quarta-feira, 4 de julho de 2007

Bolides memoráveis - Renault RS01 (1977)

Na semana do Grande Prémio de Inglaterra, seria óptimo lembrar de um carro que abriu uma nova era na Fórmula 1, faz no próximo dia 15 de Julho os seus 30 anos: o Renault RS01, o primeiro carro com motor Turbo.


Numa altura em que os motores Ford Cosworth V8 de 3 litros dominavam o panorama da categoria máxima do automobilismo (excepto os Ferrari V12, os Matra V12 e os BRM V12), a aparição de um motor Turbo de 1,5 litros foi uma lufada de ar fresco, mas não era algo totalmente inesperado, por duas ordens de razões: primeiro, quando em 1966, os regulamentos foram alterados para permitir os motores de 3 litros, havia uma cláusula que permitia o aparecimento dos motores turbo-comprimidos de litro e meio.


Segundo, esta era uma altura de inovação, onde no ano anterior tinha aparecido um conceito que iria marcar a Formula 1: o Tyrrell P34 de seis rodas. Em 1977 aparece o Lotus 78, o primeiro carro que usava o efeito-solo, algo que Mário Andretti descreveu o conceito como “um carro que parecia estar pintado na estrada”.


Em 1973, a Renault decide voltar às pistas de corrida, quase 70 anos depois de ter ganho o primeiro Grand Prix da história, em Le Mans, por intermédio do húngaro naturalizado francês Frernc Szisz. O objectivo inicial eram os Sport-Protótipos, e mais concretamente as 24 Horas de Le Mans, mas no final de 1975 começa a planear a sua entrada na Formula 1. Como na altura usavam motores turbo-comprimidos nos seus carros de Sport, aproveitaram o regulamento para fazer um motor Turbo de 1,5 litros.

Ao longo de 1976, o seu piloto de testes, o francês Jean-Pierre Jabouille, fez milhares de quilómetros nas pistas francesas de Dijon e Paul Ricard. Era um projecto francês: o apoio da petrolífera Elf e da Michelin, que iria usar uma nova tecnologia – os pneus radiais.

No início de 1977, decidiram avançar com o projecto, no sentido de se estrearem na Formula 1 ainda naquele ano, com Jabouille ao volante. O carro estava pronto no fim-de-semana de 15 de Julho de 1977, no Grande Prémio da Grã-Bretanha. Quando este surgiu, os britânicos apelidaram-no de “Yellow Teapot” (Chaleira Fumegante) devido ao facto do seu motor explodir constantemente, demonstrando um dos seus pontos fracos: a fiabilidade. Nos treinos para a corrida, ficou em 21º na grelha, e desistiu na volta 16 devido a um problema com o Turbo. Não acabou nenhuma das provas da restante época.


Em 1978, o RS01 continuou a ser desenvolvido, mas a fiabilidade era má. Somente no Mónaco, na oitava prova que ele participava, é que chegou ao fim, num 10º lugar, mas chegou! No final do ano, consegue em quarto lugar em Watkins Glen, a primeira vez que um carro com motor Turbo terminava nos pontos.

Entretanto, a Renault Sport tinha alcançado o seu objectivo: ganhar as 24 Horas de Le Mans daquele ano, através dos franceses Didier Pironi e Jean-Pierre Jassoud. Passaram então todo o seu investimento e recursos para a equipa de Formula 1.

Em 1979, decidiram incluir outro piloto na equipa: René Arnoux. E o RS01 consegue uma proeza inimaginável meses antes: a pole-position. A razão explica-se de um modo simples: devido ao facto de Kyalami se situar a mais de 1200 metros de altitude, em altitudes onde o oxigénio era rarefeito, os motores turbo conseguiam ser mais eficazes do que os Cosworth aspirados. Jabouille fez uma boa corrida até o seu motor explodir, na volta 41.

Poucos meses depois, a 1 de Julho, os Renault fizeram história, ao serem o primeiro carro com motor Turbo a ganhar na Formula 1. Mas então já era o seu novo modelo, o RS10, a mostrar cartas, e só Arnoux falhou a dobradinha porque um certo senhor canadiano não deixou…

Contudo, o RS01 já tinha a sua marca na história. Pouco mais de três anos depois da sua última corrida, a maior parte dos carros do pelotão da Formula 1 usavam motores Turbo, numa era que durou até 1988, altura em que a FISA decidiu bani-los da Formula 1 até aos dias de hoje. Mas aquela chaleira amarela significa um marco na Formula 1, tão forte como os famosos modelos da Lotus, Ferrari ou McLaren… e a marca francesa tem hoje o seu lugar cativo na Formula 1 como uma das grandes equipas de sempre.


A fonte: o seu a seu dono! para além da abençoada Wikipedia, tenho também como fonte o Sr. José António, o Quatro Rodinhas (espero que já tenham feito uma visitinha!), que neste link mostra o carro que mudou o panorama da Formula 1 há 30 anos atrás!

5 comentários:

  1. Estes Renault's, mesmo que tivessem sido um fiasco ficavam na memoria com a disputa Arnoux vs Gilles... para mim a unica que não teve vencedor...

    Abraço

    Sakki @ f1portugal.com

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  2. Belo post! Esse Renault era revolucionário e tinha uma pintura linda! Pena que a equipe atual não vá reproduzí-la no G.P. da Inglaterra...

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  3. Cada Renault lindo...
    Speeder, desculpa a ausência...estava sem tempo...as coisas dos site estão meio paradas por falta de tempo...tivemos de adiar...
    Abraços, e retomamos tudo logo que passarem as provas do Maciel na faculdade.

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  4. Bom dia.
    Agradeço a referencia que faz ao meu blog mas o seu texto nada deve ao meu. O seu texto está muito bom e mais completo que o meu. A sua pesquisa foi mais completa.

    Realmente é uma pena que a Renault não utilize essa pintura para comemorar os 30 anos do RS01.

    Cumprimentos
    José

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  5. Olá Speeder... Queria parabênizá-lo pelo seu site mais uma vez. Pode ser que haja algo mais completo que você na internet. Porem ainda não vi nada parecido com o seu. Seu trabalho de pesquisa é formidável. Sou apaixonado pela Renault, desde quando comecei a trabalhar com os lubrificantes Elf. Porém você contou com detalhes o trabalho da Renault até mesmo antes de chegar a Fórmula 1. Parabéns. Estou recomendando seu blog no meu. Um grande abraço e muita sorte. www.saviomachado.blogspot.com

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...