quinta-feira, 15 de julho de 2010

GP Memória - Grã-Bretanha 1990

Depois de Paul Ricard, a formula 1 atravessava o Canal da Mancha e ia para Silverstone, palco do GP britânico, numa pista que já se sabia que teria os dias contados. Depois de 40 anos sem grandes alterações, iria no final deste Grande Prémio passar por profundas obras de remodelação no sentido de ficar um pouco mais sinuosa, um pouco menos veloz. Por exemplo, estava prevista uma nova série de curvas na zona de Woodcote, que ganhava mais alguns metros de pista, mas diminuia a velocidade dos carros...

Sem mudanças no pelotão, com a comédia Life nos bastidores e a Onyx, agora rebatizada Monteverdi, a definhar lentamente, a Leyton House tinha altas expectativas após o seu desenpenho na pista francesa, mas quem deu nas vistas foi a Larrousse, que para começar passaram calmamente das pré-qualificações, acompanhados pelo AGS de Gabriele Tarquini e pelo Osella de Olivier Grouillard.

Na qualificação, Nigel Mansell deu um ar da sua graça ao fazer a pole-position no seu Ferrari, para delirio da multidão de compatriotas que tinham ido a Silverstone para o apoiar. Ayrton Senna ficou a seu lado, no segundo posto, batendo o seu companheiro Gerhard Berger, que por sua vez, tinha a seu lado o Williams-Renault de Thierry Boutsen. Alain Prost, o vencedor de Paul Ricard, era o quinto, seguido pelo Tyrrell-Cosworth do jovem Jean Alesi. Riccardo Patrese era o sétimo, seguido pelos Larrousse-Lamborghini de Eric Bernard e Aguri Suzuki. Ivan Capelli, segundo na prova francesa, era o décimo na grelha de partida.

Dos 30 carros a entrarem na qualificação, quatro ficaram de fora: o Osella de Gouillard, os Onyx-Monteverdi de Gregor Foitek e J.J. Letho e o Brabham-Judd de David Brabham.

No dia da corrida, estava sol e calor na zona, e tudo indicava também uma corrida bem disputada. Mas era algo que Mauricio Gugelmin iria ver das boxes: a sua bomba de combustivel avariou na grelha e não conseguiu largar para a volta de aquecimento.

Na partida, Mansell perdeu alguma velocidade para Senna e tentou intimidá-lo para manter o primeiro posto, mas tal manobra não foi bem sucedida. Senna ficou com a liderança, seguido do "brutânico", Berger, Boutsen e Prost. Contudo, Senna nunca conseguiu afastar-se muito de Mansell e no final da nona volta, o britânico travou mais tarde em Woodcote e conseguiu passar o McLaren, mas em resposta, o brasileiro conseguiu voltar ao comando. Duas voltas depois, Mansell repetiu a manobra e alcançou a liderança da corrida.

Na volta catorze, Senna perde o controlo do carro à entrada da curva Copse e vai à relva, conseguindo voltar à corrida no quinto posto. E entretanto, na volta a seguir, Prost passa Boutsen para ficar com o terceiro lugar, ao mesmo tempo de o Benetton de Alessandro Nannini batia no Williams de Riccardo Patrese, e ainda fez com que o Leyton House de Ivan Capelli se despistasse... Nannini ficou pelo caminho, enquanto que Patrese foi para as boxes, de onde não mais saiu.

Mansell estava a ficar confortável à frente, mas a partir da volta 22, o sistema eletrónico da sua caixa de velocidades decidiu ganhar vida própria e fazer mudanças quando queria e apetecia. E assim permitiu a aproximação de Berger e Prost, mas somente o austriaco ficou com a liderança. Na volta 28, os problemas foram aparentemente resolvidos e Mansell voltou ao primeiro lugar, com Prost a observar tudo à distância.

Logo a seguir, Prost faz a mesma manobra e fica com o segundo lugar. Havia ordens de equipa para que ambos os carros de Maranello mantivessem as suas posições, mas a caixa de velocidades de Mansell não estava nos seus melhores dias e Prost não iria esperar, pelo que na volta 43, foi para a liderança. Mais atrás, Capelli era terceiro, tendo ultrapassado Berger, e iria tentar a mesma graça de Paul Ricard, mas uma fuga de combustivel, na volta 48, acabou com as suas hipóteses.

E na volta 53, a caixa de velocidades de Mansell acabou, fazendo com que ele encostasse o seu carro à saída das boxes. Saiu e atirou as suas luvas e mascara de protecção ao público que aplaudia pelo seu esforço. Algumas voltas depois, era a vez de Berger desistir, com problemas no cabo do seu acelerador.

No final, Alain Prost alcançava a sua terceira vitória consecutiva na temporada, e a 47ª da sua carreira, seguido pelo Williams de Thierry Boutsen e pelo McLaren de Ayrton Senna. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Larrousse-Lamborghini de Eric Bernard, na sua melhor classificação até então, o Benetton de Nelson Piquet e o outro Larrousse-Lamborghini do japonês Aguri Suzuki. Era a primeira vez que pontuava na sua carreira.

Contudo, tudo isto ficou em plano secundário quando Mansell disse nnuma conferência de imprensa pós-corrida que iria abandonar a carreira no final da temporada, após cumprir o seu contrato com a equipa de Maranello. O anuncio foi recebido em choque por fãs e profissionais, que reconheciam a sua competência e a sua luta contra um carro que muitas vezes o traia. Será que até Adelaide o iriam tentar mudar de ideias? E se sim, quem seria essa pessoa?

Fontes:

1 comentário:

Anónimo disse...

Com essa vitória na pista inglesa, Alain Prost assumia pela primeira vez a liderança do campeonato.
Essa foi a única vez que os carros da Larrousse pontuaram na categoria: 4º Eric Bernard e 6º Aguri Suzuki.