Contudo, esta semana, soube-se que o ChatGPT lançou a sua versão 4.5, onde entre outras coisas, converte fotografias em desenhos de fama mundial. South Park, por exemplo. Mas o mais famoso, por estes dias, é a da japonesa Studio Ghibli, fundado por Hayao Miazaki.
Quando na terça-feira à noite, comecei a ver imagens baseadas nele na rede social Twitter - recuso a chamar aquela coisa de X - em diversos momentos famosos, bastaram poucas horas para aquilo pegar chama em gasolina. Todos começaram a fazer este tipo de imagens, e logo escrevi numa das redes sociais onde este blog tem conta: "Imagens de Formula 1 neste estilo em 5... 4... 3... 2..."
No dia seguinte, bastou uma pesquisa para encontrar as primeira imagens. Abri uma pasta no meu computador para recolher e guardar tudo o que pudesse encontrar. Não demorou muito para ter as suficientes para juntar e publicar em tudo que é rede social. E o impacto foi clamoroso: no Threads, por exemplo, bati o meu recorde pessoal como o mais gostado - mais de 1200 "gostos", e ganhei mais de uma centena de seguidores em 24 horas. E muitos me perguntaram se era eu que tinha desenhado. Não. Apenas fui procurar onde devia, e recolher o mais possível. É uma loucura, quem sabe ou quem tem acesso ao programa - é pago - faz isto, e claro, todos o fazem. Até a Autosport britânica se meteu no assunto! E falamos de ontem e hoje.
Contudo, agora, que escrevo numa sexta-feira à noite, as coisas são diferentes. Até que ponto estas coisas mudam muito depressa. Aquilo que numa quinta-feira de manhã era descrito como algo parecido como a descoberta do Novo Mundo, agora, começa a ser um anátema. Porquê?
Primeiro, de forma irónica, Miazaki detesta a Inteligência Artificial. Corre pela Net uma declaração dele, num documentário de 2016 ou 2017, onde fala do seu desagrado pela IA porque, segundo ele, "retira a alma". E se ele não gosta, então o estúdio poderá não gostar de ver gente, que nunca desenhou na vida - ou desenha de forma amadora - aproveitar um programa de IA para fazer o que quiser, quebrar a magia, digamos assim, mesmo que eles estejam ali porque gostam e estarem a fazer uma homenagem aos desenhos do mestre japonês, quem aposto, encantou as suas infâncias.
E segundo, aposto o que quiserem que nem ele, nem o estúdio, deu autorização à ChatGPT para que o desenho do seu cão, do gato, do Ayrton Senna no GP do Brasil de 1991, possam ser convertidos. E se não deu, então tudo isto é o melhor cartão de visita para receber um processo em cima. E se calhar, algumas centenas de milhões de dólares à Studio Ghibli. Porque como em tudo na vida, há direitos de autor. E se não pagam, então são processados. Não os incautos que fizeram isto, mas a firma de Inteligência Artificial que disponibilizou isto.
Em conclusão, a tecnologia é ótima, mas isto mais parece com a velha frase: "o caminho para o Inferno está pavimentado de boas intenções." E isto virou os paralelepípedos desse caminho infernal.
Assim sendo, coloco aqui mais alguns desenhos relacionados com a Formula 1. Serão os últimos. Não porei mais por aqui. Foi uma viagem curtíssima e bem alucinante, acreditem. E é claro, é o melhor exemplo daquilo que a tecnologia pode fazer. Preparem-se para o futuro.
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