quinta-feira, 11 de março de 2021

A temporada de 2006 da Formula 1 - As forças em disputa e as mudanças técnicas


Depois de uma temporada de 2005 algo atribulada, e onde pela primeira vez desde o final do século passado, se viu um campeão que não Michael Schumacher e a Ferrari, a temporada de 2006 via imensas modificações no pelotão, com partidas e chegadas, quer em termos de pilotos, quer em termos de construtores. Michael Schumacher, o homem que dominava o pelotão da Formula 1 desde o inicio do século, via por fim a chegada de uma nova geração que o tinha ameaçado e o batido, embora em 2005, a Ferrari não foi capaz de lhe dar uma máquina para lutar por vitórias da mesma maneira que tinha feito nos anos anteriores. Tudo porque as pessoas que estiveram por trás desse domínio já pensavam em descanso, e de seguir a sua vida para além da casa de Maranello.

Logo, Schumacher, que tinha acabado de fazer 37 anos, iria ter companhia diferente. De Rubens Barrichello, que lá estava desde o ano 2000, iria ter agora a companhia de outro brasileiro, Felipe Massa, proveniente da Sauber. Mais jovem, a marca italiana esperava que ele fosse um piloto veloz e capaz de ser mais do que um mero escudeiro... pelo menos, era o que pensavam os brasileiros. 


Do lado da Renault, a rival que o tinha batido na temporada anterior, Fernando Alonso tinha por fim o numero um que sempre cobiçara e parecia estar em Itália de modo permanente, mas por fim, mudava de sítio. O espanhol, o novo "kid on the block", tinha a companhia de Giancarlo Fisichella, ou seja, em equipa vencedora não se mexia, de forma alguma. E claro, esperava que o novo carro, o R26, fosse uma continuidade de um chassis vencedor.

Quem também ficava sem mexer na sua dupla de pilotos era a McLaren, que mantinha o finlandês Kimi Raikkonen e o colombiano Juan Pablo Montoya. Contudo, havia algumas tensões junto da equipa, especialmente entre o seu patrão, Ron Dennis, e o colombiano, especialmente por causa do incidente do ano anterior, onde se ausentou por duas corridas no ano anterior porque - alegadamente, fora a jogar ténis, mas na realidade, estava a fazer motocross - e ele já se mostrava insatisfeito por estar na Formula 1, pensando noutro horizontes, especialmente os americanos. E a equipa britânica tinha mais algumas cartas na manga, especialmente quanto já preparava um rapazinho local de 21 anos que naquele ano corria na GP2...


A Toyota também mantinha a sua dupla de 2005, constituída por Ralf Schumacher e Jarno Trulli, e queria ver se o TF106 iria aproveitar bem o bem nascido chassis de 2005, que lhes dera pódios e muitos pontos, mas não a vitória que tanto desejavam. Esperavam que o investimento compensasse em 2006. Na Williams, havia novidades: a BMW tinha ido embora, terminando com a parceria que havia desde o ano 2000, e ficavam com o motor Cosworth. Mark Webber iria ter nova companhia: de Nick Heidfeld, iria ter agora outro alemão, e este com um nome famoso: Nico Rosberg. Então com vinte anos, era o filho de Keke Rosberg, e ao contrário do seu pai, que tinha pilotado sob bandeira finlandesa, o filho iria correr nas cores alemãs.

A BMW, como fora dito em cima, tinha ido embora da Williams para abraçar o projeto da Sauber, que não implicava apenas uma mera parceria de motores, mas sim uma quase absorção, como BMW Sauber. Nick Heidfeld foi para lá como seu piloto, ao lado de Jacques Villeneuve, que tinha estado na equipa na tempora anterior. 

A Red Bull continuava em construção, com David Coulthard a pilotar para eles, enquanto eles escolhiam definitivamente Christian Klien, depois de no ano anterior, terem deixado que o italiano Vitantonio Liuzzi fosse seu piloto por três provas. Mas como tinham muito dinheiro, decidiram fazer outra coisa, algo inédito até então: compraram outra equipa.

A Minardi, que lutava no fundo do pelotão desde 1985, e tinha a simpatia de muita gente pela sua capacidade de luta, já tinha sido vendida em 2001 a Paul Stoddart, e no final de 2005, teve uma oferta que não poderia recusar, que era o de ser comprada pela... Red Bull, que queria fazer ali a sua "equipa B", para poder colocar ali os seus jovens talentos. A movimentação era quase ilegal, mas foi adiante, e a equipa mudou de nome para Toro Rosso.


Mas não era a única a mudar de nome. Já se sabia que a Jordan iria acabar para dar lugar à Midland, controlada por Colin Kolles, mas havia movimentações de uma marca de automóveis holandesa, a Spyker, para ficar com o nome, mas isso ainda iria demorar algum tempo. Até lá, o português Tiago Monteiro continuava na equipa com um novo companheiro de equipa, o holandês Christijan Albers

E ainda houve outra mudança de nome. Depois dos bons resultados em 2004 e 2005, a BAR foi absorvida pela Honda e os japoneses assumiram também os chassis, da mesma forma que fazia a Toyota, no sentido de aproveitar o bom momento e, se fosse preciso, vencer antes da sua rival... na equipa, com Jenson Button no lugar, ele tinha um novo companheiro de equipa, o brasileiro Rubens Barrichello, vindo da Ferrari.

O piloto brasileiro tinha substituído o japonês Takuma Sato, mas este não ficara sem carro em 2006. Bem pelo contrário: uma nova equipa tinha aparecido, com motores Honda e chassis comprado... à Arrows e modificado para ficar de acordo com as regras daquele ano. A pessoa que estava por trás desta aventura era Aguri Suzuki, ex-piloto da Zakspeed, Larrousse e Ligier, entre outros, chamando-a de Super Aguri. Esta aventura nipónica - nunca a Formula 1 teve três equipas do país do Sol Nascente! - iria ter como companhia outro japonês, Yuji Ide, que se estreava na categoria máxima do automobilismo, como Albers e Rosberg Jr.


O calendário sofria uma forte modificação nas suas corridas iniciais. Em 2006, a Austrália recebia os Jogos da Commonwealth em Melbourne e pediu para receber a prova mais tarde, e trocou o lugar com o Bahrein, que iria ser o local da prova de abertura do mundial, no circuito de Shakir. De resto, a grande ausência era o GP da Bélgica, porque naquele ano, o circuito de Spa-Francochamps iria sofrer obras de remodelação profundas no circuito e nas restantes instalações.

Mas no meio disto tudo, as grandes novidades que existiam eram as técnicas. É verdade que a batalha de pneus continuava, Bridgestone contra Michelin, embora mais espalhadas do que em 2005 - os japoneses, para além da Ferrari e Midland, tinham agora a Williams, a Super Aguri e a Toyota, enquanto a Michelin fornecia o resto: Toro Rosso, Renault, McLaren, Honda, Red Bull e Sauber. Mas a grande novidade era no regulamento técnico. Os motores passavam a ser de V10 de 3 litros para os V8 de 2,4 litros, com caixas de velocidades de sete marchas. A Toro Rosso iria ter ainda os motores V10 da Cosworth, mas a sua potência tinha sido cortada em 200 cavalos para poder estar equivalente à concorrência. A razão pelo qual fizeram essa troca para abrandar as velocidades de ponta, o que aconteceu... de uma certa maneira. Apesar de nos testes de pré-temporada, os carros conseguiam ser seis segundos mais lentos que os carros com os V10 de 3 litros, quando começou a temporada, mesmo com a redução de potência, conseguiam ser mais eficientes. Havia motores, como o Cosworth V8, que alcançavam limites de vinte mil rotações por minuto, o que era imenso!

Era assim as forças em vista para a nova temporada da Formula 1. Tudo estava pronto para o primeiro dos 18 duelos ao longo daquele ano que prometia ser competitivo e emocionante.    

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