Normalmente, a corrida num lugar como o circuito de Interlagos costuma ser algo imprevisível. Ou o tempo não colabora e torna-se numa lotaria, ou então acontece algo na largada que baralha tudo e causa imprevisibilidade no resultado final. Contudo, em termos de boletim meteorológico, hoje as coisas estavam magnificas. Um fabuloso sol primaveril sobre São Paulo tinha eliminado essa chance, mas quando se sabia que Lewis Hamilton tinha trocado de motor e partir das boxes, sabia-se que seria uma prova imprevisível, onde o campeão do mundo teria de escalar lugares para chegar ao dos da frente. E a mesma coisa acontecia a Daniel Ricciardo, por causa da sua troca de motor, por exemplo.
E ainda por cima, Interlagos é um destino popular para os apreciadores de automobilismo. Este escriba sabia, através das redes sociais, que muitos dos seus amigos iriam estar presentes "in loco" para ver tudo o que iria acontecer naquele fim de semana. Se sentia inveja deles? Não. Em muitos aspectos, estavam a cumprir os seus sonhos de criança, observando tudo. E nesse campo, só poderia estar feliz por eles.
A corrida começou com Vettel a conseguir passar Bottas no S de Senna para liderar a corrida, mas atrás, houve treta. Daniel Ricciardo fez um pião no S de Senna, acabando por desistir, mas levando consigo o McLaren de Stoffel Vandoorne e o Haas de Kevin Magnussen. Vandoorne e Magnussen acabaram por desistir, mas Ricciardo continuou. Mais adiante, Esteban Ocon e Romain Grosjean tocvaram-se também na zona da Laranjinha, acabando o francês por desistir. E para Ocon, era a primeira retirada... em uma temporada e meia!
Claro, com todas estas confusões, no final da primeira volta, o Safety Car teve de entrar. As coisas ficaram assim até à volta 6, quando a corrida recomeçou. Se nada aconteceu na frente, exceptuando a ultrapassagem de Massa sobre Alonso para ser quinto, Lewis Hamilton tentava passar carros atrás de carros para tentar chegar o mais possível à zona dos pontos. Conseguiu na volta 9, depois de passar o Toro Rosso de Pierre Gasly.
Na frente, Vettel tentava escapar de Bottas, enquanto que Raikkonen tentava chegar-se ao seu compatriota da Mercedes. Atrás, Hamilton subia lugares atrás de lugares, e no inicio da volta 14, passava Perez para ser sétimo. Ao mesmo tempo, Daniel Ricciardo passava Carlos Sainz Jr. para entrar nos pontos.
A partir daqui, as coisas acalmaram-se na frente, e o que se via eram os pilotos que queriam subir na classificação geral, especialmente Hamilton e Ricciardo. O inglês da Mercedes chegou ao quinto posto na volta 21, depois de passar Felipe Massa. Mas quando isso aconteceu, tinha mais de dez segundos de diferença para apanhar Max Verstappen.
Mas apenas na volta 28 é que aconteceram as primeiras paragens nas boxes. Primeiro, Felipe Massa, e depois, na volta a seguir, Sebastian Vettel, que saiu para a pista na frente de Bottas, mas a aguentar o ataque do piloto da Mercedes. Depois, Raikkonen e Verstappen também foram às boxes para trocar de pneus. Com isso, e com os Flechas de Prata sem parar, Hamilton era o líder. Que contraste, da saída das boxes até ao comando durou apenas 30 voltas!
Contudo, Hamilton sabia que os seus pneus não estão tão novos com os do Vettel, e lentamente, o piloto da Ferrari apanhava-o. Mas não impressionava e ele continuava a andar na frente, esperando que aqueles pneus aguentassem o mais possível.
Na volta 41, Brendon Hartley parava definitivamente no seu Toro Rosso, uma volta antes de Lewis Hamilton parar para trocar de moles para supermoles. Logo a seguir, Daniel Ricciardo fez a mesma coisa, trocando para o mesmo tipo de pneus. Quando ambos voltaram à pista, o inglês era quinto e o australiano sétimo. Pouco depois, o piloto da Red Bull passou Massa, mas descobriu que tinha mais de 25 segundos de atraso para Vettel, enquanto que os cinco primeiros estavam separados... por seis segundos. Contudo, apenas na volta 59 é que o inglês apanhou Max Verstappen para ser quarto.
A parte final viu todos perto uns dos outros, tentando manter o ritmo. Hamilton tentou apanhar Raikkonen para ver se subia ao pódio ou não. Ele tentou o seu melhor, queimou pneus (enquanto que Lace Stroll ficava sem o pneu frente-esquerda...), mas no final, o finlandês da Ferrari conseguiu aguentar os ataques de Hamilton para ficar com o lugar mais baixo do pódio. Na frente, Sebastian Vettel era o grande vencedor, com Bottas atrás dele, sem o ameaçar, Raikkonen e Hamilton.
Contudo, atrás dos Red Bull de Max e Ricciardo, Felipe Massa lutava com Fernando Alonso para ver se conseguia ficar na frente do piloto espanhol. De uma certa forma, era o seu orgulho que estava em jogo, e no final, aguentou tudo, até de um Sergio Perez que espreitava alguma urucubaca vinda daqueles dois. Não deu, e Massa, de uma certa forma, conseguiu o que queria, ser sétimo, na frente de Alonso e Perez. E Nico Hulkenberg ficou com o ponto que faltava.
No final, a multidão invadiu a pista, Massa teve o final digno que merecia, e num céu limpo, o campeonato chegava a um final interessante. Claro, o pano só cai dentro de duas semanas em Abu Dhabi, mas a temporada própriamente dita deve ter acabado hoje..
Uma pena a Rede Globo não ter exibido ao vivo a bela homenagem que Rubens Barrichello fez no pódio para Felipe Massa (última aparição do piloto brasileiro) diante dos torcedores. Na SporTV (tv fechada) num vt completo foi mostrado isso.
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