terça-feira, 18 de março de 2008

O piloto do dia - Derek Daly

Sem encontrar ninguém importante que faça anos hoje, decidi andar para trás no calendário para ver quem andou a comemorar o seu aniversário natalício. Quando descobri o Derek Daly, através do João Carlos Viana, para mim foi uma "mina de ouro". Não só pela sua história de vida, mas também porque há muito que queria fazer a sua biografia. Quanto ao "discreto", só se for por brincadeira, pois todos os irlandeses que conheci são todos menos calados. Afinal, foram eles que inventaram a cerveja Guiness...

Nascido a 11 de Março de 1953 em Dundrum, perto de Dublin (fez agora 55 anos), Derek Daly começou tarde a sua carreira automobilistica. Aos 17 anos começou a competir nos Stock Cars irlandeses, sendo campeão em 1972. Contudo, para continuar a correr, precisava de financiamento, e como era difícil arranjar, mudou-se para a Austrália... para trabalhar em minas de cobre! Depois de conseguir dinheiro suficiente voltou a Inglaterra em 1976 parra correr na Formula Ford inglesa e irlandesa, num Hawke.

Nesse ano, depois de ganhar o campeonato irlandês, participou no Formula Ford Festival, no circuito de Brands Hatch, que nesse ano ganhou o título de "Tribute to James", em homenagem a James Hunt, o campeão daquele ano. Corrido debaixo de chuva, Daly conseguiu ultrapassar todos os obstáculos e chegou à final, vencendo com categoria.

Isso foi o suficiente para que Derek McMahon, que tinha a sua própria equipa na Formula 3 inglesa, o contratar para a temporada de 1977. Correndo na BARC Series, e tendo como opositor um jovem brasileiro chamado... Nelson Piquet, Daly ganhou as cinco provas finais do campeonato, tornando-se campeão.O passo seguinte chamava-se Formula 2, e ele foi contratado pela Chevron para correr o Europeu. Nesse ano, mostra-se competitivo e ganha duas corridas em Itália (Mugello e Vallelunga), terminando o ano na terceira posição, atrás do italiano Bruno Giacomelli (campeão) e do suiço Marc Surer (vice-campeão).

Entretanto, o talento de Daly tinha sido captado por equipas de Formula 1, e a Hesketh precisava desesperadamente de dinheiro para sobreviver. Depois do Grande Prémio da Africa do Sul, houve uma corrida extra-campeonato, o BRDC International Trophy, no circuito de Silverstone. Eles convidam Daly para correr, e ele aceita. Numa pista totalmente encharcada, Daly surpreende tudo e todos ao liderar a corrida, logo na primeira volta! Infelizmente, ele despistou-se, devido à quebra do seu visor...

Mas ele já tinha dado nas vistas, e depois de três não-qualificações com o Hesketh, Daly mudou-se para a Ensign, e corria por eles quando o calendário da Formula 2 não coincidia com o da Formula 1. Aliás, Nelson Piquet teve a sua estreia na Alemanha porque nesse fim de semana, Daly estava a correr uma prova de Formula 2... no final do ano, no Canadá, conseguiu levar o seu Ensign a um sexto lugar final, numa corrida marcada pela chuva. Esse ponto deu-lhe o 19º posto final.

Em 1979, Daly repartiu a temporada entre a Formula 2, onde correr no Project Four de Ron Dennis, e a Formula 1, onde corria pela Ensign. Foi uma época mais ou menos frustrante, pois se na formula 2, somente ganhou uma prova, no final do ano, na Formula 1, o Ensign era cada vez mais um carro do fundo do pelotão, coleccionando não-qualificações. Contudo, no final do ano, Ken Tyrrell deu-lhe uma chance para correr no seu terceiro carro nos GP's do Canadá e Estados Unidos.

Em 1980, Daly torna-se piloto a tempo inteiro na equipa do "Tio Ken" e faz uma boa temporada, acabando em quarto lugar em duas ocasiões: Argentina e Inglaterra. Mas Daly foi protagonista em mais duas corridas daquele ano, pelas piores razões: no Mónaco, causou uma carambola que o atirou ao ar e provocou a desistência dele, do seu comapnheiro de equipa Jean-Pierre Jarier e do Alfa Romeo de Bruno Giacomelli. Na Holanda, protogonizou outro vôo, na famigerada Curva Tarzan, onde bateu no muro de pneus... e escapou ileso. No final desse ano, conseguiu seis pontos e ficou na 11ª posição do campeonato.

Em 1981, muda-se para a March, com o apoio da cerveja Guinness, mas foi uma mudança "de cavalo para burro". Não teve muitas chances de se qualificar, e o seu melhor foi um sétimo lugar na Grã-Bretanha. Em 1982, começa a temporada na Theodore, e as coisas caminhavam para outra época sem resultados de relevo, quando a sorte bateu-lhe à porta.

A Williams ficara sem Carlos Reutmann após o GP do Brasil, e tinham contratado Mario Andretti para correr o GP de Long Beach. Tendo apoiado o boicote da FOCA ao GP de San Marino, em Imola, Frank Williams sabia que precisava de alguém para secundar o finlandês Keke Rosberg. Virou-se para Derek Daly, que prontamente aceitou.

Depois de uma estreia discreta em Zolder, esteve quase a ganhar no Mónaco, numa das corridas mais confusas da Formula 1, onde ninguém sabia se haveria alguém a cortar a meta! Daly tinha tido um acidente no inicio da corrida, e ficou sem asa traseira e com a caixa de velocidades danificada. Contudo, conseguiu prosseguir mais ou menos bem até perto do fim, e todos achavam que ele iria cortar a meta em primeiro lugar, pois estava atrás de Riccardo Patrese e de Andrea de Cesaris, que tinham desistido antes. Só que a 300 metros da meta, a caixa de velocidades foi-se de vez e a sua melhor chance de ganhar esfumou-se. No final, classificou-se na sexta posição.



Continuou a conseguir regularmente classificações nos pontos, com três quintos lugares em Detroit, Zandvoort e Brands Hatch, e na última corrida do ano, em Las Vegas, foi sexto, protegendo Keke Rosberg dos ataques da concorrência, e ajudando-o a ser campeão do mundo, numa corrida ganha por Michele Alboreto. Contudo, essa seria a sua última corrida na Formula 1.

A sua carreira na Formula 1: 64 Grandes Prémios, em cinco temporadas (1978-82), 15 pontos.

Ainda em 1982, estreia-se na Formula Indy, e no ano seguinte, consegue qualificar-se pela primeira vez para as 500 Milhas de Indianápolis, onde seguia na nona posição quando o seu motor rebentou. No ano seguinte, após algumas boas prestações, sofre o seu pior acidente da sua carreira, na oval de Michigan. Parte os tornozelos, a pelvis, a perna direita, a mão direita e duas costelas, entre outras fracturas. Sofre várias cirurgias, e fica meses em fisioterapia, para além de sofrer várias cirurgias ao longo de três anos. contudo, regressará as competições e correrá na CART até 1989.

Após isso, para para os Sport-Protótipos, onde correr pela Jaguar, classificando-se em quarto lugar nas 24 Horas de Le Mans de 1988, e terganho pela Nissan, as 12 Horas de Sebring em 1990 e 1991. Após isso, retirou-se da competição e fixou residência nos Estados Unidos, onde se naturalizou americano. A partir de 1995, passou a ser comentador televisivo, primeiro na CBS Sports, e depois na ESPN, cobrindo a CART e a Formula 1.

Actualmente, é "motivational speaker" para a Motorvation, fundada por si, para além de dirigir a Derek Daly Academy, uma escola de pilotagem, onde Sylverster Stallone foi um dos seus alunos, quando se preparou para o filme "Driven" (sim, aquela comédia de filme sobre a CART...), e também ajuda a desenhar circuitos quer nos Estados Unidos, quer na América Latina.

Fontes:


5 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

O que mais curti foi o capacete do homem... original...

Rianov disse...

Grande Speeder_76,
Fiquei ate emocionado quando li sua mensagem, para mim é uma honra ter alguem do seu quilate comentando no meu blog, logo eu que sempre acompanhava o seu...
Muito obrigado pelos elogios e estou me esforçando ao maximo para fazer o melhor,
Um abraço de seu amigo leitor
Rianov Albinov

João Carlos Viana disse...

Olá Speeder

O que achei discreto do Daly foi sua carreira...

Se vocês gostasse do Mundial de Motociclismo, você iria gostar do meu novo bio.

Abraços!

Anónimo disse...

Legal esses históricos que tu fazes, é um "saudade não tem idade", muito legal com fotos da passagem do piloto em todas as equipes. Parabéns.