Temos sempre o previlégio de ver, ao longo das nossas vidas, a História a acontecer. Umas vezes a uma velocidade tremenda, outras de uma lentidão espantosa. Esta noite é o que está a acontecer: os rebeldes chegaram a Tripoli e numa rapidez surpreendente, a cidade começou a passar para o lado dos rebeldes. Começaram a surgir noticias de que dois dos seus filhos, Saif-Al Islam, Saadi (o tal que chegou a ser futebolista) e Muhammad, foram capturados pelos rebeldes, e voam rumores de que Khadaffi estará em fuga. Uma coisa é certa: os rebeldes já controlam partes da cidade e a população já se atreve a comemorar na Praça Verde, o sitio onde no inicio da guerra civil, Khadaffi atrevia-se a mostrar-se, desafiando o resto do Mundo.
Agora é uma questão de horas para o vermos. Não sabemos se capturado pelos rebeldes ou veremos o seu cadáver arrastado pelas ruas de Tripoli, e pendurado na Praça Verde, para gáudio dos populares. A sua bandeira, totalmente verde, será queimada nas ruas e substituida pela antiga bandeira, que curiosamente era a da monarquia, que era o sistema vigente até que Khadaffi tomou o poder. Seis meses de guerra civil estão rapidamente a chegar ao seu fim.
O que irá acontecer no futuro é uma enorme incógnita, pois isto é o episódio mais violento desta tempestade que está a varrer o norte de Africa. Tunisia, em janeiro, e o Egito, em fevereiro, conseguiram mudar o regime de forma mais ou menos pacifica, mas ainda não fizeram eleições. E mesmo aí, o perigo do regime cair para as mãos dos islamitas ou radicais é mais do que presente.
E depois há - como acontece em todos os regimes - a sede de vingança. Toda a gente quer cortar a cabeça aos homens do Khadaffi, ainda por cima, falamos de seis meses de guerra civil, onde milhares de pessoas morreram a lutar para correr com um tirano que estava no poder desde 1969, e que iria fazer 42 anos no dia 1º de setembro. E num regime onde são as tribos que colam este pais - é mais um pais construido pelas potências coloniais, neste caso a Itália - manter essa "cola" viva é essencial.
Essa é uma enorme incógnita. Agora, comemora-se a queda de um ditador.
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