GP Memória - Inglaterra 1973

Nesta incursão ao passado, falo de uma das corridas mais atribuladas de sempre da história da Formula 1, onde mais de 10 carros foram eliminados, na maior carambola de sempre... até 1998. E o vencedor foi um amrericano, que se estreava na galeria dos vencedores: Peter Revson.

Quando o campeonato do Mundo de 1973 chegou a Silverstone, a 14 de Julho daquele ano, assisita-se a um duelo fratricida entre o brasileiro Emerson Fittipaldi e o escocês Jackie Stewart. O brasileiro tinha ganho três das quatro primeiras corridas do campeonato, mas estava a perder a diferença para um Stewart em alta. Ainda por cima, o brasileiro não tinha pontuado nas últimas duas corridas (Suécia e França).

Nos treinos, a pole-position ficou nas mãos do Lotus... de Ronnie Peterson! Recém-vencedor do seu primeiro GP da carreira, em França, o sueco já ganhava a alcunha de "voador" e já incomodava Fittipaldi, que pensava que isso iria prejudicar a disputa pelo título. Ao seu lado na grelha ficava o veterano Denny Hulme, num McLaren-Ford. Aliás, nas seis prmeiras posições, três eram ocupadas por McLarens: Hulme em segundo, Peter Revson em terceiro, e um tal de... Jody Scheckter em sexto.

Se a McLaren estava bem, na Ferrari era tudo ao contrário: vivendo uma das piores épocas de sempre, Enzo Ferrari via Jacky Icxx no 19º posto e Andrea de Adamich no 20º. Conta-se que Enzo Ferrari, vendo a prestação dos seus carros, queria pura e simplesmente tirar os carros da grelha, mas foi impedido de fazer por um tal de... Luca de Montzemolo, um recém-chegado de 26 anos. Esse gesto era o inicio de uma gestão em que, dois anos mais tarde, transformaria a Scuderia numa máquina vencedora. E os dois pilotos que iriam fazer estavam na 9ª e 10ª posições, Niki Lauda e Clay Regazzoni... estavam a correr pela BRM!

As atribulações começaram logo na partida. Niki Lauda ficou parado na grelha, e na confusão da partida, o Shadow-Ford de Jackie Oliver não o conseguiu evitar, perdendo uma roda. Entretanto, Peterson ia na frente, mas Stewart consegue chegar à liderança a meio da volta inicial. No inicio da segunda volta, o desastre: Jody Scheckter, quarto classificado, derrapa numa mancha de óleo, e atravessa a pista logo no momento em que o pelotão, liderando por Denny Hulme, atravessava a meta. O neo-zelandês não consegue evitá-lo e começa uma carambola, que envolve 12 pilotos!

Os envolvidos: Scheckter, Hulme, Mike Hailwood (Surtees), Andrea de Adamich (Ferrari), George Follmer (Shadow), Jean-Pierre Beltoise (BRM), Roger Williamson (March), Jochen Mass (March), José Carlos Pace (Surtees), Graham Hill (Shadow), Graham McRae (Iso-Marlboro) e David Purley (March).

O italiano ficou com um tornozelo partido, e não mais regressou à Formula 1. Todos culparam o sul-africano pelo incidente (tinha feito algo semelhante no GP anterior, em França), e Scheckter só voltou a correr no final do ano. Dos 12 envolvidos (mais Niki Lauda), três carros foram reparados (Lauda, Hill e Hulme) e o resto não pode correr. Isso foi frustrante para dois estreantes da casa: Roger Williamson e David Purley, que 15 dias depois, na Holanda, iam ser protagonistas pela negativa...

A corrida foi retomada com Peterson na frente, Stewart logo atrás, Hulme, Revson, James Hunt e... Niki Lauda! O austriaco a meio da prova era segundo, perseguindo furiosamente o sueco, mas uma má passagem de caixa obriga-o a fazer um pião, e volta para acabar a quatro voltas do vencedor. Mas tinha dado espectáculo...

Entretanto, Stewart tinha também problemas de caixa e atrasava-se no pelotão. Mas o seu rival Fittipaldi não ficaria a rir: um problema na transmissão na volta 36 fazia com que se encostasse à box. Assim sendo, a vitória estava a ser discutida entre quatro pilotos: Hunt, Peterson, Hulme e Revson. No final, quem levou a melhor foi o piloto americano, que mostrou que o chassis M23 era excelente, garantindo não só a sua primeira vitória, mas também a do carro, que no ano seguinte iria dar o título mundial a Emerson Fittipaldi. Mas isso é outra história...