1 de Julho de 1979. Este dia está marcado na memória da Formula 1. Foi o dia em que um carro francês ganhou o Grande Prémio da "casa" desde que o Mundial de Formula 1 fora oficialmente establecido, 29 anos antes. Foi também a primeira vitória de um motor Turbo, desde a sua introdução, quase dois anos antes. Mas quando se pergunta pela razão porque esta corrida é lembrada, não é por nenhum desses motivos. É por outro.
Mas vamos por partes. Tinha-se passado mais de um mês sobre o última corrida, no Mónaco. no calendário inicial para esse ano, estava marcado o GP da Suécia, em Anderstorp. Mas a falta de dinheiro e o desinteresse dos suecos pela Formula 1 após as mortes de Ronnie Peterson e Gunnar Nilsson, fez com que a corrida fosse cancelada. A Lotus tinha chegado á conclusão que o seu modelo 80 não era eficaz, e fora retirado, passando a usar o modelo 79 para Mario Andretti e Carlos Reutmann. A Arrows decide também estrear em França o seu modelo A2, que prometia ser o carro que levaria o efeito-solo um pouco mais longe. De facto assim aconteceu... longe demais.
Na Ligier, soaram as campainhas de alarme quando Patrick Depailler sofrera um grave acidente de asa delta, fracturando ambas as pernas, e ficando de fora para o resto da época. Sendo assim, Guy Ligier pede ao veterano piloto belga Jacky Ickx para o substituir. NA Wolf, James Hunt tinha abandonado definitivamente a competição, e Walter Wolf fora buscar o finlandês Keke Rosberg para ser o seu piloto para o resto da época. Na Ensign, também houve troca de pilotos: o irlandês Derek Daly saia e no seu lugar vinha o francês Patrick Gaillard. Quem também regressava ao pelotão da Formula 1 era a Alfa Romeo, inscrevendo um carro para Bruno Giacomelli.
Nesse fim de semana, no circuito de Dijon-Prenois, os Renault queriam impressionar a concorrência, com o seu motor Turbo, e estavam imparáveis, monopolizando a primeira fila da grelha, com Jean-Pierre Jabouille a levar a melhor sobre René Arnoux. Na segunda fila ficaram o Ferrari de Gilles Villeneuve e o Brabham-Alfa Romeo de Nelson Piquet, a melhor posição do jovem brasileiro até então. Na terceira fila tinham ficado o Ferrari de Jody Scheckter e o Brabham-Alfa Romeo do austriaco Niki Lauda. Alan Jones era sétimo, com Jacques Laffite ao seu lado. A fechar o "top ten" estavam o segundo Williams de Clay Regazzoni e o Tyrrell de Jean-Pierre Jarier.
Na partida, Villeneuve faz das suas e surpreende os dois Renault, passando para o comando da corrida. Jabouille parte para o ataque, mas Villeneuve distancia-se. As coisas corriam assim até a meio da corrida, quando Villeneuve começava a perder terreno para os Renault. Na volta 46, Jabouille consegue ultrapassar no final da recta da meta, e fica com o comando, para não mais o largar.
Entretanto, Villeneuve debate-se com uma má escolha de pneus, e vê o outro Renault de René Arnoux a aproximar-se. Esta é lenta, mas acontece. No final da volta 77, perto do fim, Arnoux já está na traseira do Ferrari do canadiano, e quando o ultrapassa, na volta 78, todos exultam com a possibilidade de uma dobradinha Renault. Mas Villeneuve decide vender cara a derrota. Primeiro, na volta 79, ao fazer uma manobra "nos limites", bem sucedida, e quando Arnoux reage, na última volta, as reacções foram tão bravas que torcaram de posições por cinco vezes em meia volta!
No final, Jabouille ganha a sua primeira volta da carreira, da Renault e de um motor Turbo, mas as câmaras de TV quase o esquecem, pois todos estão vidarados para saber quem seria o segundo colocado. O canadiano levou a melhor.
No final da corrida, respondendo aos críticos que classificaram as manobras de ambos os pilotos de "perigosas", Villeneuve respondeu apenas: "Foi divertido." Depois do pódio, nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Williams de Alan Jones, o Tyrrell de Jean Pierre Jarier e o segundo Williams de Clay Regazzoni.
Já agora: o video que coloco aqui, é comentado pelo Jeremy Clarkson, o senhor Top Gear, que à sua maneira, elogia Villeneuve como sendo "o melhor piloto que alguma vez assentou o seu rabo num cockpit de Formula 1". Típico do Jeremy...
1 comentário:
Este senhor terá sido o grande responsável pelo meu admirável gosto pelas corridas de automóveis, F1 em particular.
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