sábado, 7 de janeiro de 2017
A imagem do dia
Isto é Oruro, este sábado. O "bivouac" de Oruro, para ser mais preciso. A chuva tem sido inclemente, e isso tem acontecido desde que a caravana entrou em terras bolivianas: chuva ininterrupta, que tem transformado os ribeiros - muitas vezes sem água - em rios revoltos. Por causa disso, o Dakar foi interrompido este sábado, quando iam de Oruro até à capital, La Paz, para um merecido dia de descanso. Afinal, vão ser dois...
E estas imagens são um pouco o espelho da dureza que este Dakar tem sido. Claro, os organizadores fazem de tudo para que isto seja duro, mas parece que este ano, das duas uma: ou exageraram na dureza, ou os pilotos andam a puxar demasiado pelos seus limites. Uma coisa é certa: de aborrecido, o Dakar não tem nada. Ainda por cima, eles estão a mais de 4000 metros de altitude, e aguentar tudo aquilo não é para todos. A não ser que bebam um cházinho de coca...
O Dakar voltará a competir na segunda-feira, fazendo o percurso de volta para a Argentina, do qual demorará mais um ou dois dias para lá sair, e claro, rumar velozmente para Buenos Aires, palco da chegada deste rali. Está a ser bem interessante!
No The Grand Tour desta semana...
TheGrandTour S01E09 Stuttgart por carabinieri8
Esta semana, no The Grand Tour, eles estão de volta à tenda, que desta vez esta montada em Estugarda, no coração industrial da Alemanha (Porsche e Mercedes têm aqui as suas sedes, recorde-se), e no programa, os Três Estarolas andarão em carros modificados, James May andará de bazuca e Jeremy Clarkson com uma metralhadora (depois de ter assassinado um Mercedes). Entre outras coisas.
Vai ser um bom programa. E a partir de agora, podem ver aqui.
Vai ser um bom programa. E a partir de agora, podem ver aqui.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2017
Dakar 2017: Etapa 5 - Tupiza - Oruro
A quinta etapa do Dakar, a primeira a ser feita totalmente em terras bolivianas nesta edição de 2017, ligou as localidades de Tupiza e Oruro, no total de 692 quilómetros, 447 dos quais em troços cronometrados. Contudo, esta foi uma etapa dura, não só em termos de altitude - mais uma vez, andaram acima dos 3500 metros - como o mau tempo fez das suas. Tanto que esta foi encurtada, depois de alguns ribeiros terem transbordado com tanta água. Aliás, esta zona da Bolivia tem sido afetada no último mês com o mau tempo. A especial cronometrada acabou por ter "meros" 219 quilómetros.
A primeira grande novidade foi a desistência de Carlos Sainz. Apesar do forte capotamento que tinha sido vitima no dia anterior, ele acabou por chegar ao fim da etapa, mas os estragos no seu Peugeot eram tão grandes que simplesmente achou que o melhor seria deitar a toalha ao chão. Assim sendo, a Peugeot, que parecia estar destinada ao domínio, depois da desistência de Nasser Al Attiyah, sofreu a sua primeira grande baixa na sua equipa.
E nas motos, se ontem falamos que Joan Barrreda Bort tinha sido penalizado um uma hora por ter reabastecido em local inapropriado, descobriu-se também que Paulo Gonçalves também foi penalizado, mas em 48 minutos, pelos mesmos motivos. Logo, caiu de quinto para o 16º posto da geral, a mais de uma hora do primeiro.
Mas na marca do leão, nem tudo foram más noticias. Sebastien Loeb foi o grande vencedor do dia, ganhando sobre Nani Roma por meros 44 segundos. Stephane Peterhansel perdeu um minuto e meio na etapa, enquanto que Cyril Després foi quarto, perdendo dez minutos... e a liderança. Mikko Hirvonen é outro dos perdedores do dia, ao chegar à meta 40 minutos depois do vencedor, caindo para o quinto posto da geral.
Assim, Peterhansel lidera, com uma vantagem de um minuto e nove segundos sobre Loeb, e quatro minutos e 54 segundos sobre Després, e cinco minutos e 35 segundos sobre Nani Roma.
Nas motos, o britânico Sam Sunderland foi o mais veloz, numa etapa onde Paulo Gonçalves esteve em destaque, ao ser segundo classificado, a sete minutos do piloto britânico. Pablo Quintanilla perdeu 15 minutos na etapa, e em consequência, perdeu também a liderança para... Sunderland. Outro dos perdedores foi Matthias Walkner, perdeu mais de vinte minutos e caiu para o 20º posto na etapa, e é quinto na geral. Mas ficou na frente de Barreda Bort, que perdeu mais 37 minutos e caiu para a 22ª posição da geral. Adrien Van Beveren foi o terceiro na etapa, e agora é também o terceiro na geral.
Amanhã, o Dakar segue em terras bolivianas, rumando de Oruro para La Paz, a capital, num troço com o total de 786 quilómetros, 527 dos quais em troços cronometrados.
Noticias: Manor pediu proteção contra credores
A Manor pediu esta sexta-feira uma proteção contra credores, nos moldes do qual tinha pedido em 2012. Segundo conta hoje a Sky Sports, no seu site, a Just Racing Services Ltd, empresa proprietária da Manor Racing, decidiu chegar a acordo com a FRP Advisory, especialista em gestão de empresas em processo de proteção de falência. Eles já tinham feito o mesmo serviço quando a Marussia entrou num processo semelhante, e por agora, não pretende despedir nenhum dos 212 funcionários. Contudo, necessitam urgentemente de encontrar um novo parceiro para garantir a presença no GP da Austrália.
Nos últimos meses, a empresa tentou arranjar um novo comprador para a equipa, tendo havido contactos bem avançados com um grupo de investidores americanos, liderados por Tavo Helmund, o promotor do GP dos Estados Unidos, no Circuit of the Americas. Contudo, tais conversações parecem ter caído, logo, tiveram de tomar esta decisão.
Como é sabido, a Manor ficou na 11ª posição do campeonato de Construtores em 2016, depois de ter conseguido um ponto na Austria, graças a Pascal Wehrlein. Contudo, no GP do Brasil, Felipe Nasr fez um nono posto e com os dois pontos subsequentes, fez passar a equipa de Hinwill para a décima posição, importante para as finanças da equipa, pois permite uma injeção superior a 35 milhões de dólares por parte da FOM. Sem isso, e apesar de Stephen Fitzpatrick ter garantido que isso não afetaria as suas finanças a curto prazo, disse que a longo prazo, tinha de se fazer alguma coisa.
E é por isso que ainda não foram anunciados os pilotos que poderiam correr com eles em 2017. Há quatro candidatos para o lugar: O brasileiro Felipe Nasr - curiosamente, pode haver uma troca entre ele e Wehrlein, já que se fala que o alemão poderá ir para a Sauber - o mexicano Esteban Gutierrez, que foi dispensado pela Haas, o indonésio Rio Haryanto e o britânico Jordan King, cujo pai, Justin, já trabalhou para grandes empresas britânicas como a Sainsbury's e a Marks & Spencer.
Contudo, Haryanto perdeu recentemente o apoio da Petramina, a petrolífera indonésia, e Nasr tem apenas cerca de cinco milhões de euros de patrocínio pessoal, que é manifestamente insuficiente. Já Gutierrez poderá ter apoios mexicanos, mas estes tem de ser bem "gordos" para assegurar a sobrevivência da equipa, e claro, serem uma mais-valia, e King ainda não tem garantias de que vai arranjar bons apoios em terras de Sua Majestade.
Veremos no que isto irá dar. à partida, parece que tudo indique que estarão presentes em Melbourne, mas poderá ser uma temporada de "credo na boca", um pouco semelhante à última temporada da Caterham, em 2014, quando Tony Fernandes decidiu "desligar a ficha" por causa da Formula 1 ser um sorvedouro de dinheiro.
Dakar: Barreda Bort penalizado, Quintanilla lidera
O Dakar, como sempre, é palco de coisas inesperadas. E o inesperado alcançou o comando na categoria de motos, pois o então líder, o catalão Joan Barreda Bort, foi penalizado em... uma hora (sim, leram bem, 60 minutos de penalização!). A razão? Um reabastecimento fora de tempo.
Por causa dessa "brincadeira", o catalão cai para a 13ª posição, enquanto que o comando vai para o chileno Pablo Quintanilla. Paulo Gonçalves, deduzidos os dez minutos que perdeu a ajudar Toby Price, que como sabem, sofreu uma queda que o obrigou a abandonar o Dakar, é agora o quinto classificado da geral, a meros... sete minutos do novo líder. Matthias Walkner e o segundo, a dois minutos e sete segundos.
Tudo isto quando a caravana do Dakar entrou em terras bolivianas, quando amanhã eles percorrerem o trajeto entre Tupiza e Oruro, em alta altitude dos Andes.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
A imagem do dia
O eslovaco Ivan Jakes é um dos melhores privados que andam neste Dakar. Mas para 2017, ele tem uma história para contar... aos bisnetos. Jakes, atualmente com 40 anos, é um excelente "motard" que em 2013 alcançou a sua melhor classificação de sempre, ao ser quarto classificado.
Este ano, o piloto anda aos comandos de uma KTM, e na etapa de ontem, a cerca de 300 km de Jujuy, passava por uma parte complicada do troço, debaixo de chuva quando... foi atingido por um raio. Jakes parou, mas depois continuou, sem ferimentos aparentes. E chegou ao fim, com fortes dores no braço e visão turva, mas de resto, estava bem.
Foi ao posto médico, para fazer exames de rotina, mas depois de um diagnóstico aturado, descobriram que não teve nenhuma complicação cardíaca... e deixaram-no continuar! E continua: hoje terminou no 15º posto na etapa e está um lugar mais abaixo na geral.
Em suma, eis mais um episódio que pode contar aos seus descendentes, para além da dureza dos troços sul-americanos.
Este ano, o piloto anda aos comandos de uma KTM, e na etapa de ontem, a cerca de 300 km de Jujuy, passava por uma parte complicada do troço, debaixo de chuva quando... foi atingido por um raio. Jakes parou, mas depois continuou, sem ferimentos aparentes. E chegou ao fim, com fortes dores no braço e visão turva, mas de resto, estava bem.
Foi ao posto médico, para fazer exames de rotina, mas depois de um diagnóstico aturado, descobriram que não teve nenhuma complicação cardíaca... e deixaram-no continuar! E continua: hoje terminou no 15º posto na etapa e está um lugar mais abaixo na geral.
Em suma, eis mais um episódio que pode contar aos seus descendentes, para além da dureza dos troços sul-americanos.
Dakar 2017 - Etapa 4, Jujuy - Tupiza
A etapa de hoje do Rali Dakar, que liga as localidades de Jujuy e Tupiza, na Bolivia, é uma em que todos continuam a subir até aos Andes e o Atacama, num troço que tem 521 quilómetros, 416 dos quais em troço cronometrado.
Não foi uma etapa fácil para os Peugeot. Apesar de ontem terem tido uma vitória em toda a linha - para além dos três primeiros lugares, ainda viu abandonar Nasser Al Attiyah, um dos seus maiores rivais - hoje, as coisas ficaram complicadas. Carlos Sainz, Stéphane Peterhansel e Sébastien Loeb perderam muito tempo. Primeiro, o espanhol parou e perdeu onze minutos por uma razão não especifica, do qual recuperou parcialmente... até ele capotar numa ravina, perdendo mais tempo. Já Sebastien Loeb perdeu muito mais, cerca de 25 minutos, e com isso cedeu o comando da geral. Peterhansel perdeu 15 minutos, e no final também fez uma recuperação parcial.
Quem desistiu de vez, entre os da frente, foi o saudita Yazid Al-Rahji, no seu Mini, que ia na sétima posição na geral, e o segundo melhor entre os Mini, depois de Mikko Hirvonen. Tinha já perdido mais de uma hora quando tomou a decisão de abandonar.
Quem desistiu de vez, entre os da frente, foi o saudita Yazid Al-Rahji, no seu Mini, que ia na sétima posição na geral, e o segundo melhor entre os Mini, depois de Mikko Hirvonen. Tinha já perdido mais de uma hora quando tomou a decisão de abandonar.
No final da etapa, o melhor foi Cyril Després, no quarto Peugeot, com dez minutos de vantagem sobre Mikko Hirvonen, que foi segundo, no seu Mini, e Nani Roma na terceira posição, a quase treze minutos do vencedor.
Na geral, Després aproveitou a hecatombe para ficar com o comando, e agora está a quatro minutos e oito segundos de Peterhansel e cinco minutos e quatro segundos de Hirvonen. Sebastien Loeb caiu para o sexto posto, mas está a seis minutos e 48 segundos da liderança, logo, isto pode ser recuperável para o francês, nove vezes campeão do mundo de ralis.
Já nas motos, a etapa também foi animada. A grande novidade foi a queda do australiano Toby Price, o atual campeão, que foi obrigado a abandonar o rali, pois sofreu uma fratura no fémur. A queda aconteceu no quilómetro 371, numa altura em que o australiano tentava apanhar Joan Barreda Bort, e chegou a haver uma altura em que a diferença era de um minuto entre ambos. Paulo Gonçalves parou para ajudar Price e perdeu mais de dez minutos. Por causa disso, acabou no nono posto na etapa e caiu para o mesmo posto na geral, a 38 minutos da liderança.
O grande beneficiado disto tudo foi, claro, Barreda Bort, que consolidou a sua liderança, mas o vencedor na etapa foi Matthias Walkner, que ganhou ao catalão em dois minutos e dois segundos. Sam Sunderland perdeu mais de 16 minutos na geral é agora o terceiro na geral. Michael Metge e Xavier de Soultrait foram, respectivamente, terceiro e quarto na etapa e mantêm-se nos lugares da frente. Outro português, Hélder Rodrigues, foi o 14º na etapa, cinco lugares mais à frente de outro português, Mário Patrão.
E já agora... Ivan Jakes largou para a etapa e chegou no 15º posto da geral. Vinte e quatro horas depois de ter sido atingido... por um raio.
E já agora... Ivan Jakes largou para a etapa e chegou no 15º posto da geral. Vinte e quatro horas depois de ter sido atingido... por um raio.
Amanhã, todos farão mais uma etapa em terras bolivianas, entre as localidades de Tupiza e Oruro, no total de 692 quilómetros, 447 dos quais em troços cronometrados.
Dakar em Cartoons - Nasser Al-Attiyah (Cire Box)
Os Cesares são o equivalente francês aos Oscares, e a estátua é basicamente uma espécie de compactação abstrata feita pelo escultor Cesar Balcaddini (1921-98), e no cartoon feito pelo "Cire Box", basicamente estão a dar como prémio "pelo melhor abandono precoce" aquilo que parece ser o seu carro...
Claro, Nasser Al-Attiyah não diz que está emocionado, afirma apenas que tem "poeira nos seus olhos"...
Este carro vai salvar a Faraday Future?
Depois de muitas especulações sobre o futuro da Faraday Future, o consórcio sino-americano que pretende construir carros elétricos - e autónomos - e das duvidas que existem sobre se há dinheiro para construir a fábrica que estão a fazer no estado do Nevada, entre outras coisas, a marca por fim apresentou o seu novo carro, o FF 91 (lê-se nove um e não novente e um, dizem eles)
O carro foi apresentado no CES (Consumer Electronics Show) em Los Angeles, na madrugada de terça para quarta-feira, e é basicamente a mistura de um SUV com uma berlina de luxo. A ideia é produzi-lo em 2018, mas já abriram encomendas para o modelo. Eles reclamam de uma aceleração de 0 aos 100 em meros... 2,5 segundos (!) e prometem fazer baterias de alta densidade com autonomia até 700 quilómetros. O sistema, com baterias colocadas ao longo do automóvel, apresenta uma potência que poderá ir até aos mil cavalos, e as baterias podem ser carregadas na sua totalidade em menos de quatro horas.
O habitáculo tem grandes dimensões, as portas são em forma de portão, que garantem um acesso fácil ao interior, tem bancos traseiros reclináveis e ajustamentos para otimizar o espaço para as pernas e apoio lombar, bem como funções de massagem, aquecimento e ventilação. Há um tejadilho panorâmico em cristais líquidos, que pode se tornar transparente ou opaco conforme as necessidades dos ocupantes.
E então? No papel, é um concorrente sério do Tesla, e nesse campo, os engenheiros fizeram um bom trabalho. Mas também o Fisker Karma parecia ser um concorrente sério ao Tesla Modelo S e entrou em falência em 2014, e agora tenta reerguer-se como Karma, e com dinheiro... chinês. Contudo, ao ler as impressões que os jornalistas do Jalopnik tiveram quando foram à apresentação foi que há dúvidas por esclarecer. Não foi mostrado o interior, a tentativa de fazer uma demonstração de estacionamento autónomo foi um fracasso embaraçante, e tudo indica que aquele carro não é um modelo pronto para a produção. Claro, eles dizem que o carro estará à venda em 2018, mas a Tesla fez apresentações semelhantes no passado, com os seus modelos (o X e o 3) e todos puderam ver todos os aspectos desses modelos.
E isso não ajuda muito aos recentes rumores de que não há dinheiro para desenvolver tudo aquilo que a marca anda a fazer. Há salários em atraso, membros da equipa - engenheiros a diretores - que estão a abandonar o barco porque... o dinheiro acabou, e a fábrica que deveriam estar a construir no Nevada está parado desde meados de dezembro.
Este carro é capaz de ter chegado demasiadamente tarde.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
A(s) image(ns) do dia
Pobre Nasser. Que tem talento e velocidade, tem, mas um pouco mais de sorte poderia ter, especialmente quando este ano vai ter de lidar contra a armada da Peugeot, com os seus 3008 DKR, e com três pilotos capazes, nas figuras de Sebastien Loeb, Carlos Sainz e Stephane Peterhansel. A eventual perda do piloto qatari - mesmo que acabe a etapa e continue, já perdeu duas horas - é um golpe duro aos que esperavam forte concorrência às máquinas francesas, que muitos vêm como prováveis vencedores deste Dakar.
Para piorar as coisas, para Nasser, isto foi duro porque andava a disputar a etapa palmo a palmo com Peterhansel. A coisa poderia ter acabado mal para o outro lado, mas o azar calhou a ele. Arrancar uma roda e arrastar-se até ao final, com as pedras em cima do seu carro para tentar fazer contra-peso, para ver se tinha alguma chance de chegar ao fim e poder trocar todas as peças defeituosas (ou arrancadas) para estar fresco e viçoso para mais uma dura etapa em terras sul-americanas... e ainda por cima, é dos tipos mais simpáticos que se conhece do automobilismo.
Vamos a ver o Dakar não acabou por aqui. Não creio, porque ainda temos os Mini, e agora, o maior opositor aos Peugeot é um velho conhecido do líder, Sebastien Loeb: é o finlandês Mikko Hirvonen.
Dakar 2017 - Etapa 3, Tucuman - Jujuy
A terceira etapa, que ligou hoje as cidades de Tucuman a San Salvador de Jujuy, num total de 780 quilómetros, 364 dos quais em troço cronometrado, acontece numa altura em que motos, carros, camiões e quads começam a subir em altitude, rumo ao planalto do Atacama. As coisas foram de tal forma duras, até em termos de temperatura, que tiveram de suportar até 5ºC a quase cinco mil metros de altitude, o que levou a que existisse a certa altura a neutralização de parte da etapa.
Nos automóveis, o grande vencedor do dia foram os Peugeot, que provavelmente viram hoje o final do rali de um dos seus maiores rivais, o Toyota de Nasser Al Attiyah. O piloto qatari ficou sem uma roda no seu carro no final de uma etapa dura, depois de um duelo com o Peugeot de Stephane Peterhansel pela vitória na etapa. Perdeu mais de duas horas e poderá ter dito adeus ao rali. Por causa disso, houve uma tripla da marca do leão, com o francês a chegar três minutos na frente de Carlos Sainz, enquanto que Sebastien Loeb foi o terceiro, na frente do Mini de Mikko Hirvonen.
Para piorar as coisas, quem também teve um péssimo dia foi Giniel de Villers, pois o piloto sul-africano perdeu mais de 36 minutos devido a problemas mecânicos. Assim sendo, para a Toyota, este foi um péssimo dia.
Na frente. Loeb continua a liderar, mas agora tem 42 segundos de vantagem sobre Carlos Sainz, enquanto que Stephane Peterhansel está a quatro minutos e 18 segundos. Mikko Hirvonen subiu ao quarto posto e está a nove minutos e 18 segundos do comando, e é o melhor dos Mini.
Nas motos, o grande vencedor foi o catalão Joan Barreda Bort, que aproveitou bem para fazer um dos seus melhores desempenhos no Dakar. o piloto da Honda levou a melhor sobre Sam Sunderland, que ficou a 13 minutos e 29 segundos, e sobre o Husqvarna de Pierre-Alexandre Renet, que ficou a 16 minutos e 31 segundos.
No final da etapa, Barreda Bort referiu que esta era uma “etapa que tinha anotada com especial atenção nos meus planos. Ontem perdi algum tempo, o que foi uma pena, mas hoje tudo correu bem. Controlei os acontecimentos durante o dia e tirei proveito das situações para atacar. A corrida ainda é muito longa pelo que as diferenças que foram estabelecidas ainda não representam muito. Esta estratégia que adotei de controlo e ataque penso que é a ideal”.
Já Paulo Gonçalves ficou na quinta posição, a 17 minutos e 20 segundos, enquanto que Joaquim Rodrigues Jr foi o segundo melhor português, sendo o 18º na etapa, na frente de Hélder Rodrigues, que é meramente o 24º e já perdeu uma hora para os da frente.
Na geral, Barreda Bort tem agora uma vantagem de onze minutos e 20 segundos sobre Sam Sunderland, enquanto que Paulo Gonçalves manteve o terceiro posto, a 14 minutos e 42 segundos.
Amanhã, o Rali Dakar continua a subir até aos Andes e o Atacama, num troço entre Jujuy e Tupiza, já em terras bolivianas, num troço que terá 521 quilómetros, 416 dos quais em troço cronometrado.
Formula 1: Mercedes e Ferrari já tem datas de apresentação
A Mercedes - que ainda tem de anunciar o seu segundo piloto na equipa - acabou de dizer que mostrará o seu W08 a 23 de fevereiro em Silverstone, numa ação promocional. Basicamente, eles irão aproveitar os cem quilómetros que todas as equipas terão direito para filmagens, no sentido de fazer o "shakedown" dos seus monolugares.
Contudo, esta apresentação da Mercedes vai ser um pouco mais original: irá ter público, nomeadamente os seleccionados da marca através de um concurso que está a promover no seu site.
Assim sendo, eles serão (pelo menos até agora) os primeiros a apresentar o carro em 2017, antecipando em um dia o carro da Ferrari, que será a 24 de fevereiro. Mas ambas as equipas apresentarão os seus carros três dias antes dos primeiros testes coletivos, que acontecerão a 27 de fevereiro, no circuito de Barcelona.
No Nobres do Grid deste mês...
"Em 1986, a Peugeot, liderada por Jean Todt, estava no Mundial de ralis, onde andava com o seu modelo 205 de Grupo B. Com pilotos como Juha Kankkunen e Timo Salonen, lutava pelo título mundial com os Lancia tripulados por Markku Alen e Massimo Biasion. Contudo, o acidente mortal de outro piloto, o finlandês Henri Toivonen, no Rali da Corsega, fez com que o Grupo B fosse abolido no final dessa temporada. Provavelmente, a Peugeot poderia continuar em 1987 com um modelo para a Classe S (que acabou nati-morta), mas as polémicas com a Lancia no rali de San Remo, onde os seus carros foram desclassificados pelos comissários italianos, fizeram com que a marca francesa decidisse retirar os seus carros dos Ralis, nem sequer alinhando os modelos 205 adaptados aos novos Grupo A.
Assim, a alternativa era mais “caseira”: o Rally Paris-Dakar. Até então, o Rali, iniciado em 1979 por Thierry Sabine, era uma prova dura no deserto do norte de África, onde essencialmente uma grande quantidade de amadores entravam em carros preparados especialmente para a ocasião, mas era essencialmente uma aventura. Contudo, em 1986, já começava a haver entradas de pilotos de fábrica nesta aventura, como a Porsche e a Mitsubishi, por exemplo. Só que esse rali ficou marcado pelo acidente mortal do seu fundador, vitima de um acidente de helicóptero no Mali. Com a organização a viver um pouco a crise que costuma existir após o desaparecimento do seu fundador, Eles acolheram de braços abertos a entrada em força da Peugeot, com os seus 205 Rallye, e com um regresso aplaudido: o finlandês Ari Vatanen, que ano e meio antes, na Argentina, tinha tido um grave acidente que o colocou às portas da morte.
(...)
Mas não foi fácil: um acidente no inicio do rali fez com que Vatanen caísse para a posição… 274, tendo de efectuar um percurso de recuperação. Lá conseguiu, mas outro susto na 13ª etapa, em solo mauritano, quase o fez ficar de fora, mas conseguiu levar o carro atè à meta, no Senegal. Era a recuperação que tanto queria, depois de tanto tempo a lutar pela vida.
No ano seguinte, Vatanen continua na marca, correndo agora com o modelo 405 mas desta vez junta-se o seu compatriota Juha Kankkunen, que faz esta “perninha” enquanto que corre pela Lancia no Mundial de Ralis, a bordo do seu Delta de Grupo A. Para além dele, alinharam os franceses Henri Pescarolo e Alain Ambrosino.
Há um recorde de inscritos (603, entre carros, motos e camiões), mas o percurso é duro. Vários acidentes causam ao todo dez mortes, no que se transforma na edição mais mortífera do Dakar, mas nos carros, a Peugeot voltou a ganhar, com Joha Kankkunen a ser o grande vencedor. So que isso aconeceu depois de a meio do rali, o seu compatriota Vatanen abandonou à conta de… um roubo. O incidente aconteceu durante uma paragem no Mali, e o carro foi encontrado dois quilómetros mais tarde, mas o incidente foi mais do que suficiente para baralhar a vitória para a marca francesa. (...)
Há precisamente 30 anos, a Peugeot trocou os ralis pelo todo-o-terreno, com excelentes resultados. A entrada da marca francesa no Dakar, com todo o seu aparato, marcou o inicio de uma era em que os amadores começavam a ser superados pelos profissionais, pelas equipas de fábrica, pois foi também nessa altura em que a Mitsubishi entrou no Dakar, também com o objetivo de vencer. Ficaram até 1990 com os 2015 e os 405, sempre acabando no lugar mais alto do pódio e com alguns episódios... insólitos. Depois, ficaram 24 anos sem aparecer, até que fizeram o seu regresso às areias do deserto, onde estão agora, e são os favoritos à vitória, contra os Mini e os Toyota.
Tudo isto pode ser lido neste mês no Nobres do Grid, mas se quiserem, também podem este video da edição de 1987 no Youtube.
Há precisamente 30 anos, a Peugeot trocou os ralis pelo todo-o-terreno, com excelentes resultados. A entrada da marca francesa no Dakar, com todo o seu aparato, marcou o inicio de uma era em que os amadores começavam a ser superados pelos profissionais, pelas equipas de fábrica, pois foi também nessa altura em que a Mitsubishi entrou no Dakar, também com o objetivo de vencer. Ficaram até 1990 com os 2015 e os 405, sempre acabando no lugar mais alto do pódio e com alguns episódios... insólitos. Depois, ficaram 24 anos sem aparecer, até que fizeram o seu regresso às areias do deserto, onde estão agora, e são os favoritos à vitória, contra os Mini e os Toyota.
Tudo isto pode ser lido neste mês no Nobres do Grid, mas se quiserem, também podem este video da edição de 1987 no Youtube.
WRC: Ostberg com um Ford a partir da Suécia
O norueguês Mads Ostberg vai andar no WRC em 2017 com um Ford independente, em parceria com o checo Martin Prokop, adianta esta tarde a Autosport britânica. Ostberg, que andou na temporada passada na equipa oficial da marca americana, estava sem contrato oficial em 2017, logo, decidiu rapidamente montar uma equipa com o piloto checo, que participa regularmente no Mundial, também com uma equipa privada.
"O plano é fazer o que fizemos nas épocas de 2011 e 2012, quando estávamos dirigindo o carro com nossa própria equipa, a Adapta, [que estava] sob o guarda-chuva da M-Sport", afirmou o seu pai, Morten.
"Este ano parece que seremos ainda mais independentes, trabalhando com a equipa de Martin Prokop", continuou.
Apesar de ambos correrem de forma independente, terão de inscrever os seus carros sob o guarda-chuva da M-Sport, pois devido aos regulamentos da FIA, apenas os construtores poderão inscrever os carros com especificações de 2017.
Aos 29 anos (nascido a 11 de outubro de 1987) Ostberg não teve uma grande temporada de 2016, onde foi sétimo classificado e teve apenas dois terceiros lugares na Suécia e no México como melhores resultados. Em 108 ralis na sua carreira, apenas venceu um, o Rali de Portugal de 2012, e tem 16 pódios e 57 vitórias em classificativas.
Já Prokop, de 34 anos (nascido a 4 de outubro de 1982) participou em apenas quatro ralis em 2016, tendo conseguido um sétimo posto no rali do México, tendo ficado na 15ª posição, com 12 pontos. Para além disso, participou no Dakar com um Toyota Hilux, terminando na 14ª posição da geral.
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
A imagem do dia
Michael Schumacher, para todos os efeitos, ainda vive. Não está morto, mas mesmo se já tivesse morrido, continuaria a viver entre nós, os fãs e amantes de automobilismo. Ao comemorar o seu 48º aniversário natalício, lembramo-nos da sua situação, do acidente que, três anos antes, o colocou num limbo do qual queremos compreender, mas não conseguimos.
Mesmo que a familia nos diga para que o deixemos em paz na sua luta pela sobrevivência, o facto de queremos saber como ele está só demonstra uma preocupação muito humana, do qual desejamos o melhor, e esperamos por algo que já sabemos que não passará de um milagre.
Mas mesmo assim, comemoremos, especialmente a minha geração, pois teve o previlégio de viver para ver o alemão no seu auge. Parabéns, Michael!
Dakar: Loeb confiante no comando
A segunda etapa do Dakar, em terras argentinas - entre Resistência e Tucuman - deu a Sebastien Loeb a sua sexta vitória na história deste rally-raid e consequente comando do rali, apesar da diferença para Nasser Al Attiyah é pouco mais do que mínima - menos de 30 segundos. Assim sendo, o piloto francês era uma pessoa satisfeita no final da etapa devido ao estilo do percurso.
“Não era uma especial com uma pilotagem demasiado técnica, era mais uma etapa que faz parte da diversidade do Dakar. Tinha de tudo. O nosso carro esteve bem neste terreno, a velocidade máxima foi importante, rodámos várias vezes a 200 km/h e agora espero continuar lançados. Rodámos num bom ritmo, sem cometer erros, perdi um pouco de tempo no final, porque rodei cerca de 70 Km no pó do Toyota de De Villiers. Estamos no comando, isso prova que estamos com bom ritmo, mas amanhã somos nós a abrir a estrada, vamos ver", contou o piloto francês no final da etapa.
Como ele já disse, amanhã ele irá abrir a estrada, na etapa entre Tucuman e Jujuy, onde as coisas serão um pouco mais complicadas. E até tem tempo para o humor: "É mais complicado, espero que não exista demasiada fora de pista. Gosto de estar onde estou e daqui para a frente nem sou eu que estou mais pressionado…é o meu co-piloto! Se ele me diz para virar à esquerda, eu viro…”
Amanhã decorrerá a terceira etapa, que ligará Tucuman a San Salvador de Jujuy, num total de 780 quilómetros, 364 dos quais em troço cronometrado.
Dakar 2017 - Etapa 2, Resistencia - San Miguel de Tucuman
A segunda etapa do Dakar, que ligou as localidades argentinas de Resistência a Tucuman, no total de 803 quilómetros, 275 dos quais em troços cronometrados, levava os concorrentes às terras do Chaco, em especiais que estavam lamacentos devido às chuvas que tinham caído nos últimos dias naquela região, e que iriam dificultar as coisas para os carros e as motos.
Antes da etapa, Nasser Al Attiyah - o vencedor da etapa anterior - disse que afinal, os seus problemas no termino da etapa anterior aconteceram por causa de... um rompimento do tubo de óleo. “Rompeu-se um pequeno tubo, e o óleo espalhou-se para cima do escape. Não causou muitos danos, mas a parte elétrica foi complicada, e tive mesmo muito medo que houvesse um grande problema se ligássemos o motor novamente” disse Attiyah, que ia abordar a etapa com o carro como novo.
Assim sendo, o melhor foi Sebastien Loeb, que aproveitando o facto de parte do percurso ser também usado em especiais do Rali da Argentina, aproveitou essa ocasião para ficar na frente nesta etapa, e também na frente do Dakar. Ganhou um minuto e 23 segundos sobre Nasser Al Attiyah, e dois minutos e 18 segundos sobre Carlos Sainz, também em Peugeot. Giniel de Villiers foi o quarto, com mais um segundo do que o espanhol, enquanto que Nani Roma foi o quinto, a cinco minutos e 22 segundos. Mikko Hirvonen foi apenas oitavo com o seu Mini, a oito minutos e 24 segundos.
Na geral, Loeb tem 28 segundos de vantagem sobre Attiyah, enquanto que Sainz está a um minuto e 56 segundos do comando do rali.
Nas motos, Toby Price foi o melhor nesta etapa, com uma diferença de três minutos e 22 segundos sobre o austríaco Matthias Walkner, ambos em KTM.
Price contou depois que esta foi uma etapa bem dura: “Foi uma etapa muito rápida sem problemas de navegação, mas as condições eram difíceis com uma muito calor e pó o que torna as coisas mais exigentes para os pilotos e para as motos. Para além disso era importante estar atento às vacas que cruzam a estrada para não termos nenhum acidente. Eu estou habituado a ver cangurus”, contou o australiano.
Paulo Gonçalves foi o terceiro na etapa, a três minutos e 51 segundos, na frente de Xavier de Soultrait. O espanhol Barreda Bort foi décimo na etapa. Hélder Rodrigues perdeu mais de 18 minutos nesta etapa e agora está na 32ª posição da geral, a mais de vinte minutos do topo da classificação.
“Senti-me bastante bem apesar de ser uma especial com muitos perigos. Foi das especiais mais perigosas em que já estive pelo menos no que diz respeito aos primeiros 60 quilómetros. Tentei ser cauteloso, não cometer erros e ao mesmo tempo ser rápido para não perder tempo. Nesta fase da corrida não é importante vencer etapas, mas sim ser regular. Acho que fiz uma boa especial para o dia de amanhã. Toda a equipa está de parabéns até ao momento, pois a moto funcionou na perfeição. A prova ainda está no início, mas estamos a começar bem e sem problema”, explicou o piloto português da Honda.
Amanhã decorrerá a terceira etapa, que ligará Tucuman a San Salvador de Jujuy, num total de 780 quilómetros, 364 dos quais em troço cronometrado.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
A imagem do dia
Hoje em dia, ver pilotos a comemorar o Ano Novo longe das suas familias porque no dia seguinte vão começar a correr, é algo do qual só vemos no Rally Dakar. Mas meio século antes, não havia "rally-raids" como este, mas sim o GP da África do Sul, no circuito de Kyalami.
Sim, Jim Clark, Graham Hill, Jackie Stewart, Dennis Hulme ou Jack Brabham estavam em paragens sul-africanas para disputar a primeira prova de um campeonato que só retomaria... quatro ou cinco meses depois, em paragens europeias. Pelo meio tinham a Tasman Series, e sempre achei estranho porque é que os GP's da Austrália e da Nova Zelândia não faziam parte do calendário da Formula 1. Para mim, a única razão tinha a ver com a potência dos carros que participavam nas Tasman Series, que era diferente em termos regulamentares. Bastava uma unificação das séries, e se calhar teriamos a Formula 1 a correr há mais de 50 anos na terra dos cangurus, em vez dos trinta e um que leva agora.
Mas em 1967, a corrida em Kyalami, que aconteceu no segundo dia do ano civil, tornou-se num dos mais memoráveis da história do automobilismo. Não tanto pela lista de inscritos algo exótica - os sul-africanos do campeonato local apareceram em força, para correr ao lado dos consagrados - mas por aquilo que foi e o que poderia ter sido.
Os mexicanos comemoram hoje os 50 anos da primeira vitória de Pedro Rodriguez, mas poderíamos comemorar o aniversário da vitória de... John Love. Quem? Provavelmente o primeiro (e único) rodésiano (agora zimbabweano) que alcançou um pódio. Ficou em segundo lugar na corrida, mas a pouco mais de dez voltas do fim... liderava, a bordo de um Cooper que tinha um motor Climax com especificações... de Tasman Series, modificado para ser parecido com um motor de 3 litros. E digo "modificado", porque na realidade, tinha 2,7 litros.
No final, o pequeno depósito de gasolina que ele tinha não lhe dava para percorrer tudo até ao fim, logo, a vitória caiu ao colo de Pedro Rodriguez. E para ele, aos 26 anos de idade, e a fazer a sua primeira temporada a tempo inteiro - já veterano e já com fama na Endurance - parecia que aquela vitória em paragens sul-africanas tinha valido a pena, mais de três anos depois de ver o seu irmão Ricardo morrer, vitima da Curva Peraltada. Pedro Rodriguez poderia ser um dos vencedores mais inesperados, mas era mais conhecido do que... John Love. E se a vitória de Rodriguez tem o seu quê de fantástico, a realidade é que passamos ao lado da vitória mais sensacional da Formula 1, e provavelmente uma das vitórias mais sensacionais da história do automobilismo.
Dakar 2017 - Etapa 1, Assuncion - Resistência
Depois de ontem termos visto a partida simbólica em Assuncion, a capital do Paraguai, hoje foi o primeiro dia a sério do Dakar, na etapa que ligou essa cidade e Resistência, já em terras argentinas. A etapa, de 454 quilómetros de comprimento - mas apenas 39 em classificativa cronometrada - fez com que nos carros, o melhor tenha sido Nasser Al-Attiyah... que depois de terminar a etapa, teve de ser rebocado, por causa de problemas no motor do seu Toyota.
“Rapidamente apanhei o Stéphane [Peterhansel]) mas a cerca de dez quilómetros da chegada, cheirou a fumo dentro do carro, do lado do assento de Matthieu [Baumel] e houve mesmo um pouco de fogo. Desacelerámos para chegar ao fim, e no final apagámos o fogo. Agora o Giniel [de Villiers] vai rebocar-nos, e vamos ver o que vamos fazer. Não sei o que aconteceu. Espero que o motor não tenha nada, porque vi que perdemos o óleo. Por isso, podia ter feito o melhor tempo, mas não me importo! O que me preocupa é resolver o problema no carro”, disse Attiyah, no final da etapa.
Apesar de tudo, Attiyah "arrasou", conseguindo 24 segundos de vantagem sobre o segundo classificado, o Ford Ranger do espanhol Xavi Pons. Nani Roma foi o terceiro, noutra Toyota Hilux, enquanto que Carlos Sainz foi o melhor dos Peugeot, sendo quarto classificado, a 36 segundos do líder. Sebastien Loeb foi o sexto - tendo entre eles o Toyota de Giniel de Villers - mas o francês não estava nada preocupado com a performance dos carros da sua marca, pois o rali ainda está no seu começo.
“A especial não era fácil para nós, o terreno era muito difícil, primeiro com zonas de muito fraca aderência, outras demasiado estreitas. Tentei ter um bom ritmo, mas sem exagerar. Nesta etapa a tração à quatro rodas eram muito melhores neste tipo de especial. Para além disso, o nosso carro é muito grande, e nada fácil de guiar nestas estradas. Estou um minuto atrás do Nasser, que estabeleceu uma boa diferença para todos, mas hei, é apenas o começo. O que evitei mesmo foi ficar atascado ou sair de pista, não queria mesmo correr riscos. Penso que a pista deve estar melhor para amanhã, então tudo está bem”, disse o francês.
Nas motos, a vitória na etapa calhou ao francês Xavier de Soultrait, com uma Yamaha inscrita na classe de Super Production, superando em dois segundos o Sherco do espanhol Juan Pedrero Garcia. Ricky Brabec foi o terceiro, enquanto que Hélder Rodrigues foi o melhor português, no quinto posto. Já Paulo Gonçalves atrasou-se, perdendo dois minutos e 29 segundos, caindo para o 37º lugar.
“Eu estive ao ataque durante a especial e andei seis ou sete quilómetros no pó do Ivan Jakes que acabou por me deixar passar o que foi bom.”, afirmou, no final da etapa.
O piloto francês não escondeu a sua satisfação ao afirmar que: “O piso estava um pouco mole e estes quilómetros iniciais da prova foram de pura velocidade. Vencer uma etapa do Dakar é incrível, mas o meu objetivo final é vencer o Dakar… e por que não este ano?“
O Dakar prossegue amanhã, na etapa entre Resistência e San Miguel de Tucuman, no total de 803 quilómetros, 275 dos quais em etapa cronometrada.
WRC: Attiyah adia projeto para 2018
A Volkswagen vai voltar a correr no WRC, com o carro que prepararam para 2017... mas não vai ser nesta temporada. Nasser al-Attiyah será a pessoa que dará a cara no projeto apoiado pelo governo do Qatar, do qual se gastará perto de 15 milhões de euros por temporada, mas porque o projeto apareceu muito tarde em termos de calendário, tudo será feito ao longo deste ano para desenvolver o carro, com vista para a próxima temporada, onde competirá com Ford, Toyota, Hyundai e Citroen.
“Existiram conversas, mas o tempo para arranjar tudo era pouco e isso não ajudou nada. Vamos trabalhar neste projeto nos primeiros meses de 2017, de modo a que possa ser uma realidade em 2018” começou por dizer al-Attiyah em Assuncion, onde está a correr o Dakar.
Para além disso, o piloto também disse que estão interessados num dos pilotos que estiveram no projeto da Volkswagen, Sebastien Ogier e Anders Mikkelsen, já que Jari-Matti Latvala está no projeto da Toyota Gazoo. “A ideia foi muito bem acolhida no Qatar, mas não foi possível manter o Ogier a bordo por muito tempo”, concluiu.
Contudo, a ideia de Ogier de volta a guiar o carro da Volkswagen é bem possivel, porque o contrato do piloto francês com a Ford é apenas de uma temporada, logo, regressar ao projeto agora apoiado pelo governo qatari é uma possibilidade bem grande, dado o conhecimento do carro. Quanto ao norueguês, ele vai andar toda a temporada com um Skoda Fabia R5, logo, de uma certa forma, não perde o vínculo com a Volkswagen, que precisará sempre de um piloto de desenvolvimento, caso venha a existir a possibilidade de desenvolver o Polo R 2017....