Hoje recuo um pouco mais no tempo, para falar de um piloto óptimo, que dedicou a sua vida automobilística a uma equipa, mas a pressão e a angústia devida a essa pressão teve um desfecho trágico. Falo de Lorenzo Bandini, agora que se comemoram os 40 anos da sua morte.
Bandini nasceu quatro dias antes do Natal de 1935 na Líbia, então colónia italiana. Veio para a Itália aos três anos e doze anos depois começa a sua carreira a bordo de um Fiat 1100, participando na Mille Miglia daquele ano, ganhando uma das categorias a bordo de um Lancia Appia Zagato. Logo a seguir, correu em carros de Formula Júnior até ao ano de 1961, altura em que estreia na Formula 1 a bordo um Cooper da Scuderia Centro-Sud. Não pontuou nesse ano, mas numa das corridas extra-campeonato, terminou em terceiro lugar. Isso foi o suficiente para ser visto por Enzo Ferrari, que o contratou para correr nos seus carros. Iria ser a sua casa para o resto da vida.
Em 1962, dá nas vistas ao acabar em terceiro no difícil GP do Mónaco. Vai ser o seu único resultado de relevo nesse ano na Formula 1. Os 4 pontos dão-lhe o 12º posto na classificação geral. Nos Sport-Protótipos, acaba em segundo lugar a Targa Florio, tendo como companheiro de equipa o seu compatriota Ludovico Scarfiotti (1936 – 1968).
Em 1963, volta para a Scuderia Centro-Sud, de Mimmo Dei, mas é uma estadia breve. Enzo Ferrari volta a chamá-lo, desta vez para as 24 Horas de Le Mans, a bordo do modelo 250P, de novo com Ludovico Scarfiotti. Vencem a corrida, com 16 voltas de avanço sobre o outro Ferrari de Jean Blanton. Na Targa Florio, repetem o segundo lugar do ano anterior. Na Formula 1, Bandini leva para casa três quintos lugares, dando-lhe a 10ª posição final, com 6 pontos.
O ano de 1964 vai ser o seu melhor ano na Formula 1, apesar do seu mau começo. Só começa a pontuar a meio da temporada, no GP de Inglaterra, mas a partir daí, os bons resultados aparecem em catadupa: vence em Zeltweg, na Áustria, o seu único GP, e acaba em terceiro em Monza e na Cidade do México. No final da época, Bandini tem 23 pontos, que lhe dão um quarto lugar na classificação final.
Em 1965, começa a época com um segundo lugar no Mónaco, mas vai ser o seu único pódio do ano. Noutras latutudes, vai ter melhor sorte: depois de dois segundos lugares, vence finalmente a Targa Florio, desta vez acompanhado do seu compatriota Nino Vacarella. No campeonato, Bandini colecciona 13 pontos, que lhe dão um sexto lugar na classificação final.
Em 1966, as coisas modificam-se um pouco: o inglês John Surtees sai da equipa, e Bandini torna-se no piloto principal. Isso acrescenta ainda maior responsabilidade nos seus ombros. Mas não é por isso que continua a acumular bons resultados: é segundo no Mónaco, terceiro em Spa, fazendo as voltas mais rápidas nessas corridas, faz a pole em França, tudo isso são bons resultados para ele. Mas a vitória em casa, esse, foi para o seu campanheiro Ludovico Scarfiotti. Os 12 pontos que conquistou deram-lhe o nono lugar na geral.
Chegados a 1967, verifica-se que a Ferrari está numa situação crítica: os seus carros de Le Mans tinham sido batidos pelos Ford GT 40, já não era campeã do mundo de Formula 1 há mais de dois anos, e a pressão interna era grande, especialmente num Bandini que, em termos mentais, não era dos melhores. Scarfiotti, um “gentlemen driver” de origens aristocráticas, era um dos sobrinhos de Giovanni Agnelli, o patrão da Fiat, e estava em alta. Para alguém vindo da classe trabalhadora, órfão de pai (um “partigani” fuzilado na II Guerra Mundial), isso começava a afectar-lhe a moral…
Mas o ano começava bem. Vencera as 24 Horas de Daytona, e os 1000 Km de Monza, com o neo-zelandês Chris Amon ao seu lado no modelo 330 P4 da marca, e tudo parecia estar a correr bem. A 7 de Maio de 1967, no Mónaco, Bandini partia para o seu primeiro GP do ano, no Mónaco, confiante num bom resultado.
As coisas corriam-lhe bem. Parte no comando da corrida, mas um despiste causado pelo óleo do Brabham do seu fundador, Jack Brabham, faz com que caia para a terceira posição, atrás de Stewart e do neo-zelandês Dennis Hulme (1934-1992). Cedo desembaraça-se do escocês, mas não apanha Hulme. As coisas continuam assim até à volta 82, altura em que, prejudicado pelas dobragens a Pedro Rodriguez (1940-1971) e Graham Hill (1929-1975), não consegue ganhar terreno a Hulme. Na chicane do porto, o carro de Bandini passa depressa demais e bate nos fardos de palha, incendiando-se. Três pessoas tentam apagar o fogo, entre eles, Giancarlo Baghetti, e quando o conseguem, descobrem que Bandini tem queimaduras em 60 por cento do corpo. 72 horas mais tarde, a 10 de Maio, Bandini está morto. Tinha 31 anos.
Bandini nasceu quatro dias antes do Natal de 1935 na Líbia, então colónia italiana. Veio para a Itália aos três anos e doze anos depois começa a sua carreira a bordo de um Fiat 1100, participando na Mille Miglia daquele ano, ganhando uma das categorias a bordo de um Lancia Appia Zagato. Logo a seguir, correu em carros de Formula Júnior até ao ano de 1961, altura em que estreia na Formula 1 a bordo um Cooper da Scuderia Centro-Sud. Não pontuou nesse ano, mas numa das corridas extra-campeonato, terminou em terceiro lugar. Isso foi o suficiente para ser visto por Enzo Ferrari, que o contratou para correr nos seus carros. Iria ser a sua casa para o resto da vida.
Em 1962, dá nas vistas ao acabar em terceiro no difícil GP do Mónaco. Vai ser o seu único resultado de relevo nesse ano na Formula 1. Os 4 pontos dão-lhe o 12º posto na classificação geral. Nos Sport-Protótipos, acaba em segundo lugar a Targa Florio, tendo como companheiro de equipa o seu compatriota Ludovico Scarfiotti (1936 – 1968).
Em 1963, volta para a Scuderia Centro-Sud, de Mimmo Dei, mas é uma estadia breve. Enzo Ferrari volta a chamá-lo, desta vez para as 24 Horas de Le Mans, a bordo do modelo 250P, de novo com Ludovico Scarfiotti. Vencem a corrida, com 16 voltas de avanço sobre o outro Ferrari de Jean Blanton. Na Targa Florio, repetem o segundo lugar do ano anterior. Na Formula 1, Bandini leva para casa três quintos lugares, dando-lhe a 10ª posição final, com 6 pontos.
O ano de 1964 vai ser o seu melhor ano na Formula 1, apesar do seu mau começo. Só começa a pontuar a meio da temporada, no GP de Inglaterra, mas a partir daí, os bons resultados aparecem em catadupa: vence em Zeltweg, na Áustria, o seu único GP, e acaba em terceiro em Monza e na Cidade do México. No final da época, Bandini tem 23 pontos, que lhe dão um quarto lugar na classificação final.
Em 1965, começa a época com um segundo lugar no Mónaco, mas vai ser o seu único pódio do ano. Noutras latutudes, vai ter melhor sorte: depois de dois segundos lugares, vence finalmente a Targa Florio, desta vez acompanhado do seu compatriota Nino Vacarella. No campeonato, Bandini colecciona 13 pontos, que lhe dão um sexto lugar na classificação final.
Em 1966, as coisas modificam-se um pouco: o inglês John Surtees sai da equipa, e Bandini torna-se no piloto principal. Isso acrescenta ainda maior responsabilidade nos seus ombros. Mas não é por isso que continua a acumular bons resultados: é segundo no Mónaco, terceiro em Spa, fazendo as voltas mais rápidas nessas corridas, faz a pole em França, tudo isso são bons resultados para ele. Mas a vitória em casa, esse, foi para o seu campanheiro Ludovico Scarfiotti. Os 12 pontos que conquistou deram-lhe o nono lugar na geral.
Chegados a 1967, verifica-se que a Ferrari está numa situação crítica: os seus carros de Le Mans tinham sido batidos pelos Ford GT 40, já não era campeã do mundo de Formula 1 há mais de dois anos, e a pressão interna era grande, especialmente num Bandini que, em termos mentais, não era dos melhores. Scarfiotti, um “gentlemen driver” de origens aristocráticas, era um dos sobrinhos de Giovanni Agnelli, o patrão da Fiat, e estava em alta. Para alguém vindo da classe trabalhadora, órfão de pai (um “partigani” fuzilado na II Guerra Mundial), isso começava a afectar-lhe a moral…
Mas o ano começava bem. Vencera as 24 Horas de Daytona, e os 1000 Km de Monza, com o neo-zelandês Chris Amon ao seu lado no modelo 330 P4 da marca, e tudo parecia estar a correr bem. A 7 de Maio de 1967, no Mónaco, Bandini partia para o seu primeiro GP do ano, no Mónaco, confiante num bom resultado.
As coisas corriam-lhe bem. Parte no comando da corrida, mas um despiste causado pelo óleo do Brabham do seu fundador, Jack Brabham, faz com que caia para a terceira posição, atrás de Stewart e do neo-zelandês Dennis Hulme (1934-1992). Cedo desembaraça-se do escocês, mas não apanha Hulme. As coisas continuam assim até à volta 82, altura em que, prejudicado pelas dobragens a Pedro Rodriguez (1940-1971) e Graham Hill (1929-1975), não consegue ganhar terreno a Hulme. Na chicane do porto, o carro de Bandini passa depressa demais e bate nos fardos de palha, incendiando-se. Três pessoas tentam apagar o fogo, entre eles, Giancarlo Baghetti, e quando o conseguem, descobrem que Bandini tem queimaduras em 60 por cento do corpo. 72 horas mais tarde, a 10 de Maio, Bandini está morto. Tinha 31 anos.
A sua carreira na Formula 1 ficou assim: 42 Grandes Prémios em sete épocas, conseguiu uma vitória, uma pole-position, duas voltas mais rápidas, oito pódios e 58 pontos no total.
Depois deste incidente, os fardos de palha foram banidos como forma de protecção aos choques. Hoje em dia, em sua honra, existe um prémio com o seu nome, premiando o melhor piloto italiano em cada ano que passa, e já foi ganho por pilotos como Riccardo Patrese, Michele Alboreto, Giancarlo Fisichella e Jarno Trulli. Para finalizar, uma curiosidade contada pelo nosso “Nicha” Cabral, seu companheiro nos tempos da Scuderia Centro-Sud. Bandini não tinha relaçãoes sexuais antes das corridas, acreditando que isso faria diminuir a concentração. Mera superstição ou facto científico? Hoje em dia, há estudos que apontam que ter sexo antes de qualquer competição nem sempre prejudica o atleta…
5 comentários:
Excelente texto! Postei um link no F1 Tales, que também mantém um link permanente para o Continental Circus. Parabéns!
Você já assistiu ao filme Grand Prix de 1966 sobre a campeonato de 1965? Há um piloto italiano chamado Nino Barlini, que dirige também para a Ferrari...Bem tente assitir ao filme. e como eu ja disse aqui antes, esta tua seção sobre os pilotos do dia emociona.
Ron Groo
Esse filme? Vi na Segunda-feira pela enésima vez num canal por cabo, amigo Groo... E tenho o DVD em casa. E continuo a gostar de o ver!
Muy buen post, Lorenzo merecía un homenaje de estas características.
Saludos
Mais uma excelente biografia. E você obviamente tem razão, já que a mesma foto aparece nesta matéria sua, o piloto homenageado no meu blog é o Lorenzo Bandini.
Só um detalhe: pelo que sei, e a foto parce comprovar o fato, foi de fato o impacto de um pino de aço para atracar iates, que estava atrás dos fardos, danificou o tanque de combustível e assimse deu o incêndio.
Também o chassi da Ferrari amassou na altura do quadril do piloto o prendendo nas ferragens do carro.
Meus parabéns por esta e outras boigrafias como a de Jo Bonnier!
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