Lembro-me de Jean Alesi, no GP de França de 1989, no seu Tyrrell. Ou Kimi Raikkonen, no GP da Austrália de 2001, no seu Sauber. Pois bem, lembro agora de Eddie Irvine, que no GP do Japão de 1993, tornava-se no quinto piloto na Jordan, e o único a dar nas vistas. Não só por ter pontuado - um sexto lugar - mas pelo que fez ao longo da corrida para isso. E o que aconteceu depois.
A Jordan tinha tido o estreante Rubens Barrichello num dos carros e o segundo era... quem tiwesse dinheiro para o comprar. Começou com Ivan Capelli, e continuou com Thierry Boutsen. Quando o belga foi embora, depois do GP natal, em Spa, o lugar ficou nas mãos de Marco Apicella, que andou apenas... 400 metros, e Emanuele Naspetti, que depois de umas corridas pela March no ano anterior, teve nova experiência no Estoril, logo, quando chegou o GP do Japão, normalmente muitas equipas cediam um ou os dois lugares para pilotos pagantes, no sentido de pagar as despesas dessas equipas mais pequenas. Normalmente, era para pagar as despesas para as corridas fora da Europa, Japão e Austrália. E normalmente, eram preenchidos por pilotos japoneses, ou que corriam no Japão.
E um deles foi Eddie Irvine.
Nascido na Irlanda do Norte, como John Watson, foi para o Japão em 1991 depois de duas temporadas na Formula 3000 europeia, uma delas... pela Eddie Jordan Racing, ali conseguiu três vitórias, duas pole-positions e na temporada de 1993, cinco pódios correndo pela Team Cerumo, suficiente para acabar vice-campeão, num pelotão onde estavam gente como Mika Salo, Marco Apicella, Ross Cheever - irmão mais novo de Eddie Cheewer - Heinz-Harald Frentzen, Jeff Krosnoff e Roland Ratzenberger.
Aliás, no final, Irvine empatou nos pontos com Kazuyoshi Hoshino, mas ele ganhou o campeonato porque tinha ganho duas corridas, contra uma do irlandês. Curiosidade: o japonês tinha conseguido ali o seu sexto e último título na competição, quando ele tinha... 46 anos.
Assim sendo, pegou nos seus velhos contactos e decidiu ir para a Formula 1 na velha equipa do seu compatriota. Apesar de pouco saber andar num carro de Formula 1, sabia como andar na pista de Suzuka, e decidiu usar isso a seu favor. O oitavo tempo na grelha, quatro na frente de Rubens Barrichello, surpreendeu a todos. Afinal, por exemplo... Jean Alesi partia de 14º na grelha.
Na partida, ele apanhou Michael Schumacher e Damon Hill desprevenidos, acabando a primeira volta na quinta posição, antes de ser passado pelo alemão na segunda volta, e pelo britânico no final da terceira. Depois, aproveitou os desastres. Primeiro, quando Schumacher bateu em Hill na décima volta, entortando a suspensão de foram definitiva, depois, quando começou a chover, e Senna apanhou - e passou - Prost, ainda com pneus secos, Irvine safou-se das confusões na pista, chegando-se aos pontos, e desdobrando-se a Senna!
Mas pelo meio, tinha feito asneiras. Especialmente quando tentava acompanhar Damon Hill por um quarto lugar. Atrás de si tinha Derek Warwick, que tinha trocado para secos e se aproximava rapidamente. Irvine também trocou para secos, ficando atrás do britânico e foi atrás dele. Quando, por fim, ficou na sua traseira, na volta 48... simplesmente, empurrou-o. Ponto garantido, atrás de Rubens Barrichello - os primeiros e únicos pontos da Jordan na temporada de 1993 - e no final, Senna foi tirar satisfações quando ele se intrometeu no meio da discussão com Damon Hill, quando ele tentava dobrá-lo. Da discussão, acabou aos murros - ironia das ironias, Irvine, no seu inicio da sua carreira, andava com uma réplica do seu capacete! - e o brasileiro acabou com uma suspensão de duas corridas, que foi... suspensa por algum tempo.
E foi assim a entrada de Irvine. E ainda não seria a última ocasião que se falaria dele pelas piores razões.
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