Por estes dias, estamos todos pregados na televisão, assistindo a enormes manifestações vindos de um dos países mais pobres da Ásia, governada por uma terrivel Junta Militar, que reprime os descontentes ao mínimo sinal: trata-se da Birmânia.
Desde o inicio do mês, altura em que o governo decidiu aumentar o preço da gasolina em mais de 500 por cento(!), o povo perdeu o medo e decidiu sair à rua. Mas quem lidera este protesto não é o povo comum, mas sim os monges budistas, a maior autoridade moral do país, os unicos que são respeitados até pelos militares.
Por estes dias, dezenas (senão centenas) de milhares de pessoas manifestam todos os dias nas principais cidades do país, exigindo não só a revogação das medidas impostas, como também o abandono do poder por parte dos militares, e as negociações com a Liga Nacional para a Democracia, da Nobel da Paz (em 1991) Aung San Suu Kyi. Os militares já responderam da pior forma possivel: desde ontem que foi instaurado um recolher obrigatório nas principais cidades, e a policia começou a reprimir as manifestações. As primeiras informaçãos falam de pelo menos cinco monges mortos.
Esta revelação da pior face dos militares, frente a monges budistas, que se manifestam pacificamente, sem recurso à violência, mostra que a tirania é mesmo assim: autista, violenta e desprezível em relação ao destino do povo. Esta Junta está no poder desde 1962, e quando em 1988 reprimiu violentamente manifestações sememlhantes, matando mais de três mil pessoas, só cedeu graças a pressões exteriores das potências ocidentais e da China. Foram realizadas eleições em 1990, mas e Junta Militar não reconheceu os resultados e colocou a lider da oposição em prisão domiciliária, onde se encontra neste momento.
E agora coloca-se esta pergunta: Estamos a assitir o principio do fim? Bom, já se vislumbra a reacção das potências ocidentais, nomeadamente as europeias, que pediram uma reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, apelando a mais sanções à Junta Militar Birmanesa. Mas para haver qualquer mudança, é preciso convencer as potências da região, aquelas com o qual a Junta tem as mellhores relações (China e India) de que a mudança só faria mais bem do que mal. E sendo o país rico em petróleo e gás, a chave para a resolução do problema é convencer estas duas potências a convencer a Junta que o seu tempo acabou. Se isso acontecesse, acho que, pelo menos por uma vez, iria a ver a "realpolitik" a funcionar para o lado dos bons. Não acham?
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