Mas as circunstâncias da vitória de Prost no Estoril, a última do McLaren TAG-Porsche, foram as de um duelo com o Ferrari de Gerhard Berger, que nessa altura do campeonato, começava a mostrar ser uma máquina superior. Depois de um começo de temporada relativamente modesto, o austríaco tinha conseguido... 12 pontos, após o GP de Itália. Em contraste, o líder de então, Nelson Piquet, tinha... 63. E Stefan Johansson, o quinto classificado, tinha 20.
A pole de Berger tinha sido inesperada. Aliás, na luta entre Nigel Mansell e Nelson Piquet, com o Lotus-Honda de Ayrton Senna a mostrar-se e os fogachos da McLaren e Ferrari, aquilo era algo novo. Na partida, Mansell começou por levar a melhor, mas depois Berger foi para a frente e não tinha qualquer ideia de ceder a liderança para a concorrência. E logo nos primeiros metros, houve uma carambola, onde cinco carros ficaram de fora: o Arrows de Derek Warwick, os Zakspeed de Martin Brundle e Christian Danner, o Ligier de René Arnoux, o Minardi de Adrian Campos e o Lotus de Satoru Nakajima. Todos depois regressarem para uma segunda partida, excepto Danner.
O austríaco deu o seu melhor ao longo da corrida, e aparte uma troca de liderança com Michele Alboreto meio da corrida, parecia que iria ser o dia de Maranello, algo que não acontecia desde há mais de dois anos, quando o italiano triunfou no GP da Alemanha de 1985, no Nurburgring.
A parte final foi emocionante. Berger sentia a pressão de Prost e aproximava-se fortemente da liderança. Sem Mansell, que tinha desistido na volta 13 por problemas elétricos, e com Ayrton Senna a atrasar-se - acabaria em sétimo, a duas voltas do vencedor - parecia que iria ser um duelo entre McLaren e Ferrari. E a pressão de Prost sobre Berger foi tal que no início da penúltima volta, no final da reta da meta, Berger não aguentou e perdeu a liderança para o francês, acabando por ficar com o segundo lugar.
O que não se sabia era que este não tinha sido um "one-off" ou haveria algo mais. As vitórias do austríaco no Japão e na Austrália mostraram parecer ser o início de algo impressionante para Maranello. Na realidade... não. Acabaram por ser as últimas vitórias com o Commendatore ainda em vida. Mas a performance de Berger, naquela tarde no Estoril, era uma amostra das coisas que acabariam por vir.
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