terça-feira, 6 de setembro de 2022

A imagem do dia


Na foto, Nina Rindt espera pelo seu marido, enquanto tira tempos nos treinos do GP de Itália de 1970. Dali a momentos, Jochen Rindt sofrerá o seu acidente mortal. Mais abaixo, na outra boxe, está Maria Helena Fittipaldi, a primeira mulher em Emerson Fittipaldi, que estava na sua quarta corrida na Formula 1, pela Lotus.

Ontem, falei de Jochen Rindt no dia em que passou mais um aniversário do seu acidente mortal. Mas há meio século, na Formula 1, ele tinha uma grande amizade com um seu rival: o escocês Jackie Stewart. E ambos tinham umas coisas em comum: eram excelentes pilotos, tinham casas lado a lado na Suíça, e lindas mulheres. Stewart tinha Helen, Jochen tinha Nina. 

Nascida Nina Licoln em 1943 na Finlândia, o seu pai, Curt Lincoln, era um britânico que foi combater os russos em 1939, na Guerra de Inverno, que é o que os locais chamam à Guerra Russo-Finlandesa. Piloto de automóveis, ajudou a construir em meados dos anos 60 o circuito de Keimola, nos arredores de Helsínquia, e hoje abandonado.

Por esta altura, Nina tinha sido criada em colégios na Suíça, começara a desfilar em Londres, onde fez amizade com Twiggy, a mais conhecida modelo de então. Ou seja, mergulhou nos Swinging Sixties em toda a força. Contudo, em 1966, conhece Jochen Rindt, e no ano seguinte, casam-se. Em 1968, tiveram uma filha, Natasha. Ambos se davam muito bem e ela seguia-o nos circuitos, fazendo aquilo que elas sabiam fazer melhor: tirar tempos dos carros pilotados pelos seus maridos.

Claro, o resto da história é conhecido: a 5 de setembro de 1970, Jochen morre e ela, com 27 anos, é viúva e com uma filha de ano e meio nos seus braços. Foi ela que, mês e meio depois, recebeu o troféu nas mãos de campeão do seu amigo Jackie Stewart. Anos depois, contou numa entrevista que o recebeu "toda encharcada de comprimidos". O troféu ainda está no armário da sala de estar da sua casa. 

Quanto a Natasha Rindt, meteu-se no negócio de "sports management", particularmente na Formula One Management, graças a Bernie Ecclestone, que tinha sido o manager de Rindt nos dois últimos anos de vida.

Uma coisa que não sabia - e esta, quem me conta é o meu amigo Francisco Cunha - é que ela lançou uma moda de relógio que alguns usam, mas poucos sabem. E ela teve um modelo de relógios com o seu nome, coisa rara - para não falar única - entre mulheres de pilotos de Formula 1. Ela gostava dos relógios masculinos de 36 milímetros, bem maiores que os femininos, como sabem. Mas como as correias são maiores e os pulsos das senhoras são normalmente mais pequenas, decidiu mandar fazer uma pulseira de pele para que coubesse à sua maneira, e com o mostrador embutido. 

E ela gostava particularmente de um relógio, marca Universal, modelo Compax. Tempos depois, foi rebatizado com o nome dela, e um usado em bom estado, pode ser encontrado à venda por... 36 mil euros. Engraçado, não? Mas para além disso, há uma explicação: só foram feitos 200 exemplares.

Nina acabou por se casar mais duas vezes: a primeira em 1972, com Pillip Martyn, um jogador profissional, do qual teve outra filha, Tamara, e em 1979, voltou a casar-se com Alexander Hood, Viscount Bridport, um conde escocês, e teve mais um filho, Alexander. Eles divorciaram-se em 1999 e desde então, tem estado fora das luxes da ribalta, embora participe sempre em documentários sobre o seu primeiro marido. 

Em 2011, o jornal italiano Gazzetta dello Sport elegeu-a como a meia bela mulher de sempre na Formula 1.  Uma escolha justa, quando falamos de alguém que lhe se fez conhecer ao mundo nas pistas e acabou por lançar modas.

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