Nino Vacarella era um ídolo na sua terra natal. E Targa Florio a sua casa. Vic Elford disse certo que dia que "ele conhecia aquelas estradas como se fosse a palma a sua mão". Que andava mais à vontade que a concorrência, era certo. E naquela região empobrecia e quase esquecida de Itália, ele era um herói. Não era raro ver-se um graffiti com a inscrição "Viva Nino!". Porque para os locais, era o seu motivo de orgulho. Nem os outros compatriotas, especialmente os do norte, mereciam tanta atenção ou adulação que aquele diretor de colégio merecia.
Vencedor por três vezes, há quem jure que a sua melhor corrida foi uma em que... não ganhou.
Estamos em maio de 1967. A Scuderia está ainda abalada pela morte de Lorenzo Bandini, ocorrida três dias depois do GP do Mónaco, e ele também era um excelente piloto de Endurance, e habitual companheiro de equipa de Vacarella. Para o seu lugar, vai Ludovico Scarfiotti, que também já não queria ficar muito tempo a correr na Scuderia, porque ali, a sua expectativa de vida encurtaria mais que o normal. Ambos correriam num 330P4, apesar da concorrência da Porsche e de um Chaparral 2F de Jim Hall e James "Hap" Sharp, que tinha uma asa traseira, a primeira a ser vista num carro de corridas, para garantir o "downforce" e agarrar o carro à estrada.
O Ferrari partiu para a frente, com Vacarella ao volante, e adapta-se às curvas apertadas das estradas sicilianas, para gaudio dos locais. Já o Chaparral era o contrário: lento e pesado, atrasa-se bastante e o atrito dos pneus faz com que tenha furos atrás de furos, acabando por abandonar, destruído e derrotado. E os Porsches, mais concretamente os 910/6 e os 910/8, faziam a sua parte. Vacarella era veloz, e parecia levar a melhor.
Contudo, quando passava por Collesano, na segunda volta, exagerou numa das curvas e espetou-se contra uma parede, causando danos em todo o seu lado direito. Tentou levar o carro para ser reparado, mas era inútil. Daí esta expressão, quando sabe que tinha a vitória na mão, e desperdiçou-a. E se calhar, fazia tudo isto pelo seu companheiro desaparecido dias antes.
Apesar do acidente e da desilusão que tenha causado entre os seus, a adoração que eles tinham para ele nunca abrandou. Paredes pintadas com "Viva Nino!" apareciam sempre que se aproximava mais uma edição da Targa Florio, e eles esperavam todos os anos que acabasse a corrida no lugar mais alto do pódio. E foi o que tiveram nos anos seguintes, especialmente em 1971 e 1975, ambos num Alfa Romeo T33.
E já agora, quem ganhou naquele ano? Foram os Porsche, que monopolizaram o pódio, com o australiano Paul Hawkins e o alemão Rolf Stommelen a serem coroados como vencedores.
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