sábado, 28 de outubro de 2023

A imagem do dia




No fim de semana do GP do México, falamos ontem da corrida de 1963, o primeiro GP oficial - faz agora 60 anos - mas hoje avanço sete anos no tempo, até 1970. E um Grande Prémio caótico, símbolo de uma temporada de domínio e tragédia. 

Desde 1964 que o GP mexicano, disputado no Autódromo Magdalena Mixchuca, era a última corrida da temporada. Em algumas ocasiões, foi uma corrida decidida ali mesmo, como entre John Surtees e Graham Hill, com o britânico da Ferrari a levar a melhor, e o de 1968, onde Graham Hill, Jackie Stewart e Dennis Hulme lutavam pelo campeonato, decidido a favor do piloto da Lotus. 

Mas também temos a corrida de 1965, onde, sendo a última da categoria 1,5 litros, foi também a primeira onde a Honda conseguiu a sua primeira vitória na Formula 1, graças a Richie Ginther

Em 1970, contudo, a sétima edição do GP do México acontecia no rescaldo de uma temporada onde tinha acontecido de tudo um pouco. Três pilotos tinham morrido - Bruce McLaren, Piers Courage e Jochen Rindt - e depois de um domínio da Lotus, a Ferrari estava a aparecer com força, para tentar evitar que a Lotus ficasse com ambos os títulos. Contudo, o substituto de Rindt, o brasileiro Emerson Fittipaldi - que tinha estreado em julho - tinha ganho na corrida anterior, em Watkins Glen, e o austríaco tornava-se no campeão póstumo, o único da história da Formula 1. 

A 25 de outubro de 1970, a Formula 1 iria fechar o campeonato no mesmo Autódromo Magdalena Mixiuca, e de uma certa forma, muitos dos pilotos estariam aliviados por saber que a temporada iria acabar, provavelmente sabendo que o pesadelo tinha acabado, poderiam encarar mais uma temporada como tendo sobrevivendo a mais umas corridas. Só mais uma corrida e todos regressariam a casa.

Só que não foi assim. Entre os pilotos inscritos estava Pedro Rodriguez, piloto da BRM, que em 1970, para além da Formula 1, era piloto da Porsche na Endurance. E era um dos pilotos mais rápidos do campeonato, tenho ganho na Bélgica, no veloz circuito de Spa-Francochamps. E por causa dele - e de mais alguns pilotos - apareceram na pista para os ver 200 mil espectadores. E não havia espaço para todos. Tiveram de sentar nas bermas da pista, um verdadeiro perigo para os pilotos. 

No dia da corrida, todos tiveram dificuldades em controlar a multidão. Jackie Stewart e o próprio Pedro Rodriguez tiveram de pedir à multidão para que ficassem sentados no lugar a saíssem dos lugares considerados perigosos, como as curvas. Mas mesmo assim, ver gente sentado nas bermas, com os pés no asfalto, era assustador. E pior: existiam cães vadios a passear na pista. 

Clay Regazzoni, o poleman, partiu na frente, para depois ser passado por Jacky Ickx, na volta seguinte, e não mais saiu dali até ao final, o que se pode afirmar o que teria acontecido, se tivesse ganho a corrida anterior, em Watkins Glen... atrás, Stewart, na sua terceira corrida com o chassis Tyrrell, começava a ter problemas de direção e perdia de vista os Ferrari, mas o pior acabaria por acontecer quando na volta 33, um cão atravessou a pista e ele não conseguiu evitá-lo. 

No final, a acompanhar os Ferrari ficou Dennis Hulme, que ficou com o lugar mais baixo do pódio. Pedro Rodriguez conseguiu o sexto posto e Jack Brabham, que fazia a sua última corrida na Formula 1, desistiu na volta 52 com um problema de motor. No ano seguinte, a corrida acabou por ser cancelada, perdido o interesse devido à morte do seu filho prodígio, a 11 de julho do mesmo ano, no Norisring alemão. 

Sem comentários: