setembro, na segunda passagem por Mine, é que ele triunfou pela terceira vez. Nessa altura, Ralf tinha dois pontos de vantagem sobre Hattori, e ainda faltava a corrida final, em Fuji, a 20 de outubro. 

A corrida aconteceu debaixo de imensa chuva, e foi, claro... uma corrida de sobrevivência. Nem os da frente escaparam. Quando Ralf perdeu o controlo do seu carro e acabou na gravilha, todos julgaram que ele tinha perdido o campeonato a favor de Hattori, porque assim, bastava cortar a meta nos pontos para conquistar o título. Contudo, quando foi passado por outro concorrente, ele despistou-se, tocou nesse carro e acabou na gravilha. O seu gesto de desespero, captados pelas câmaras, dizia tudo.    

E claro, os sorrisos de Schumacher, que assistia já nas boxes, era outro gesto que valia mais que mil palavras. Afinal de contas, também era campeão. Até hoje, Ralf Schumacher é o último "rookie" a conseguir um titulo, e aos 21 anos, é o campeão mais novo na competição. 

E nem precisava desse título: ele já tinha um contrato para ser piloto de Formula 1, pela Jordan, em 1997. Por fim, Eddie Jordan iria ter o seu Schumacher, e iria fazer mais que uma corrida na sua equipa.       

Youtube Automotive Video: O regresso do Twingo... em elétrico

O Twingo é uma das criações mais originais da Renault dos últimos 30 anos, especialmente a primeira geração. Continua a ser produzido - vai na terceira geração - mas na próxima, que está na fase de protótipo, irão regressar ao espirito da primeira, mas adaptado aos nossos tempos. É que este carro será elétrico.

E o regresso deste modelo ao espirito inicial parece ser adequado à marca, que está a lançar modelos que fazem lembrar o passado - e a fazer alguns protótipos nesse sentido, para testar as águas. Parece ser essa a ideia da marca, neste momento. 

Noticias: Marko deseja ter um jovem piloto ao lado de Max


Helmut Marko disse que o desempenho dos pilotos da Racing Bulls em 2025 - ou VCARB, para efeitos publicitários - será determinante para saber quem será o companheiro de equipa de Max Verstappen a partir de 2026. Com Liam Lawson a ser o piloto da equipa até ao final da temporada, no lugar de Daniel Ricciardo, a ideia é saber se ele será melhor que Yuki Tsunoda, que está na equipa desde 2021, para ambos poderem disputar o segundo lugar na Red Bull, que poderá focar vago no final de 2025, com os rumores de retirada da Sérgio Pérez a aparecerem nas últimas semanas. 

“[Max estará] idealmente com alguém do nosso programa júnior [ao lado dele]. A juventude é novamente moda. O que costumávamos fazer, agora está a ser feito pela Mercedes com Antonelli, Haas com Bearman, e também espero que [Franco] Colapinto acabe em algum lugar. Ele foi atirado para a pista [pela Williams] e fez três grandes corridas.”, disse Marko.

Pérez já afirmou várias vezes que pretende ficar na Formula 1 por mais algum tempo e que tem contrato com a Red Bull para além de 2025, mas se mantiver as prestações que tem tido, será difícil manter a posição, especialmente se Liam Lawson voltar a ser competitivo nas últimas corridas do ano.

Caso um dos dois pilotos "suba de divisão", Maro considera pelo menos dois juniores, o franco-argelino Isack Hadjar, que está na Formula 2, ou outro japonês, Ayumu Iwasa, que este ano corre na Super Formula japonesa.

CPR: José Pedro Fontes deseja ganhar no Vidreiro


A missão de José Pedro Fontes e da sua navegadora, Inês Ponte, para este rali Vidreiro, é conquistar uma recordista sexta vitória na prova disputada nas estradas de asfalto da região de Leiria. A dupla do Citroën Racing Team tem profundo conhecimento das estradas onde se realiza a prova do CAMG (Clube Automóvel da Marinha Grande), num rali onde o bicampeão de Portugal de Ralis se sente “em casa”, o lugar mais alto do pódio é o seu grande objetivo, apesar da concorrência forte.

Assim sendo, não tem qualquer problema em afirmar os seus objetivos para o último rali do ano: “Tentar igualar o número recordista de vitórias na prova do Automóvel Clube da Marinha Grande.

Depois, prossegue:

"Queremos terminar a temporada 2024 em alta com um triunfo e a conquista de um lugar no pódio da competição. Tudo faremos para isso, contando com um Citroën C3 Rally2 bem preparado pela Sports&You. Sabemos que os nossos rivais também querem brilhar neste fecho de temporada e, assim, resta-nos dar o nosso melhor, cientes do valor da equipa e de todos os que dela fazem parte. É, para nós, muito importante assegurar um bom resultado neste último do rali do ano, ainda para mais num conjunto de troços que é muito do meu agrado e no qual temos garantido ao longo dos anos diversas classificações de relevo.”, concluiu.

Com nove especiais entre sexta e sábado, 11 e 12 de outubro,  e 110,32 quilómetros de classificativas do evento para percorrer, o centro nevrálgico do rali será em Alcobaça, onde acontecerá uma super-especial no centro da cidade, e a chegada, bem como a entrega de prémios. Para além disso, terá especiais duplas em São Pero de Muel, Pombal e Alfeizerão. 

terça-feira, 8 de outubro de 2024

A imagem do dia




Isto é obscuro. Muito obscuro. Aliás, quando vi esta foto no Twitter, comecei a pensar que já tinha lido isto em algum lado. Se calhar nos jornais automobilísticos que comprava todas as terças-feiras com o dinheiro da semanada que o meu pai dava, no alto dos meus 15 anos... 

Estamos a 28 de julho de 1991, ao autódromo de Sugo, no Japão. Depois da sua performance em Le Mans, onde coloca o seu Sauber-Mercedes na quinta posição, após problemas no inicio da corrida, Michael Schumacher acede ao convite para correr na Formula 3000 japonesa, numa altura em que a competição era uma espécie de exílio dourado para os pilotos que aparentemente, não encontravam um bom lugar na Formula 1, e os ienes eram bem atraentes para os europeus.

A equipa chama-se Team LeMans e ele tinha nas suas mãos um chassis Ralt, com motor Mugen-Honda e pneus Bridgestone. Nunca tinha andado numa corrida de Formula 3000 - não passara dos Formula 3, em 1990, e já corria nos Sport-Protótipos, sendo piloto da Junior Team da Mercedes, ao lado de Karl Wendlinger, Fritz Kreuzpointer e Heinz-Harald Frentzen, e alguns já começavam a afirmar que ele poderia ser o próximo alemão na Formula 1, a par de... Michael Bartels, que tinha conseguido a chance de participar em quatro corridas pela Lotus. 

Schumacher foi correr no circuito de Sugo, do qual pouco ou nada sabia sobre ele. E muitos falaram que aquele chassis Ralt era inferior aos Reynard, por exemplo. Mas independentemente disso, o piloto alemão subiu ao carro - vermelho... - e conseguiu o quarto melhor tempo, na sua primeira corrida naquele tipo de carro e naquela competição. E melhor ainda, durante a corrida, ele fez um calmo, com o objetivo de chegar ao fim. E conseguiu muito bem, com um digno segundo lugar.

Contudo, foi um "one-off". Quatro semanas depois, às pressas, e graças a meio milhão de dólares da Mercedes, arranjou um lugar na Formula 1, pela Jordan, perto da sua casa, em Spa-Francochamps... e o resto é história.     

Rumor do Dia: Todos juntos em 2025?


A Formula 1 poderá estar prestes a decidir fazer uma apresentação conjunta dos seus chassis de 2025 em Londres, na O2 Arena. A razão é simples: seria uma forma de começar as comemorações dos 75 anos da competição.

Quem conta isto hoje é o jornalista João Carlos Costa, com multiplas fontes a confirmar esse rumor. Ele refere que o recinto londrino, que tem 18 mil lugares, possa estar cheio, porque os bilhetes poderão estar disponíveis para os fãs - para provavelmente esgotarem em minutos. A transmissão televisiva aconteceria na F1TV, com transmissão em direto em plataformas como no Youtube. Ainda não se sabe quando acontecerá, mas normalmente as apresentações acontecem em fevereiro, quatro semanas antes da primeira corrida do campeonato. 

A acontecer, será algo bem interessante, certamente diferente das apresentações atuais dos Formula 1, nas sedes das equipas do "Motorsport Valley", na região de Northampton, no centro do Reino Unido.   

CPR: Teodósio quer lutar pela vitória


Na semana do Rali do Vidreiro, a prova final do campeonato, Ricardo Teodósio, o campeão nacional em título, vai estar em Alcobaça, Marinha Grande e Pombal, a lutar pelo triunfo tão ambicionado, prometendo dar tudo para terminar o campeonato com uma vitória, numa temporada em que esteve longe de lutar com Kris Meeke e Armindo Araújo pelas posições de topo. Uma façanha na última prova do campeonato, disputado em asfalto, seria ótimo para ele, navegado por José Teixeira, e baralharia as contas do campeonato.

Chegamos ao fim de uma época onde fomos crescendo, mas onde nunca conseguimos a afirmação total! Nesta última prova queremos muito ganhar. Ganhar por nós, pelos nossos patrocinadores e por todos os amigos e fãs que nunca deixaram de acreditar em nós. Esperamos ver, já na próxima sexta-feira, a nossa curva, no troço de São Pedro de Moel, bem vestida de amarelo e com todos a torcerem pelo #24! Vamos dar tudo para triunfar e fazer a festa com todos!”, afirmou, no comunicado oficial. 

José Teixeira, seu navegador, partilha da opinião do seu piloto, mas revela que podem existir algumas dificuldades. 

Este vai ser um rali com algumas novidades e o troço novo promete ser desafiante. A Power Stage vai ser decisiva e queremos chegar lá com condições de lutar pela vitória. Vamos dar o nosso melhor, como sempre” afirmou.

O centro nevrálgico do rali do Vidreiro será este ano em Alcobaça, com nove especiais entre sexta e sábado, com as grandes novidades uma especial dupla no centro da cidade e uma passagem dupla por Alfeizerão.  

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

A imagem do dia (II)






Há 45 anos, em Watkins Glen, a Formula 1 encerrava a sua temporada com duas coisas: mais uma exibição fantástica de Gilles Villeneuve e um duelo com Alan Jones que acabou... com uma roda solta. 

Os campeonatos já estavam decididos há muito. Jody Scheckter era o campeão, mas as atenções durante todo aquele verão foram os duelos entre Gilles e Jones, especialmente este último, que por fim tinha o Williams FW07 na forma que queria, passando a ganhar corridas, apesar do canadiano já ter uma vantagem quase inalcançável. Aliás, Villeneuve poderia ter ganho o GP dos Países Baixos, se não fosse um furo lento que entregou a corrida a Jones, que pelo meio deu origem a aquele... espetáculo. 

Mas em Watkins Glen, o canadiano deu outro espetáculo. Na realidade, foi na sexta-feira. Debaixo de muita chuva, pegou no carro e conseguiu controlá-lo nos limites. E claro, fez o melhor tempo. Onze segundos mais veloz que o segundo classificado. Todos ficaram de boca aberta! Os jornalistas, para começar. 

Gente como Dennis Jenkinson, que escreveu depois: "Quando o vimos sair rumo à chuva, dissemos: 'Temos de ver isto!' Alguns membros da imprensa, julgando que já viram tudo, nem se dão ao trabalho para assistir quando começa a chover. Mas eu estava num canto à chuva, vendo-o e todos os membros da imprensa estavam comigo a assistir. Queríamos ver isto, e foi mesmo especial. Oh, ele era fantástico, Ele era inacreditável!"

Note-se: "Jenks" era na altura dos veteranos do jornalismo automobilístico, e não era impressionável com qualquer piloto. Era o impacto que Gilles causava.

Contudo, na qualificação de sábado, a seco, os seus Michelins não estavam tão bons como os Goodyear e foi terceiro, atrás do "poleman" Jones e do Brabham de Nelson Piquet. Gilles disse apenas: "Lá vou eu ter de fazer a minha habitual largada". Já em 1979, Gilles tinha a reputação de ser o melhor largador do pelotão da Formula 1...  

E foi o que aconteceu. Passou Piquet nos primeiros metros, e ficou ao lado de Jones na primeira curva, e o passou, mesmo colocando duas das rodas fora de pista. E depois foi embora, aproveitando o asfalto molhado, por causa da chuva que tinha caído algum tempo antes. Foi assim nas 31 voltas seguintes, até que o asfalto começou a secar, e era altura de trocar para slicks. Gilles foi o primeiro a parar, mas perdeu quase 30 segundos, vendo Jones passar para o comando. Mas quando na volta 36, foi a altura do australiano, também perderam muito tempo, e na ânsia de acabarem tudo antes de Gilles passar pela frente, largaram-no esquecendo-se de apertar a porca da roda traseira direita. Resultado? 500 metros depois, a roda soltou-se e a corrida de Jones acabou ali. 

Sem oponentes, acabou com 48 segundos sobre o segundo classificado, o Renault de René Arnoux, naquela que foi a sua terceira vitória da temporada, quarta da sua carreira. 

Quanto a duelos com o australiano, por incrível que pareça, só aconteceu mais um depois daquela tarde americana: foi em 1981, na Áustria, com Gilles a fazer "a sua habitual largada" e a ficar na frente da corrida, até falhar a travagem na primeira chicane, algumas voltas depois...  

A imagem do dia


Ezio Zermiani é um nome incontornável no jornalismo italiano. E não falo só da Formula 1 ou do desporto em geral. Ele foi uma personagem que os italianos conheceram nos ecrãs da RAI por mais de duas décadas, como repórter de pista, complemento de Mário Poltronieri, o narrador durante as corridas. 

Atualmente com 83 anos, Zermiani decidiu homenagear Andrea De Cesaris, na altura em que passaram 10 anos da sua morte, este sábado. E o testemunho sobre este momento que vemos na fotografia, apareceu neste fim de semana no site Formulapassion.it, e é, claro, impagável de se ler, porque o próprio jornalista foi uma figura no paddock nos anos 80 e 90. Certo dia, Nelson Piquet lhe perguntou se já tinha netos, porque (isto foi em 1986), com a idade que tinha, já tinha cabelos brancos em profusão...

Eis a história:

"Andrea, no México, fica sem gasolina a 150 metros da meta. Ele salta fora do carro, eu vou logo para dentro, sem que ninguém me tire dali - isto é o que era a segurança na altura, imagina naquele país... - e eu decido fazer uma entrevista enquanto ele empurra o carro para a meta. 

O que é giro é que ele olha para mim - atenção, a Andrea era uma pessoa com um grande físico, e aquela reta também era uma subida muito leve - ele para por momentos e diz, ofegante, no seu querido sotaque romano: 'Mas em vez de me perguntares todas estas tretas, porque é que não se sujas também?'

O próprio Andrea teria ficado em quarto lugar nesse Grande Prémio, mesmo que não tivesse cruzado a meta, mas não se estava a importar com o regulamento, a competição estava-lhe no sangue."

Mas isto nem tinha sido a primeira ocasião onde Zermiani teve estas iniciativas. Meses antes, em setembro de 1990, em Monza, Derek Warwick tinha batido forte nos guard-rails no final da primeira volta, levando à interrupção da corrida. O britânico, saindo incólume do carro, correu, ainda com a adrenalina no topo, para as boxes, rumo ao carro de reserva, do qual entrou de imediato. Mas no caminho para as boxes, uma pessoa o acompanhava, de microfone na mão, perguntando se estava bem: era o próprio Zermiani!

domingo, 6 de outubro de 2024

A imagem do dia (II)



Se estivesse vivo, José Carlos Pace faria 80 anos neste domingo. Durante toda a sua carreira na Formula 1, a data de aniversário calhava quase sempre com o GP americano, a última corrida do campeonato, em Watkins Glen. E há precisamente 50 anos, no dia em que comemorava o seu 30º aniversário, conseguiu algo que, se calhar, não esperava conseguir no inicio da temporada: um pódio. 

De uma certa maneira, naquela tarde que viu o seu compatriota Emerson Fittipaldi alcançar o seu segundo título mundial, o pódio que tinha alcançado não era só um motivo de festa natalício, como também era o final (quase) perfeito de uma temporada com altos e muitos baixos. 

Depois de uma temporada de 1973 onde, ao serviço da Surtees, conseguiu o seu primeiro pódio da sua carreira e alguns feitos de nota, como duas voltas mais rápidas, especialmente no temido Nurburgring Nordschleife. 

Mas as coisas no inicio de 1974 não correram bem. Apesar de ter conseguido um quarto lugar em Interlagos, no GP do Brasil, ele não pontuou mais corrida alguma, e as suas relações com John Surtees, o seu patrão, se degradaram, ao ponto de, antes do GP de França, ter saído da equipa. Em Dijon, inscreveu-se na Goldie Hexagon Racing, que usava Brabhams BT42 como cliente. Apesar de não se ter qualificado - 24º numa grelha onde apenas 22 carros alinharam - ficou na frente do Brabham oficial de Rikky van Opel. Isso foi o suficiente para a partir do GP da Grã-Bretanha, o piloto brasileiro começar a correr pela equipa oficial.

A adaptação foi lenta. Nono em Brands Hatch, depois de partir de vigésimo, lentamente começou a dar-se melhor com o carro, ao ponto de, na qualificação do GP de Itália, conseguir o terceiro melhor tempo, entre o carro oficial de Carlos Reutemann e o da Goldie Hexagon, de John Watson. Contudo, isso não se refletiu na corrida, com apenas um carro a pontuar... e foi o de Pace, quinto, na frente de Watson, que foi sétimo, e nesses tempos, era o primeiro a ficar de fora. Mas pelo caminho, conseguiu o primeiro feito na equipa oficial, ao conseguir a volta mais rápida.

Em Watkins Glen, Pace conseguiu outro bom lugar na grelha. Aliás, os Brabham decidiram intrometer-se na luta pelo título, com Reutemann a fazer a pole-position e Pace a ser quarto, entre o Parnelli de Mário Andretti, o Ferrari de Niki Lauda e o Tyrrell de Jody Scheckter. E na partida, Pace ficou com o terceiro posto, apenas atrás de Reutemann e do Hesketh de James Hunt. Aproveitando bem os problemas dos Ferraris e a desistência de Jody Scheckter - tudo beneficiando o seu compatriota Fittipaldi - Pace sempre em terceiro, teve um grande ritmo e acabou com a volta mais rápida. 

Na parte final, quando sentiu que James Hunt lutava contra uns travões em degradação, pressionou no sentido de ele cometer um erro e aproveitar. Foi o que aconteceu a quarto voltas do fim, conseguindo a primeira dobradinha da Brabham no tempo de Bernie Ecclestone e Gordon Murray

Depois, contou uma história: nas vésperas da corrida, teve um sonho estranho. Aparentemente, o seu falecido pai tinha-lhe dito para modificar o desenho do seu capacete, que tinha uma seta amarela apontada para os dois lados, sob um fundo preto. Mudou a seta na parte de cima, raspando a pintura com uma lâmina, esperando para ver o que isso daria. Como acabou numa corrida quase perfeita, a modificação ficou assim até ao final da sua carreira.   

Pace celebrou este aniversário com uma prenda quase perfeita. Não ganhou, mas foi ao pódio, ficou com a volta mais rápida e ainda viu o seu compatriota ser campeão. Mas, como no ano anterior, o seu aniversário ficou manchado por um acidente mortal. 

A imagem do dia




Ser austríaco e ser piloto de automóveis é um negócio no qual os pilotos estão por sua própria conta a risco. E no caso de Helmuth Koinigg, é algo que perseguiu desde a sua juventude. Nascido em Viena, a 3 de novembro de 1948, comprou o seu primeiro carro, um Mini Cooper, a outro jovem, chamado Niki Lauda. E nos anos seguintes, ele se tornou num piloto competente, acabando por ganhar o campeonato Europeu de Formula Vê, em 1973, e correr na Endurance, fazendo pelo menos duas edições das 24 Horas de Le Mans e participando com um BMW Alpina em edições dos 1000 m de Nurburgring.    

A Surtees em 1974 era uma manta de retalhos. O seu carro, o TS16, não era um grande bólido, e o seu piloto principal, José Carlos Pace, tinha saído da equipa a meio da temporada, depois do GP da Suécia e no seu lugar, tinha entrado uma manta de retalhos. Para piorar as coisas, o seu segundo piloto, o alemão Jochen Mass, também tinha saído depois do GP da Alemanha. Assim sendo, a cada corrida, havia pilotos a entrarem e a saírem. Derek Bell tinha entrado na segunda parte, mas acumulava não-qualificações, e a temporada acabou com o francês José Dolhem, que - não se sabia na altura - era meio-irmão de Didier Pironi, então a correr nas categorias de base.

Koinigg surge para correr na temporada americana. Tinha-se estreado na sua Áustria natal, num Brabham BT42 da Scueria Finotto. Não conseguiu qualificar-se, mas a chance de correr oficialmente numa equipa do pelotão seria ótimo para a sua evolução como piloto. E em Mosport, numa qualificação onde de 22º, chegou a décimo, tinha deixado uma impressão que a equipa começaria a vê-lo como uma possibilidade de correr para eles, oficialmente, na temporada de 1975.

Koinigg conseguiu qualificar-se, mais uma vez, no fundo da grelha, mas teve melhor sorte que outros, como Jean-Pierre Beltoise, que bateu e não conseguiu prosseguir. Com todos os olhos no duelo entre Emerson Fittipaldi e Clay Regazzoni, com Jody Scheckter à espreita, caso ambos colidissem, os americanos queriam saber da sorte desses, mais os seus pilotos, Mark Donohue e Mário Andretti. O resto era para compor a pista, que naquele dia de outono tinha 150 mil espectadores espalhados à sua volta. 

E se calhar, alguns se lembravam que precisamente um ano antes, Francois Cevért tinha tido o seu acidente mortal. 

A corrida foi sem grande história até à nona volta, quando numa curva lenta, o Surtees foi em frente e bateu nos guard-rails. Como tinha acontecido com Peter Revson, em março, em Kyalami, o carro passou por baixo da proteção e andou mais um bocado, porque aquilo não absorveu totalmente o choque. Quando o socorro chegou, descobriram, com horror, que o piloto tinha tido morte imediata, porque encontraram o seu capacete separado do seu corpo. Como Cevért, mas numa outra curva. Koinigg tinha 25 anos, e estava na sua terceira corrida. 

Depois descobriu-se a causa do acidente: uma quebra na suspensão do TS16. Definitivamente, aquele não era um bom carro. Mas essa não foi a única causa daquele acidente fatal. É que á aquela velocidade de colisão, ele teria sobrevivido sem grandes ferimentos. Mas como aqueles guard-rails foram mal colocados no solo, ele se rompeu no ponto de menor resistência e independentemente da velocidade de impacto, foi suficientemente forte para causar os estragos que causou. 

Interessantemente, uma nota final: Niki Lauda, seu compatriota e conhecido no meio, por causa dos negócios que tinha feito com Koinigg, já era piloto da Ferrari em 1974, e quando parou nas boxes na volta 38 por causa de um problema com amortecedor, soube da morte dele e decidiu ali mesmo que o seu dia tinha terminado.      

Youtube Automotiva Vídeo: A sucateira de Rudi Klein, em Los Angeles

Los Angeles tem, como todas as cidades do mundo, sucateiras. Mas, de muitas existentes naquela cidade californiana, havia uma que guardava, desde 1967, carros raros. E para apimentar as coisas, existia uma aura de mistério nela. Alimentada por conversas entre os adeptos, a sucateira de Rudi Klein, um alemão que foi viver para os Estados Unidos poucos anos depois da II Guerra Mundial, albergava, aparentemente, milhares de carros exóticos europeus, usados por gente rica, famosa, poderosa... e aquela que adorava dar nas vistas. 

Klein comprou-os das seguradoras, porque estes carros tinham sofrido acidentes sérios. Como era alemão, comprava Mercedes e Porsches, mas com o tempo, adquiriu outras marcas, como Aston Martin, Ferrari, Lamborghini, Maserati e outros.

Klein morreu em 2001, e os herdeiros mantiveram os desejos do seu pai, mantendo isto longe de olhares públicos, até que decidiram leiloar o recinto e o seu conteúdo. Afinal de contas, existem muitos carros raros, senão únicos, dos quais muitos deram algumas centenas de milhares de dólares para ter alguns desses exemplares e restaurá-los. Mas também, pela sua remota localização, é um autêntico "parque temático" para os fanáticos dos automóveis, especialmente os supercarros. 

E quem foi lá por estes dias gravar um vídeo foi Magnus Walker, o famoso preparador de Porsches 911, que fez uma visita guiada a essa sucateira que, como se costuma afirmar, "a sucateira de um é o tesouro de outro".