terça-feira, 31 de julho de 2007

Extra-Campeonato: A vitória iraquiana na Taça da Àsia


Confesso que depois da asneirada sobre o título nacional do Porto, jurei para mim próprio que só escrevia sobre a Selecção Nacional. Mas hoje posso abrir uma excepção: é sobre a vitória da selecção iraquiana de futebol na Taça das Nações Asiáticas, que aconteceu no passado Domingo na cidade de Jakarta, na Indonésia.


Os iraquianos não eram favoritos. Mais facilmente poderia colocar-se nesse cesto a Arábia Saudita, o Irão, a Coreia do Sul, o Japão ou a Australia. Mas não o Iraque. Mas contra todas as expectativas, eles conseguiram ganhar o grupo, com dois empates e uma vitória sobre a Australia por 3-1. Nos quartos de final bateram o Vietname, nas meias superaram a Coreia do Sul nos "penalties", e na final marcaram o golo da vitória através de um pontapé de canto. Pareciam a Grécia, no Euro 2004, que contra tudo e todos, bateram-nos na final da competição.


Abstraindo-nos da performance desportiva, este resultado deu-nos uma lição de humanidade, e uma fuga à banalidade daquele país: atentados suicidas, dezenas de mortes diárias, violência sectária, sunitas contra xiitas, milhões de refugiados nos países vizinhos... tudo isto é a consequência da Caixa de Pandora que os americanos, e em especial George W. Bush, abriu numa Primavera de há quatro anos.


Para terminar, coloco aqui o comentário de Luis Carvalho, do blog State 83:


"Uma vez mais um fenómeno desportivo suplanta estratégias políticas e militares. O que não se conseguiu com parlamentos, constituições, exércitos, tribunais e até enforcamentos, foi agora alcançado por umas meras 11 pessoas. Pela primeira vez desde o fim da guerra o Iraque ficou unido. Não no plano político, mas sim no plano sentimental e de orgulho na sua nação.


A insegurança continua, os atentados também, mas uma nova esperança renasce. A esperança e a certeza de que o povo Iraquiano é capaz, a certeza de que os movimentos "underground" tentam minar o solo de um povo que quer avançar. Como vem sendo normal, 4 pessoas morreram acidentalmente durante os festejos. Festejos de um povo que até à bem pouco tempo não sabia o que era ganhar, festejos de uma democracia primordial que dá agora os primeiros passos.


A verdade é que no fundo no fundo os festejos dos Iraquianos não são assim tão diferentes dos festejos nas restantes nações futebolísticas. Nós vamos sonhando com vitórias agarrados à bandeira, a uma cerveja e a um amigo, o Iraquianos sonham agarrados a uma AK-47. Condenável? Penso que não... Afinal de contas, esta é a única realidade que eles conhecem desde o dia em que nasceram...Seriamos nós tão diferentes se lá tivéssemos nascido?"

2 comentários:

  1. Um feito histórico que levantou a alma de um país que procura a PAZ e a reconstrução!

    Um Abraço caro Speeder!

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  2. Obrigado pela visita... Vai passando por lá que eu passo por cá... :)

    Um abraço

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...