O britânico Jeremy Clarkson, como sabem, é um orgulhoso inglês de tendência conservadora, e arranja sempre uma oportunidade para ser politicamente incorreto para muitas coisas. Mas ele, que é amigo de muitos membros do Partido Conservador - incluindo o primeiro-ministro David Cameron e o "mayor" de Londres, Boris Johnston - é assustadoramente europeu no assunto do momento nas Ilhas Britânicas: o referendo de junho, onde eles vão votar se querem ou não ficar na União Europeia, simplesmente para aplacar os eurocéticos, essa minoria ruidosa.
Na sua coluna do jornal Sunday Times, Clarkson decidiu apoiar o "sim" à União Europeia, afirmando a sua "eurofilia" no sentido de defender uns Estados Unidos da Europa, com um governo, uma moeda e um exército. "Suponho que agora seja um momento tão bom quanto qualquer outro para declarar a minha opinião. Eu estou como o homem que adora a sua mulher. Eu voto sim", revela o jornalista e apresentador de 55 anos.
No artigo de opinião, Clarkson afirma que caso a Grã-Bretanha fique de fora, a sua voz no mundo estaria extremamente diminuída: "Não é melhor ficar em casa e tentar fazer este maldito trabalho funcionar corretamente? Para criar uns Estados Unidos da Europa que funciona bem como os Estados Unidos da América? Com um exército, uma moeda e um conjunto unificador de valores?"
"A Grã-Bretanha, por si só, tem pouca influência no cenário mundial. Penso que estamos todos de acordo com isso. Mas a Europa se fosse bem gerida, bem pensada e tivesse boas políticas de coesão, seria uma tremenda força para o bem comum", continuou.
"Quando estou sentado numa gare de comboio em Bruxelas ou a passear pelos canais do sudoeste da França ou a viajar ao longo de uma auto-estrada, na Croácia, sinto-me muito mais em casa do que eu faço quando eu estou tentando conseguir algo para comer em Dallas ou Sacramento. Eu amo a Europa, e para mim isso é importante", concluiu.
A posição de Clarkson a favor da Europa e da União Europeia não é nova. E não se pode dizer que isso acontece só por causa das suas viagens constantes nos programas do Top Gear - perdem-se as vezes que andou por França, Itália, Alemanha, Holanda, Espanha - esteve no passado mês de novembro no Algarve para gravar alguns episódios para a nova série na Amazon Prime - mas também é por causa de ele acreditar na ideia da União Europeia. Nesse campo, é como Churchill. Mas também ele vê esta União Europeia como um ponto de sanidade entre a possibilidade de uma América governada por Donald Trump e uma Rússia com Vladimir Putin.
O referendo europeu - ou o "Brexit" - acontecerá a 23 de junho, e de acordo com as últimas sondagens, a maioria dos britânicos querem ficar na União Europeia.
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