Bom dia a todos. Este é um fim-de-semana que promete ficar na história automobilismo do século XXI, quer nos bastidores, quer na pista. No Sábado, ameaça da FOTA de criar um campeonato paralelo foi concretizada, e ontem, cinco dias depois do anuncio, o acordo foi alcançado na sede da FIA em Paris, com Max Mosley a afirmar que não procurará novo mandato, num claro sinal de vitória da FOTA. Em pista, a Red Bull modifica a sua montada e dá a Sebastien Vettel a sua segunda vitória do ano, numa corrida onde Jenson Button não foi melhor do que um sexto lugar. Poderá ser o princípio de uma viragem? Só o tempo irá responder, mas até lá, falemos desta e de outras matérias.
Formula 1 – Vettel vence em casa de Button
O GP de Inglaterra, em Silverstone, já tinha os bilhetes esgotados desde Novembro, aproveitando o “hype” de um britânico à frente do campeonato do mundo. Se em Novembro, as pessoas compraram o bilhete para ver Lewis Hamilton na primeira fila da grelha, em Junho, as pessoas falavam de Jenson Button, o homem da Brawn GP, que seis meses antes arriscava a nem correr em 2009. E agora, Button estava a caminho de ser um dos campeões mais improváveis da história da Formula 1.
Mas este fim de semana… não era inglês. Era alemão. E não era o Michael Schumacher, mas sim alguém que certos especialistas e fãs chamam de “baby Schumacher”. Sebastian Vettel. A Red Bull decidiu apresentar novas peças no seu RB5, desenhado por Adrian Newey, nomeadamente uma nova frente. O resultado esteve à vista: o piloto alemão conseguiu a polé-position, enquanto que o seu companheiro de equipa. Mark Webber, só falhou o segundo lugar porque… Kimi Raikonnen lhe apareceu à sua frente.
E como é australiano, não foi meigo: "Podia ter sido melhor, mas apanhei o Kimi na minha última volta, não sei bem o que é que ele estava a pensar, se estava a dormir ou a beber vodka, mas ele devia estar fora da trajectória e não estava. Consegui uma boa volta ainda assim, cumprimentos ao Sebastian e à equipa pelo excelente trabalho. Vamos tentar ter uma boa corrida amanhã", afirmou.
E foi verdade: conseguiram uma dobradinha. Mas isso falo mais adiante.
Em relação á Brawn GP… algum dia tinha de perder. Mas o mais interessante foi que aconteceu “em casa”, com Jenson Button a ser sexto na grelha e no resultado final, batido até por Rubens Barrichello, que conseguiu, mesmo assim, colocar um dos carros na primeira fila da grelha. Mas na corrida, devido ao facto do carro não ter sido eficaz a aproveitar os pneus duros da Bridgestone, foram suplantados em corrida pela Red Bull. Até Barrichello foi superado por Webber após a sua primeira paragem. Mesmo assim, ficou com o lugar mais baixo do pódio. Pódio esse que repetiu o da China, excepto no capitulo do representante da Brawn.
Interessante foi ver a Ferrari. Não no lado de Raikonnen, que acabou fora dos pontos, mas sim ver Felipe Massa ganhar quatro lugares e terminar na quarta posição final. Um excelente resultado para ele, e um bom resultado para a marca, num mau ano para a Scuderia.
Em contraste… a McLaren e a Renault estão cada vez mais a andar de cavalo para burro. Se no ano passado, ver uma luta entre Fernando Alonso e Lewis Hamilton era excitante e imprevisível, seria pela liderança ou então pelos lugares da frente. Este ano, continua a ser excitante e imprevisível, mas lutar pela 16ª posição… é no mínimo contrastante. Especialmente quando Hamilton partiu da 19ª posição da grelha de partida. Coitado do Hamilton… um Jody Scheckter dos tempos modernos.
Agora a Formula 1 vai ficar parada até ao dia 12 de Julho (o meu aniversário, já aviso!), que é quando acontecerá o GP da Alemanha, no mítico circuito de Nurburgring. Mítico só de nome, porque corre-se no mais pequeno e não no “Inferno Verde” de 22 km de extensão…
FOTA vs FIA – Do divórcio ao acordo, os cinco loucos dias da Formula 1
Na sexta-feira á noite, os vários meses de tensões e ameaças chegaram a um ponto crítico: quando muitos afirmavam que a FOTA poderia chegar a um acordo com a FIA relacionado com o tecto salarial e as inscrições para a temporada de 2010, a FOTA reuniu-se nas instalações da Renault em Enstone, no centro de Inglaterra e “largou a bomba”: iria separar-se da FIA e criar o seu próprio campeonato a partir de 2010. Quem lesse o comunicado da FOTA, no final daquela noite, poderia ver que aquilo era sério. Eis alguns excertos, só para recordar.
(…)
As construtoras, em particular, ofereceram assistência às equipas independentes, alguns dos quais provavelmente não estariam na Formula 1 se não fossem as iniciativas da FOTA. As equipas incluidas nesta organização concordaram voluntariamente em reduzir seus custos de forma a chegar a um modelo sustentável para o futuro.
Logo a seguir, todas as marcas anunciaram à FIA e ao detentor dos direitos comerciais a sua disposição de assumir um compromisso até o final da temporada de 2012.
(...)
A FIA e o detentor dos direitos comerciais, Bernie Ecclestone, fizeram uma campanha com o objectivo declarado de dividir a FOTA.
(...)
Os desejos da maioria das equipas foram pura e simplesmente ignorados. Para além disso, desde 2006, as equipas FOTA reclamam o direito a receber dezenas de milhões de dólares, que foram retidas pelo detentor dos direitos comerciais. Apesar destas divergências, e da ausência de um ambiente favorável a um compromisso, a FOTA genuinamente procurou durante os últimos meses, de forma incansavel, um compromisso que satisfazesse ambas as partes.
Ficou claro, assim, que as marcas não podem continuar a assumir tal compromisso relativo aos valores fundamentais deste desporto, e sendo assim, decidiram declinar o pedido da FIA em alterar suas inscrições condicionais para o Mundial de 2010.
Sendo assim, estas marcas não têm outra alternativa que não iniciar a preparação de um novo Campeonato, que reflicta os valores dos seus participantes e seus parceiros. Esta categoria irá ter uma gestão transparente, um único regulamento, e irá encorajar a entrada de novas marcas, ao mesmo tempo que irá escutar os desejos dos verdadeiros fãs de automobilismo, inclusive oferecendo preços mais baixos, assim como a entrada de novos parceiros e novos accionistas.", concluia o comunicado.
Naquela noite, e naquele fim-de-semana em particular, muitos de nós sentíamos que estávamos a passar por algo histórico: a morte da Formula 1, como campeonato do Mundo. Iríamos ver duas séries paralelas, tal como tínhamos visto nos Estados Unidos, com os campeonatos CART e IRL, que tinham coexistido durante 12 anos (1996-2007), e eventualmente uma Formula 1 enfraquecida, a favor de qualquer série existente, como a Le Mans Series. Temia-se isso. E muitos não hesitavam em apontar o dedo a Max Mosley, chamando-o de “coveiro da Formula 1”.
No Sábado, Mosley falava à BBC afirmando que minimizava a situação, mostrando que continuava à frente e que tinha razão naquilo que defendia. "Não o levo tão a sério quanto algumas pessoas porque sei que é tudo fachada e postura. Tudo irá acabar algures entre o início de 2010 e Março de 2010, altura da primeira corrida. Tudo isto vai parar, tudo vai acalmar e todos irão competir. Eles podem ser muito duros agora porque não têm nada com que se preocupar até Março de 2010. Estamos a nove meses de distância. Toda a gente pode fazer pose e marcar uma posição, mas todos sabemos que quando chegarmos a Melbourne em 2010 haverá um Mundial de Formula 1 e toda a gente que puder estar nele estará", afirmou.
Mas no meio da tempestade, um homem permanecia silencioso: Bernie Ecclestone. Jackie Stewart, tricampeão do mundo e ex-patrão da equipa com o seu nome, nos anos 90, pedia a sua intervenção: "A parte mais importante que se tem de envolver agora é o Bernie [Ecclestone], porque, afinal de contas, ele detém os direitos comerciais. Tenho a certeza de que ele não quer um campeonato paralelo, porque isso iria ameaçar seriamente a CVC [proprietários da F1] e os direitos do Bernie Ecclestone", afirmou Sir Jackie ao Autosport britânico.
O fim-de-semana passou com a acção a acontecer em pista. Mas na Segunda-feira, Ecclestone atacou e disse que não ia deixar a formula 1 morrer: "Dei 35 anos da minha vida à Fórmula 1. O meu casamento acabou por causa da Fórmula 1, por isso podem estar certos que não irei deixar que tudo se desintegre à custa daquilo que, no final de contas, não é nada", revelava Ecclestone nesse dia ao jornal inglês The Times.
"Se se analisarem os problemas [em questão] não há nada que não possa ser facilmente resolvido", acrescentou o britânico.
E ele tinha razão. Enquanto que os jornais publicavam uma noticia sobre um eventual calendário paralelo da FOTA, Ecclestone, Mosley e Luca de Montezemolo reuniam-se em Paris para esclarecer tudo. Qual conclave papal, só saíram de lá com fumo branco. E na terça-feira de manhã, na sede da FIA, saiu o “fumo branco”: a Formula 1 estava salva, Max Mosley saia de cena, a FOTA conseguia as suas pretensões, como a eliminação do tacto salarial para 2010. Todos ficaram contentes…
Claro, muitos de vocês dirão que isto tudo tinha a ver com o dinheiro das transmissões e do facto de Mosley se comportar como um ditador, entre outras coisas. E é verdade. Aplicou-se a velha frase de Tomaso di Lampedusa, no seu romance “O Leopardo”: “Tem de mudar tudo para ficar tudo na mesma”. Hipócrita? Claro. Intreresse corporativista? Com certeza. Mas apoiar a FOTA era um mal menor, na minha opinião, pois são as construtoras e os garagistas a mexer na Formula 1 do que a FIA. O que deveriam ser era um órgão regulador, e nunca um juiz, na minha opinião.
E ainda há algumas perguntas por responder. Por exemplo: a questão dos dinheiros. A distribuição vai continuar a ser a mesma? Ecclestone exigirá o mesmo “fee” aos circuitos, em época de crise económica? E o novo Acordo de Concórdia? Como vai ser? E os regulamentos técnicos? Vai cair o KERS? A abolição do reabastecimento vai sempre em frente? Etc, etc…
Em jeito de conclusão: bastou a Formula 1 chegar ao ponto de ruptura para que os manda chuvas ficarem realmente perturbados. E quem “salvou a situação” foi o “anãozinho tenebroso”. Mas ele tem 78 anos e não tem apetência para ser Matusalém, portanto, quando acontecer a próxima crise, ele pode não estar cá…
Já agora, para terminar, a FIA já confirmou a lista de equipas para 2010. As dez da FOTA, mais as três novas inscrições escolhidas por Mosley: a USF1, a Campos e a Manor. Confesso que esta última ainda desconheço como é que é possível que tenha sido aceite a sua inscrição, pois tem pouca competitividade em relação à Épsilon Euskadi ou à Prodrive, por exemplo… o que se sabe é que terá a colaboração de Nick Wirth, o homem que 15 anos antes ajudou a construir a Simtek. Por sua vez, Wirth é amigo pessoal de… Max Mosley! Já agora, todos eles terão motores Cosworth. Veremos como é que estes projectos irão acabar, pois ainda faltam nove meses para o início da temporada de 2010. Mas vai ser óptimo voltar a ver 26 carros na grelha.
E pronto, é tudo por esta semana. A Formula 1 só volta á acção dentro de duas semanas, e teremos agora o Rally da Polónia e não muito mais. Parece que até o automobilismo vai aproveitar as ferias do Verão europeu… Até mais!
Formula 1 – Vettel vence em casa de Button
O GP de Inglaterra, em Silverstone, já tinha os bilhetes esgotados desde Novembro, aproveitando o “hype” de um britânico à frente do campeonato do mundo. Se em Novembro, as pessoas compraram o bilhete para ver Lewis Hamilton na primeira fila da grelha, em Junho, as pessoas falavam de Jenson Button, o homem da Brawn GP, que seis meses antes arriscava a nem correr em 2009. E agora, Button estava a caminho de ser um dos campeões mais improváveis da história da Formula 1.
Mas este fim de semana… não era inglês. Era alemão. E não era o Michael Schumacher, mas sim alguém que certos especialistas e fãs chamam de “baby Schumacher”. Sebastian Vettel. A Red Bull decidiu apresentar novas peças no seu RB5, desenhado por Adrian Newey, nomeadamente uma nova frente. O resultado esteve à vista: o piloto alemão conseguiu a polé-position, enquanto que o seu companheiro de equipa. Mark Webber, só falhou o segundo lugar porque… Kimi Raikonnen lhe apareceu à sua frente.
E como é australiano, não foi meigo: "Podia ter sido melhor, mas apanhei o Kimi na minha última volta, não sei bem o que é que ele estava a pensar, se estava a dormir ou a beber vodka, mas ele devia estar fora da trajectória e não estava. Consegui uma boa volta ainda assim, cumprimentos ao Sebastian e à equipa pelo excelente trabalho. Vamos tentar ter uma boa corrida amanhã", afirmou.
E foi verdade: conseguiram uma dobradinha. Mas isso falo mais adiante.
Em relação á Brawn GP… algum dia tinha de perder. Mas o mais interessante foi que aconteceu “em casa”, com Jenson Button a ser sexto na grelha e no resultado final, batido até por Rubens Barrichello, que conseguiu, mesmo assim, colocar um dos carros na primeira fila da grelha. Mas na corrida, devido ao facto do carro não ter sido eficaz a aproveitar os pneus duros da Bridgestone, foram suplantados em corrida pela Red Bull. Até Barrichello foi superado por Webber após a sua primeira paragem. Mesmo assim, ficou com o lugar mais baixo do pódio. Pódio esse que repetiu o da China, excepto no capitulo do representante da Brawn.
Interessante foi ver a Ferrari. Não no lado de Raikonnen, que acabou fora dos pontos, mas sim ver Felipe Massa ganhar quatro lugares e terminar na quarta posição final. Um excelente resultado para ele, e um bom resultado para a marca, num mau ano para a Scuderia.
Em contraste… a McLaren e a Renault estão cada vez mais a andar de cavalo para burro. Se no ano passado, ver uma luta entre Fernando Alonso e Lewis Hamilton era excitante e imprevisível, seria pela liderança ou então pelos lugares da frente. Este ano, continua a ser excitante e imprevisível, mas lutar pela 16ª posição… é no mínimo contrastante. Especialmente quando Hamilton partiu da 19ª posição da grelha de partida. Coitado do Hamilton… um Jody Scheckter dos tempos modernos.
Agora a Formula 1 vai ficar parada até ao dia 12 de Julho (o meu aniversário, já aviso!), que é quando acontecerá o GP da Alemanha, no mítico circuito de Nurburgring. Mítico só de nome, porque corre-se no mais pequeno e não no “Inferno Verde” de 22 km de extensão…
FOTA vs FIA – Do divórcio ao acordo, os cinco loucos dias da Formula 1
Na sexta-feira á noite, os vários meses de tensões e ameaças chegaram a um ponto crítico: quando muitos afirmavam que a FOTA poderia chegar a um acordo com a FIA relacionado com o tecto salarial e as inscrições para a temporada de 2010, a FOTA reuniu-se nas instalações da Renault em Enstone, no centro de Inglaterra e “largou a bomba”: iria separar-se da FIA e criar o seu próprio campeonato a partir de 2010. Quem lesse o comunicado da FOTA, no final daquela noite, poderia ver que aquilo era sério. Eis alguns excertos, só para recordar.
(…)
As construtoras, em particular, ofereceram assistência às equipas independentes, alguns dos quais provavelmente não estariam na Formula 1 se não fossem as iniciativas da FOTA. As equipas incluidas nesta organização concordaram voluntariamente em reduzir seus custos de forma a chegar a um modelo sustentável para o futuro.
Logo a seguir, todas as marcas anunciaram à FIA e ao detentor dos direitos comerciais a sua disposição de assumir um compromisso até o final da temporada de 2012.
(...)
A FIA e o detentor dos direitos comerciais, Bernie Ecclestone, fizeram uma campanha com o objectivo declarado de dividir a FOTA.
(...)
Os desejos da maioria das equipas foram pura e simplesmente ignorados. Para além disso, desde 2006, as equipas FOTA reclamam o direito a receber dezenas de milhões de dólares, que foram retidas pelo detentor dos direitos comerciais. Apesar destas divergências, e da ausência de um ambiente favorável a um compromisso, a FOTA genuinamente procurou durante os últimos meses, de forma incansavel, um compromisso que satisfazesse ambas as partes.
Ficou claro, assim, que as marcas não podem continuar a assumir tal compromisso relativo aos valores fundamentais deste desporto, e sendo assim, decidiram declinar o pedido da FIA em alterar suas inscrições condicionais para o Mundial de 2010.
Sendo assim, estas marcas não têm outra alternativa que não iniciar a preparação de um novo Campeonato, que reflicta os valores dos seus participantes e seus parceiros. Esta categoria irá ter uma gestão transparente, um único regulamento, e irá encorajar a entrada de novas marcas, ao mesmo tempo que irá escutar os desejos dos verdadeiros fãs de automobilismo, inclusive oferecendo preços mais baixos, assim como a entrada de novos parceiros e novos accionistas.", concluia o comunicado.
Naquela noite, e naquele fim-de-semana em particular, muitos de nós sentíamos que estávamos a passar por algo histórico: a morte da Formula 1, como campeonato do Mundo. Iríamos ver duas séries paralelas, tal como tínhamos visto nos Estados Unidos, com os campeonatos CART e IRL, que tinham coexistido durante 12 anos (1996-2007), e eventualmente uma Formula 1 enfraquecida, a favor de qualquer série existente, como a Le Mans Series. Temia-se isso. E muitos não hesitavam em apontar o dedo a Max Mosley, chamando-o de “coveiro da Formula 1”.
No Sábado, Mosley falava à BBC afirmando que minimizava a situação, mostrando que continuava à frente e que tinha razão naquilo que defendia. "Não o levo tão a sério quanto algumas pessoas porque sei que é tudo fachada e postura. Tudo irá acabar algures entre o início de 2010 e Março de 2010, altura da primeira corrida. Tudo isto vai parar, tudo vai acalmar e todos irão competir. Eles podem ser muito duros agora porque não têm nada com que se preocupar até Março de 2010. Estamos a nove meses de distância. Toda a gente pode fazer pose e marcar uma posição, mas todos sabemos que quando chegarmos a Melbourne em 2010 haverá um Mundial de Formula 1 e toda a gente que puder estar nele estará", afirmou.
Mas no meio da tempestade, um homem permanecia silencioso: Bernie Ecclestone. Jackie Stewart, tricampeão do mundo e ex-patrão da equipa com o seu nome, nos anos 90, pedia a sua intervenção: "A parte mais importante que se tem de envolver agora é o Bernie [Ecclestone], porque, afinal de contas, ele detém os direitos comerciais. Tenho a certeza de que ele não quer um campeonato paralelo, porque isso iria ameaçar seriamente a CVC [proprietários da F1] e os direitos do Bernie Ecclestone", afirmou Sir Jackie ao Autosport britânico.
O fim-de-semana passou com a acção a acontecer em pista. Mas na Segunda-feira, Ecclestone atacou e disse que não ia deixar a formula 1 morrer: "Dei 35 anos da minha vida à Fórmula 1. O meu casamento acabou por causa da Fórmula 1, por isso podem estar certos que não irei deixar que tudo se desintegre à custa daquilo que, no final de contas, não é nada", revelava Ecclestone nesse dia ao jornal inglês The Times.
"Se se analisarem os problemas [em questão] não há nada que não possa ser facilmente resolvido", acrescentou o britânico.
E ele tinha razão. Enquanto que os jornais publicavam uma noticia sobre um eventual calendário paralelo da FOTA, Ecclestone, Mosley e Luca de Montezemolo reuniam-se em Paris para esclarecer tudo. Qual conclave papal, só saíram de lá com fumo branco. E na terça-feira de manhã, na sede da FIA, saiu o “fumo branco”: a Formula 1 estava salva, Max Mosley saia de cena, a FOTA conseguia as suas pretensões, como a eliminação do tacto salarial para 2010. Todos ficaram contentes…
Claro, muitos de vocês dirão que isto tudo tinha a ver com o dinheiro das transmissões e do facto de Mosley se comportar como um ditador, entre outras coisas. E é verdade. Aplicou-se a velha frase de Tomaso di Lampedusa, no seu romance “O Leopardo”: “Tem de mudar tudo para ficar tudo na mesma”. Hipócrita? Claro. Intreresse corporativista? Com certeza. Mas apoiar a FOTA era um mal menor, na minha opinião, pois são as construtoras e os garagistas a mexer na Formula 1 do que a FIA. O que deveriam ser era um órgão regulador, e nunca um juiz, na minha opinião.
E ainda há algumas perguntas por responder. Por exemplo: a questão dos dinheiros. A distribuição vai continuar a ser a mesma? Ecclestone exigirá o mesmo “fee” aos circuitos, em época de crise económica? E o novo Acordo de Concórdia? Como vai ser? E os regulamentos técnicos? Vai cair o KERS? A abolição do reabastecimento vai sempre em frente? Etc, etc…
Em jeito de conclusão: bastou a Formula 1 chegar ao ponto de ruptura para que os manda chuvas ficarem realmente perturbados. E quem “salvou a situação” foi o “anãozinho tenebroso”. Mas ele tem 78 anos e não tem apetência para ser Matusalém, portanto, quando acontecer a próxima crise, ele pode não estar cá…
Já agora, para terminar, a FIA já confirmou a lista de equipas para 2010. As dez da FOTA, mais as três novas inscrições escolhidas por Mosley: a USF1, a Campos e a Manor. Confesso que esta última ainda desconheço como é que é possível que tenha sido aceite a sua inscrição, pois tem pouca competitividade em relação à Épsilon Euskadi ou à Prodrive, por exemplo… o que se sabe é que terá a colaboração de Nick Wirth, o homem que 15 anos antes ajudou a construir a Simtek. Por sua vez, Wirth é amigo pessoal de… Max Mosley! Já agora, todos eles terão motores Cosworth. Veremos como é que estes projectos irão acabar, pois ainda faltam nove meses para o início da temporada de 2010. Mas vai ser óptimo voltar a ver 26 carros na grelha.
E pronto, é tudo por esta semana. A Formula 1 só volta á acção dentro de duas semanas, e teremos agora o Rally da Polónia e não muito mais. Parece que até o automobilismo vai aproveitar as ferias do Verão europeu… Até mais!
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