Em 1993, a McLaren não tinha um motor - dizendo melhor - um contrato de fábrica como tinha tido desde 1988 com a Honda. Assinado com contrato com a Ford Cosworth como cliente, porque a sua principal equipa era a Benetton, sentia dificuldades com a relação entre ambas as partes porque o MP4/8 precisava de se desenvolver para contrariar o domínio da Williams e do seu modelo FW15C, com motor Renault.
Sem poder ter as unidades de potência francesas, cuja equipa cliente era a Ligier, esta foi a alternativa que a McLaren teve, e o seu piloto principal, Ayrton Senna, não estava feliz, e exigia coisas como correr pela equipa de Woking a um milhão de dólares por corrida, um valor absurdo para aquela altura, e um pedaço bem grande do orçamento, que teve de ser apoiado em parte pela Marlboro.
Contudo, poderia haver uma alternativa, desde que fosse bem desenvolvida. A Lamborghini, que tinha um potente - mas pouco fiável - motor V12, queria ter uma equipa forte para poder desenvolver a sua unidade de potência, desenvolvida por Mauro Forgheri em 1988, e que começou a andar no ano seguinte em equipas como a Larrousse, Lotus, Ligier, a Lambo, com resultados modestos, algumas pontuações e um pódio, com Aguri Suzuki, no GP do Japão de 1990.
Em meados dessa temporada de 1993, a McLaren decidiu modificar com MP4/8, colocou o Lamborghini V12 e andou ao longo do ano a fazer testes com ele em Silverstone, com o finlandês Mika Hakkinen ao volante. O motor tinha potência, mas não era muito fiável. Melhor ainda, o motor V8 da Ford era mais eficiente, mas mesmo assim, as coisas adiantaram-se, porque já não se pensava muito nisso, a ideia era ver se conseguiam um contrato para 1994. Aliás, a Lamborghini na altura pertencia ao grupo Chrysler, e ter a McLaren teria sido um grande motivo para continuar o projeto.
O auge foi o tal teste que o Ayrton Senna fez no dia a seguir ao GP de Portugal, no Estoril, com o MP4/8B. Ele deu algumas dezenas de voltas, disse que gostou da potência, mas no final Ron Dennis escolheu a Peugeot e a Lamborghini, apostando todos os dados no cavalo que não deu certo, decidiu abandonar de vez a Formula 1.
Anos depois, Hakkinen contou que não gostara nada desse motor.
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