Nesta semana que passa, estamos às portas de mais um Grande Prémio. Que não é uma corrida normal. É uma corrida noturna, feita numa cidade-estado que gosta de o acolher. Mas tem o defeito de estar situado numa região quase equatorial, onde diariamente recebe uma enorme carga de água, que normalmente acontece no final do dia, quase como que se fosse um relógio. Só que esse final de dia coincide com o horário do Grande Prémio.
Esse pode ser o assunto mais falado do fim de semana, mais do que a polémica das duas Lotus, do qual já referi ontem, ou o regresso à competição de Nick Heidfeld, um bom piloto mas que tem aquele defeito de nunca ter ganho um Grande Prémio nos seus já dez anos de carreira. Mas já no dia de hoje já houve assunto para comentários, como o reavivar do velho sonho de Bernie Ecclestone - a caminho dos seus incontornáveis oitenta anos - do "winner takes all". Já advinharam: as medalhas.
Felizmente para todos nós, amantes do automobilismo, as primeiras reacções foram de repulsa. O ambiente agora é diferente daquele que se vivia no final de 2008, quando ele quis avançar com a ideia. Já não há Max Mosley a tomar conta dos destinos da FIA, os chefes de equipa acolhem as ideias dele como um simples delírio, apenas com o objectivo último de aparecer nos jornais, revistas e sites. É um bocado como a Paris Hilton, mas com rugas e sem drogas ou microsaias cujas cuecas foram deixadas em casa. Aparece, diz umas asneiras e depois sai.
Mas agora estamos a quatro provas do final do campeonato - isto se a corrida da Coreia do Sul for para a frente - temos cinco candidatos ao título. Já sabemos que na Ferrari, eles já decidiram quem vai ser o primeiro piloto da marca. E paradoxalmente, é neste momento o menos provável dos candidatos. Mas vai apostar nessa indecisão dentro da McLaren e Red Bull para conseguir marcar pontos na luta pelo título.
Nas outras duas equipas, Christian Horner (Red Bull) e Martin Whitmarsh (McLaren) fazem bem em não decidir nada por agora. Vão adiar tudo até à última porque querem manter as hipóteses em aberto, pois em caso de azar por parte de um dos pilotos, o outro não pode sair prejudicado pela sua própria equipa. Foi o que aconteceu em Monza, quando Lewis Hamilton não andou mais do que meia volta e Jenson Button esteve na luta pela vitória. Em suma, a ideia é passar que todos tem a liberdade de atacar e o melhor ganha. Se o pior acontecer, espera-se que consigam o título de construtores...
Mas fico com a impressão de que este pode ser a corrida decisiva. Se a Coreia do Sul for adiada para 2011, significa menos uma corrida e de cinco, passamos para quatro corridas, e no minimo, cem pontos em jogo, neste primeiro ano com o novo sistema de pontuação. Toda a gente sabe que esta é a primeira das cinco corridas decisivas para o título de 2010, que poderá entrar na história como o mais disputado da Formula 1. E no Domingo - caso não aconteça o dilúvio - algumas perguntas já terão resposta.
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