segunda-feira, 7 de maio de 2007

Gilles Villeneuve, 25 anos depois - A Biografia

“Eu sei que nenhum ser humano pode operar milagres, mas Gilles nos surpreende às vezes”. Jacques Laffite, acerca de Gilles Villeneuve.


Dia 8 fará 25 anos que ele se foi. Para muitos de nós, foi provavelmente o piloto mais espectacular que a Formula 1 viu em toda a sua história. Correu pela mesma equipa em todos os Grandes Prémios, menos um. Foi veloz, guiava nos limites (e ultrapassava-os), foi combativo, mas leal, e não teve inimigos. Hoje em dia, os "tiffosi" ainda se lembram dele, tanto que lhe dedicaram uma estátua. E só ganhou seis corridas!


A biografia que vêm a seguir, não foi escrita por mim, mas sim pela brasileira Viviane, da F1 Girls (www.f1girlsonline.com) Por ser mulher, talvez tenha sido escrito com outra sensibilidade, se calhar... mas está bem feito. Passo-lhe a palavra.


"Quando a Ferrari de Gilles Villeneuve atingiu a March de Jochen Mass, em 8 de maio de 1982, a Fórmula 1 perdeu um de seus maiores astros. E ganhou um mito.


Joseph Gilles Henri Villeneuve nasceu na pequena cidade de Richelieu, na província francesa do Québec, Canadá, em 18 de janeiro de 1950, e cresceu na cidade vizinha de Berthierville. Filho de um afinador de pianos e de uma dona de casa, desde muito cedo se interessou por esportes de velocidade, começando a carreira em corridas de snowmobile. O orçamento familiar apertado foi determinante na carreira do jovem piloto, que se profissionalizou ainda adolescente; o sucesso rápido lhe permitiu viver exclusivamente do esporte.



Gilles começou a disputar provas de automobilismo na categoria drag-racing e competia com seu próprio carro, um Ford Mustang 1967 modificado por ele mesmo. Pouco depois, matriculou-se na tradicional escola de pilotos de Jim Russell, em Mont-Tremblant, onde conseguiu sua licença. Logo estava competindo na Fórmula Ford local, onde teve uma bem sucedida temporada, vencendo sete das dez corridas de que participou – novamente, com seu próprio carro. O próximo passo foi a Fórmula Atlantic (disputada nos Estados Unidos e no Canadá), onde permaneceu por quatro anos. Gilles venceu a primeira prova da categoria em 1975, no Gimli Motorsport Park, debaixo de uma chuva torrencial (ele ficaria famoso por não diminuir a velocidade na chuva, para espanto dos outros pilotos). Em 1976, só não venceu uma entre todas as corridas que disputou, e levou os títulos canadense e americano da categoria.


Aos 20 anos, casou-se com Joanne Barthes e o casal teve dois filhos: Jacques (que mais tarde não só seguiria os passos do pai como iria além ao entrar na Fórmula 1 e conquistar o título da categoria) e Melanie, que se tornou musicista. A família viajava com Gilles em um motorhome no início da carreira profissional de Gilles e o hábito permaneceu quando ele foi disputar a Fórmula 1.

A McLaren levou Gilles para a F1 em 1977 – ele disputou o GP da Grã-Bretanha, pagando pelo lugar na equipe com o dinheiro que conseguiu vendendo sua casa; largou em nono e chegou em décimo primeiro. Mas foi a Ferrari quem o contratou, depois de apenas cinco temporadas como profissional, e foi para a equipe italiana que o canadense pilotou durante toda sua carreira na categoria. Depois de ter sido dispensado pela McLaren após sua corrida de estréia, Villeneuve se encontrou com Enzo Ferrari, o todo-poderoso da escuderia de Maranello, que se impressionou com a determinação de Gilles.

Ainda em 1977, ele ocuparia o lugar deixado por Niki Lauda após conquistar o bicampeonato e estreou no GP do Canadá, mas abandonou a prova. Em sua segunda corrida, no Japão, tentando ultrapassar a Tyrrell de Ronnie Peterson, Gilles perdeu o controle do carro, tocou rodas com o sueco e a Ferrari levantou vôo. O carro aterrissou sobre dois espectadores que assistiam a prova em lugar proibido e ambos morreram.


Por causa da idade considerada avançada para estrear na F1 – Gilles estava com 27 anos – o piloto costumava dizer que tinha nascido em 1952. Logo depois de assinar o contrato com a Ferrari, Gilles declarou: “Se alguém me dissesse que eu poderia ter três desejos atendidos, o primeiro seria entrar no automobilismo, o segundo chegar à Fórmula 1, e o terceiro pilotar pela Ferrari”.

A primeira vitória viria em casa, no GP disputado em Montreal, no circuito que hoje leva seu nome. As grandes atuações do canadense, contudo, nem sempre o levaram ao alto do pódio; ele será sempre lembrado pela disputa pelo segundo lugar no GP da França de 1979, em Dijon, com o francês René Arnoux. Os dois brigaram pela posição durante as três últimas voltas, no que alguns jornalistas depois descreveram como “um desafio às normas de segurança”. Villeneuve, que conseguiu impedir que Arnoux o ultrapassasse na última curva, disse apenas que tinha sido divertido.


No GP da Holanda, em Zandvoort, no mesmo ano, o pneu esquerdo traseiro da Ferrari do canadense estourou e o carro saiu da pista, mas Villeneuve voltou e levou o carro aos boxes em três rodas, com faíscas e pedaços de borracha voando para todos os lados. Os mecânicos tiveram que persuadir o piloto que a suspensão estava arruinada, porque ele insistia em voltar à corrida.


Mas talvez a prova mais famosa de Gilles Villeneuve tenha sido o GP do Canadá de 1981, quando, sob uma tempestade, o piloto danificou seu aerofólio dianteiro, que entortou. Villeneuve ignorou o risco de receber uma bandeira preta e pilotou várias voltas com a visão obscurecida pelo aerofólio, que terminou caindo; ele não voltou aos boxes para colocar um novo e chegou em terceiro, sem o auxílio aerodinâmico do equipamento.


Para um piloto reconhecidamente genial, os números da carreira de Gilles Villeneuve na F1 não parecem impressionantes: foram 68 GPs, duas pole positions, seis vitórias (Canadá 1978, África do Sul 1979, Estados Unidos Oeste 1979, Estados Unidos Leste 1979, Mônaco 1981 e Espanha 1981). Mas era o mais popular e carismático piloto em atividade em 1982, e considerado por todos como franco favorito, com um carro potencialmente vencedor projetado por Harvey Postlethwaite. Contudo, o destino seria cruel com o canadense conhecido até hoje como "O Príncipe".


No GP de San Marino (de 1982), apesar de um acordo estabelecido entre ele e seu companheiro de equipe, Didier Pironi, segundo o qual não haveria disputa de posição entre os dois, o francês ultrapassou Villeneuve na última volta, em um ponto após o qual uma recuperação seria impossível. Gilles se sentiu traído e nunca mais dirigiu a palavra a Pironi.
Em 8 de maio daquele ano, nos treinos para o GP da Bélgica, em Zolder, Villeneuve tentava bater o tempo do companheiro de equipe quando, após uma curva, encontrou a March de Jochen Mass em desaceleração. Gilles tentou desviar, mas tocou seu pneu dianteiro no pneu traseiro da March. A Ferrari decolou a mais de 250 km/h, capotou e Gilles foi arremessado contra a grade de proteção do circuito, quebrando o pescoço.


Vinte e cinco anos após sua morte, Gilles Villeneuve continua a ser um mito do automobilismo. Outro mito do esporte, o brasileiro Ayrton Senna, confessou certa vez que costumava assistir ao GP do Brasil em Interlagos, por detrás da cerca de arame, só pra ver o canadense pilotando. No Canadá, além do circuito que leva seu nome, na sua Québec natal, existe um museu dedicado à família Villeneuve em Berthierville. Há um busto em bronze de Gilles na entrada da pista de testes da Ferrari e uma curva no circuito de Ímola foi batizada com o nome do piloto. Villeneuve está no Hall da Fama do esporte no Canadá e existe um selo postal com sua foto em seu país."

1 comentário:

Unknown disse...

O maior dos maiores.
Dopo la tragedia ti ricordiammo cosi, Gilles.