Tinham-se passado quinze dias desde Zandvoort, e nessa altura, o Tribunal de Apelo da FIA tinha analisado o recurso da Tyrrell, e após análise cuidada, e de ter corrigido parte da sentença dada pela FISA, decidiu manter a exclusão da equipa para aquela temporada e a perda de todos os pontos alcançados naquela temporada, significando que Martin Brundle e Stefan Bellof eram retroactivamente desclassificados. O piloto alemão decidiu não correr mais naquela temporada, preferindo concentrar-se no Mundial de Sport-Protótipos com a Porsche, competição da qual viria a ganhar. Sendo assim, pela primeira vez na história da Formula 1, todos os carros que alinhariam à partida tinham motores Turbo.
A ATS alinhava em Itália com dois carros, um para Manfred Winkelhock e outro para a jovem estrela austríaca, Gerhard Berger, seguindo o mesmo preceito que era feito pela Osella desde o meio da temporada, quando inscreveu outro austríaco: Jo Gartner.
Na Toleman, Alex Hawkridge prometera represálias sobre o seu piloto estrela, o brasileiro Ayrton Senna, depois deste ter assinado por detrás das suas costas o acordo com a Lótus para a temporada de 1985, e cumpriu: Senna estava proibido de correr pela equipa na etapa italiana, e no seu lugar tinham contratado o sueco Stefan Johansson, que depois da exclusão da Tyrrell, estava sem lugar. Também nessa mesma altura, Hawkridge arranjou outro piloto para a marca, e foi buscar o piloto de testes da Brabham, o italiano Pierluigi Martini. Só que Martini, piloto da Minardi na Formula 2 (equipa que iria correr na Formula 1 em 1985), era demasiado lento, e não conseguiu qualificar-se.
No final das duas sessões de treinos daquele fim-de-semana, Nelson Piquet foi o melhor pela sétima vez naquela temporada, no seu Brabham-BMW. Ao seu lado estava Alain Prost, no McLaren-TAG Porsche. Imediatamente atrás, na segunda fila, estavam o Lótus-Renault de Elio de Angelis e o segundo McLaren de Niki Lauda. A terceira fila ficou reservada para o segundo Brabham de Teo Fabi, que dava nas vistas no seu GP caseiro, e tinha a seu lado o Williams-Honda de Keke Rosberg, cada vez mais a mostrar a sua potência. Nigel Mansell, do qual se falava cada vez mais que estava a caminho da Williams, tinha conseguido o sétimo tempo, com o Renault de Patrick Tambay logo atrás. A fechar o “top ten” estavam os Alfa Romeo de Riccardo Patrese e Eddie Cheever.
Fora deste “top ten” estavam os Ferrari, com Michele Alboreto apenas o 11º e René Arnoux o 14º. Esta afundamento na grelha não era visto de bom tom pelos lados de Maranello, numa altura em que se falava em algumas mudanças na estrutura directiva da marca. Logo, Alboreto e Arnoux precisavam de se mostrar no dia a seguir perante os seus fãs, pois caso contrário, a exigente imprensa italiana iria estar em cima deles e pedir algumas cabeças…
Na partida, Piquet larga melhor do que Prost, enquanto que De Angelis consegue passar o piloto francês e fica com a segunda posição. Tambay e Mansell vinham a seguir, enquanto que Lauda caia para o nono posto, atrás de Fabi e dos dois Alfa Romeo. O francês desaparecia de cena pouco depois, ao ficar sem motor, enquanto que duas voltas depois, era a vez de René Arnoux ficar sem caixa de velocidades. Nesta altura, já Fabi tinha passado Mansell e Lauda livrara-se de Cheever e Patrese.
Algumas voltas depois, era a vez de De Angelis ficar para trás, enquanto que Fabi chegava ao terceiro posto. Quando se aproximou do piloto francês, perdeu o controlo do seu carro na segunda chicane e fez um pião. Perdeu algum tempo, mas voltou à pista. Ali, começou uma corrida de recuperação que lhe levou até ao segundo lugar! Entretanto, as desistências continuavam: Mansell acabara a sua corrida na volta 13 com um pião, o seu companheiro na volta seguinte, com a caixa de velocidades partida, e na volta 15, era a vez do líder abandonar, com um radiador furado.
Assim, o líder era agora Patrick Tambay, no seu Renault, e nesta altura, Fabi já tinha feito a sua recuperação até quase ao topo. Lauda era terceiro e Alboreto o quarto, aproveitando os azares alheios. Na volta 31, Derek Warwick, que vinha na 5ª posição, desistia com problemas na pressão de óleo, com o lugar a ser herdado por Riccardo Patrese. Por agora, Lauda decidira atacar e passara Fabi e na volta 43, foi a vez de passar Tambay para ficar com a liderança. Nessa altura, Fabi perdeu um pódio certo quando o seu motor BMW falhou.
As voltas finais foram um suplicio. Aos poucos, os carros ora ficavam sem gasolina, ora ficavam sem motor. Na mesma volta que Fabi, Tambay partia o cabo do acelerador e ficava pelo caminho. Assim, Alboreto chegava à segunda posição. Atrás deles, com uma volta de atraso, estavam os dois Alfa Romeo, com Cheever à frente de Patrese. Na última volta, o americano perdia um píodio certo quando o seu carro ficou sem combustível, dando de bandeja o lugar mais baixo do pódio ao seu companheiro de equipa. Nos restantes lugares pontuáveis chegariam o Toleman de Stefan Johansson, o Osella de Jo Gertner e o ATS de Gerhard Berger. Infelizmente, dado que os regulamentos da altura não permitiam que um segundo carro de uma equipa que começara a temporada com um carro apenas, a Gartner e a Berger não foram atribuídos pontos.
E quando faltavam duas corridas para o final do campeonato, a vitória de Lauda no Autódromo italiano fazia com que o austríaco estava cada vez mais perto do tricampeonato, já que saia dali com 63 pontos, mais dez pontos e meio que Prost. Elio de Angelis era terceiro, mas muito longe dos dois primeiros, já que tinha apenas 29.5 pontos…
Fontes:
Santos, Francisco – Ayrton Senna do Brasil, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1994.
http://en.wikipedia.org/wiki/1984_Italian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr402.html
A ATS alinhava em Itália com dois carros, um para Manfred Winkelhock e outro para a jovem estrela austríaca, Gerhard Berger, seguindo o mesmo preceito que era feito pela Osella desde o meio da temporada, quando inscreveu outro austríaco: Jo Gartner.
Na Toleman, Alex Hawkridge prometera represálias sobre o seu piloto estrela, o brasileiro Ayrton Senna, depois deste ter assinado por detrás das suas costas o acordo com a Lótus para a temporada de 1985, e cumpriu: Senna estava proibido de correr pela equipa na etapa italiana, e no seu lugar tinham contratado o sueco Stefan Johansson, que depois da exclusão da Tyrrell, estava sem lugar. Também nessa mesma altura, Hawkridge arranjou outro piloto para a marca, e foi buscar o piloto de testes da Brabham, o italiano Pierluigi Martini. Só que Martini, piloto da Minardi na Formula 2 (equipa que iria correr na Formula 1 em 1985), era demasiado lento, e não conseguiu qualificar-se.
No final das duas sessões de treinos daquele fim-de-semana, Nelson Piquet foi o melhor pela sétima vez naquela temporada, no seu Brabham-BMW. Ao seu lado estava Alain Prost, no McLaren-TAG Porsche. Imediatamente atrás, na segunda fila, estavam o Lótus-Renault de Elio de Angelis e o segundo McLaren de Niki Lauda. A terceira fila ficou reservada para o segundo Brabham de Teo Fabi, que dava nas vistas no seu GP caseiro, e tinha a seu lado o Williams-Honda de Keke Rosberg, cada vez mais a mostrar a sua potência. Nigel Mansell, do qual se falava cada vez mais que estava a caminho da Williams, tinha conseguido o sétimo tempo, com o Renault de Patrick Tambay logo atrás. A fechar o “top ten” estavam os Alfa Romeo de Riccardo Patrese e Eddie Cheever.
Fora deste “top ten” estavam os Ferrari, com Michele Alboreto apenas o 11º e René Arnoux o 14º. Esta afundamento na grelha não era visto de bom tom pelos lados de Maranello, numa altura em que se falava em algumas mudanças na estrutura directiva da marca. Logo, Alboreto e Arnoux precisavam de se mostrar no dia a seguir perante os seus fãs, pois caso contrário, a exigente imprensa italiana iria estar em cima deles e pedir algumas cabeças…
Na partida, Piquet larga melhor do que Prost, enquanto que De Angelis consegue passar o piloto francês e fica com a segunda posição. Tambay e Mansell vinham a seguir, enquanto que Lauda caia para o nono posto, atrás de Fabi e dos dois Alfa Romeo. O francês desaparecia de cena pouco depois, ao ficar sem motor, enquanto que duas voltas depois, era a vez de René Arnoux ficar sem caixa de velocidades. Nesta altura, já Fabi tinha passado Mansell e Lauda livrara-se de Cheever e Patrese.
Algumas voltas depois, era a vez de De Angelis ficar para trás, enquanto que Fabi chegava ao terceiro posto. Quando se aproximou do piloto francês, perdeu o controlo do seu carro na segunda chicane e fez um pião. Perdeu algum tempo, mas voltou à pista. Ali, começou uma corrida de recuperação que lhe levou até ao segundo lugar! Entretanto, as desistências continuavam: Mansell acabara a sua corrida na volta 13 com um pião, o seu companheiro na volta seguinte, com a caixa de velocidades partida, e na volta 15, era a vez do líder abandonar, com um radiador furado.
Assim, o líder era agora Patrick Tambay, no seu Renault, e nesta altura, Fabi já tinha feito a sua recuperação até quase ao topo. Lauda era terceiro e Alboreto o quarto, aproveitando os azares alheios. Na volta 31, Derek Warwick, que vinha na 5ª posição, desistia com problemas na pressão de óleo, com o lugar a ser herdado por Riccardo Patrese. Por agora, Lauda decidira atacar e passara Fabi e na volta 43, foi a vez de passar Tambay para ficar com a liderança. Nessa altura, Fabi perdeu um pódio certo quando o seu motor BMW falhou.
As voltas finais foram um suplicio. Aos poucos, os carros ora ficavam sem gasolina, ora ficavam sem motor. Na mesma volta que Fabi, Tambay partia o cabo do acelerador e ficava pelo caminho. Assim, Alboreto chegava à segunda posição. Atrás deles, com uma volta de atraso, estavam os dois Alfa Romeo, com Cheever à frente de Patrese. Na última volta, o americano perdia um píodio certo quando o seu carro ficou sem combustível, dando de bandeja o lugar mais baixo do pódio ao seu companheiro de equipa. Nos restantes lugares pontuáveis chegariam o Toleman de Stefan Johansson, o Osella de Jo Gertner e o ATS de Gerhard Berger. Infelizmente, dado que os regulamentos da altura não permitiam que um segundo carro de uma equipa que começara a temporada com um carro apenas, a Gartner e a Berger não foram atribuídos pontos.
E quando faltavam duas corridas para o final do campeonato, a vitória de Lauda no Autódromo italiano fazia com que o austríaco estava cada vez mais perto do tricampeonato, já que saia dali com 63 pontos, mais dez pontos e meio que Prost. Elio de Angelis era terceiro, mas muito longe dos dois primeiros, já que tinha apenas 29.5 pontos…
Fontes:
Santos, Francisco – Ayrton Senna do Brasil, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1994.
http://en.wikipedia.org/wiki/1984_Italian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr402.html
Trocar Senna por Johansson? rs.
ResponderEliminarEspero que ano que vem tenhamos essas emoções nas últimas voltas, com alguns ficando sem combustível.
olha eu lembro da corrida, e ainda era criança. os pilotos ficando um a um na beira do circuito, e a alegria de alivio no podio..
ResponderEliminaritalia é a última terra sagrada do automovilismo
Para alguns brasileiros, talvez essa corrida tenha ficado marcada pela ausência de Senna na pista... Mas pela presença dele na cabine de transmissão, junto a Galvão Bueno e Reginaldo Leme. E olha que não se saiu mal. Teria feito um post sobre o assunto, mas fui atropelado pelo decorrer do tempo.
ResponderEliminarBela lembrança, foi o segundo Gp da italia que assisti.
ResponderEliminarA vitória em Monza de Niki Lauda e o abandono prematuro de Alain Prost deixava o título de campeão do mundo da temporada de 1984 favorável ao austríaco da McLaren número 8 (Lauda) com 9 pontos e meio (9,5 pontos) de vantagem sobre o francês da McLaren número 7 (Prost).
ResponderEliminarNa prova seguinte (penúltima) em Nürburgring, Prost não pode ter outra prova zerada novamente, porque o campeonato definiria o título a favor de Lauda. A última etapa em Portugal, Estoril, seria apenas para cumprimento de tabela.
Notas:
- 15ª pole de Nelson Piquet;
- 10ª pole do motor BMW;
- 24ª vitória de Niki Lauda. Ele igualava com Juan Manuel Fangio;
- 40ª vitória da McLaren;
- 10ª vitória do motor TAG Porsche;
- 10º pódio de Riccardo Patrese;
- 26º e último pódio da Alfa Romeo;
- 40º e último pódio do motor Alfa Romeo;
- 150ª prova de Jacques Laffite; - o sueco Stefan Johansson pontua pela primeira vez na carreira com o 4º lugar (3 pontos) e
- Jo Gartner (5º) e Gerhard Berger (6º) não pontuaram, porque a equipe de ambos inscreveram apenas um carro na temporada. Os pontos não teve benefícios posteriores para o 7º e 8º lugares.