Quando em 1963, boa parte dos engenheiros da Ferrari se foi embora para fundar a ATS, Enzo Ferrari ficou com um grupo de jovens algo inexperientes, e muitos vaticinaram que a Scueria iria passar por um mau bocado, quer na Formula 1, quer na Endurance. Contudo, esse grupo constituiu as bases de um novo período de sucesso no automobilismo para as cores italianas. Liderados por Mauro Forgheri, exploraram outras vias em termos de potência, em tempos dos motores de 1.5 litros. O resultado destas experiências de 1964-65 resultou em mais um campeonato, desta vez nas mãos do britânico John Surtees, e fez com que usassem quer motores V8, quer motores V12.
Projetado por Mauro Forgheri, o nome de código 158 vem do motor de 1.5 litros, V8, semelhante aos usados pelos Climax britânicos, os seus grandes rivais nas pistas. Depois de ser batido pela BRM e Lotus, em 1962 e 63, decidiu-se combater com as mesmas armas, construindo um motor V8. Mas no mesmo ano, a Honda entrou na categoria máxima do automobilismo, usando um V12, e apesar de em principio ter problemas de desenvolvimento, demonstrou-se ser suficientemente potente para os apanhar. Assim sendo, os dois motores foram construídos em simultâneo para serem usados, sempre que a ocasião surgisse, pois o chassis era o mesmo – usado até para o modelo 156, mais antigo.
O 158 estreou-se nas mãos de John Surtees no GP do Mónaco de 1964, a primeira corrida do ano. O britânico não chegou ao fim da corrida, mas foi segundo classificado na seguinte, em Zandvoort, batido apenas por Jim Clark. Nessa corrida, Lorenzo Bandini pode também usar o 158, mas não chegou ao fim. Em Brands Hatch, Surtees voltou a alcançar um pódio, um terceiro lugar, antes de vencer no Nurburgring e depois, em Monza, colocando-se como candidato ao título.
Nessa altura, estava pronta a versão com o motor V12, que iria ser guiado por Bandini. A sua estreia foi em Watkins Glen, onde não chegou ao fim, numa corrida onde Surtees, com o 158, foi o segundo classificado. E a mesma coisa aconteceu na corrida final, no México, desta vez à frente de Bandini, o terceiro classificado.
Em 1965, ambos os carros foram usados profusamente, tal como também foi usado o 156. Surtees usou primeiro o 158, mas a partir da corrida britânica usou o 1512, alcançando três pódios em conjunto, mas sem vitórias. Aliás, o seu acidente em agosto, durante uma prova de Endurance em Mosport, o deixou fora de combate durante o resto da temporada, com Bandini a tomar conta da equipa. O mexicano Pedro Rodriguez substituiu-o nas etapas americanas, mas os resultados foram modestos.
Em 1966, novos regulamentos fizeram com que se passasse para o dobro da cilindrada, os 3 litros, e a Ferrari adotou o formato V12 para os seus motores, construindo um chassis novo para a ocasião, o 312, que teria varias versões até 1980. Como legado, um dos 158 é hoje em dia frequentemente visto em corridas históricas, tendo como piloto… John Surtees. E ele o guarda na sua garagem.
Ficha Técnica (Ferrari 158)
Chassis: Ferrari 158
Projetista: Mauro Forgheri
Motor: Ferrari V8 de 1.5 litros
Pneus: Dunlop
Pilotos: John Surtees, Lorenzo Bandini, Nino Vacarella e Bob Bondurant
Corridas: 19
Vitórias: 2 (Surtees 2)
Pole-Positions: 2 (Surtees 2)
Voltas Mais Rápidas 2 (Surtees 2)
Pontos: 58 (Surtees 53, Bandini 5)
Títulos: Campeonato do Mundo de Construtores de 1964, Campeonato do Mundo de Pilotos (John Surtees)
Ficha Técnica (Ferrari 1512)
Chassis: Ferrari 1512
Projetista: Mauro Forgheri
Motor: Ferrari V12 de 1.5 litros
Pneus: Dunlop
Pilotos: John Surtees, Lorenzo Bandini, Ludovico Scarfiotti, Pedro Rodriguez
Corridas: 12
Vitórias: 0
Pole-Positions: 0
Voltas Mais Rápidas: 0
Pontos: 22 (Bandini 16, Surtees 4, Rodriguez 2)
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