Quase ao mesmo tempo, li hoje algo que já tinha ouvido falar por alto, mas não sabia que as coisas tinham chegado a este extremo: pilotos de Formula 1 a fazerem dietas para poderem "caber nos carros". Este domingo de manhã, o jornalista Kevin Eason, do jornal The Times, referiu algo grave: um piloto de Formula 1 desmaiou por causa dessas situações de dietas extremas. O piloto não foi referido, mas a situação aconteceu numa corrida que o jornalista descreveu como "com muito calor e humidade".
Já se sabia de antemão, quando foi anunciado o novo peso dos carros com motor turbo, que os pilotos provavelmente teriam de fazer perdas de peso, semelhantes ao que fizeram em 2009, quando surgiram os KERS, e soube-se na altura que os pilotos fizeram dietas, mas não tão extremas como se ouve agora. Para dar um exemplo, Button admitiu que anda a fazer uma rigorosa dieta, para manter o carro no peso ideal: “Sauna, sala de vapor, não beber ou comer até depois da qualificação”, afirmou Button. E Lewis Hamilton, o vencedor deste GP da Malásia, admite que ha pilotos a fazer dietas mais extremas.
Isso está a levantar alarmes, e o ex-médico da Formula 1, Gary Hartstein, escreveu esta manhã no seu blog que a situação é perigosa: "Estou chocado e muito preocupado com este desenvolvimento. Estou também apreensivo acerca da reação potencial da FIA, na tentativa de mitigar essa insanidade. Ah, e eu acho que nós precisamos ser gratos a Louis e Jenson por terem sido honestos sobre isso.", começou por comentar.
"Isto é uma loucura, e mais do que isso: é muito preocupante. Obviamente, as implicações de um piloto ficar mal-disposto no comando de um míssil de cruzeiro terrestre [que é um carro de Formula 1] são enormes - para esse piloto e para os seus companheiros, e para as outras. E a mensagem que isto envia para o público, e cada jovem piloto de karts até a GP2 é óbvia - de treinarem para a semana após cada corrida, depois deitem tudo pela janela fora na semana anterior da próxima. Sim, essa é a mensagem que deve ser enviada ao público. Brilhante.
Não preciso entrar em detalhes sobre o porquê de este regime de inanição e desidratação é ridícula do ponto de vista médico.
Isso tem que parar. E isso tem que parar agora. E, dadas as pressões competitivas deste desporto, isso não vai ser fácil. E, dadas as implicações para a segurança do público, os comissários de pista, e os outros pilotos, não será suficiente para emitir alguma declaração "coxa", incentivando os motoristas a não agir como supermodelos nos tempos do "heroín-chic" dos anos 90." continuou Hartstein.
Definitivamente, parece que está a surgir uma situação potencialmente perigosa por parte dos pilotos. Causados por eles mesmos ou incentivados pela FIA, parece ser uma situação de causa-efeito. Mas a ideia de pilotos passarem fome para conseguirem mais meio segundo sobre a concorrência, parece ser uma coisa que pensava que aconteceria no mundo da moda. E como toda a gente que ouve isto agora, receio que se pague um preço demasiado alto.
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