Uma das noticias em destaque no dia de ontem foi o anuncio do prolongamento do contrato de Sebastien Vettel por mais dois anos, até ao final da temporada de 2014. De uma certa forma, encerra-se assim um "não capitulo" que tinha começado umas semanas antes com uma declaração de Sebastien Vettel, entre o inocente e o inconsciente que não desdenharia algum dia correr na Ferrari. A coisa resultou em que algumas pessoas começassem a especular que Sebastien Vettel poderia ir para a Ferrari num futuro próximo, para substituir Fernando Alonso, ou então que ele estaria já a pensar em outros vôos, agora que tinha o título.
Na realidade, a coisa deve ser encarada como uma brincadeira que resultou numa bola de neve desnecessáriamente grande, e que revela, uma vez mais, as vistas curtas de muitos dos "iluminados" que andam por aqui. A ligação da Red Bull a Sebastien Vettel data desde os seus primeiros tempos nos monolugares. Sempre correu apoiado na Junior Team, de Helmut Marko, desde a Formula 3, à World Series by Renault. E apesar de ter sido piloto de testes da BMW Sauber, tal coisa pode ser encarada como um "soluço", do qual quando a Red Bull pediu à BMW para que ele fosse correr na Toro Rosso - Red Bull em italiano - em substituição do americano Scott Speed, caído em desgraça, a BMW acedeu. E por essa altura, já tinha feito uma corrida pela BMW, no GP dos Estados Unidos de 2007, em substituição de Robert Kubica, acidentado na corrida anterior.
Quando três anos mais tarde, Vettel comemorou em Abu Dhabi a vitória no campeonato do mundo, comemorou com Christian Horner, Adrian Newey e Helmut Marko, o homem que lhe tinha concedido essa oportunidade. De uma certa forma, Vettel deve tudo a essas três pessoas, que lhe deram todas as condições para conseguir aos 23 anos aquilo que sempre sonhou, que foi vencer o campeonato do mundo. E é o mais novo a fazê-lo.
Contudo, como dizia bem Vinicius de Moraes: "O amor é eterno enquanto dura". É certo que quaisquer declaração de amor e juras de fidelidade eterna não depende só da memória, mas também dos milhões que a equipa paga e da manutenção das pessoas à sua volta. Foi assim que Michael Schumacher conseguiu ficar na Ferrari durante onze temporadas e conseguir cinco títulos mundiais. Tinha uma boa equipa atras de si, constituida por um trio que parecia invencível: o projetista sul-africano Rory Bryne, o diretor francês Jean Todt e o engenheiro e estrategista-chefe, o britânico Ross Brawn. Foi com esses três que Michael Schumacher quebrou vinte e um anos de seca e levou a marca de Maranello aos pincaros.
Agora, essa equipa acabou. Todt está na FIA, Bryne goza a reforma, enquanto que Schumacher e Brawn tentam reavivar os bons velhos dias na Mercedes. Mas Schumi já está nos quarentas e o inglês, apesar de ter feito um grande chassis em 2009, na equipa que deu o nome e no qual conseguiu ambos os títulos, luta para repetir o feito em 2011, num chassis que á partida, vai ter dificuldades para acompanhar Ferrari e a Red Bull.
E a mesma coisa acontece a Lewis Hamilton. Tal como Vettel, Hamilton deve tudo à McLaren. Foi Ron Dennis que o apadrinhou e financiou a sua campanha até à Formula 1, e como vimos em 2007, perferiu mandar "às malvas" Fernando Alonso, que tinha pago a peso de ouro da Renault. Contudo, Hamilton está ainda em processo de crescimento e vai ser colocado à prova em 2011, depois de um péssimo inicio de 2009. O chassis é demasiado radical para ser bom e ele, bem como Jenson Button, poderão passar por mais dificuldades em pontuar, quanto mais em vencer ou lutar pela vitória. As campainhas estão ativadas em Woking e os engenheiros trabalham dia e noite para resolver os problemas.
E Lewis, como Jenson Button, quer ganhar o bicampeonato... isto pode ser considerado como um teste para o jovem piloto. Apesar de ainda não ter começado a temporada, se o pior acontecer, aparecerão as especulações sobre a mudança de ares nos pilotos. Certamente que muitos estão curiosos para saber se esse "casamento" é para toda a sua carreira, não é?
Em jeito de conclusão, as lealdades acontecerão enquanto a Red Bull tiver a capacidade de manter a equipa que construiu até aqui. Ou seja, o diretor desportivo Christian Horner, o projetista Adrian Newey e os engenheiros. E claro, enquanto Dietrich Mateschitz tiver dinheiro vindo das latinhas... se tudo correr bem, Sebastien Vettel ficará na equipa de Salzburgo até à reforma.
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