Becken Lima, a pessoa por detrás do excelente blog F1 Around, foi alguém que redescobri nestes últimos meses, pois sabia da sua existência desde os tempos em que o seu blog fazia parte do Universo Blogger, antes de se transferir para o Wordpress. O que não fazia ideia era que o seu blog seria algo que fosse para além do mero bloco de opiniões noticiosas sobre a Formula 1. Vai para além disso, analisando os assuntos do momento e forma séria e analítica. Foi através dele que conheci excelentes blogs, principalmente em língua inglesa. Dois desses bons exemplos foram os blogs dos ingleses Clive Allen e do James Allen (ex-jornalista da ITV, que acompanhava os Grandes Prémios), excelentes sítios onde se pode analisar do ponto de vista do “insider”, no último caso, a actualidade na Formula 1 e o impacto que os assuntos do dia têm em todos nós. A uma semana do começo do Mundial de Formula 1, em Melbourne, e passada que está a polémica da semana, acerca do “sistema berniano de pontuação”, é a vez de falar com a pessoa que está por detrás deste blog.
1 – Olá, é um prazer ter-te aqui, neste humilde blog, a responder às minhas perguntas. Queres explicar, em poucas linhas, como surgiu a ideia do teu blogue?
Olá, Paulo! O blog surgiu de duas necessidades. A primeira para aplacar um pouco a minha compulsão por escrever, sou uma espécie de grafomaníaco. A segunda, de unir essa vontade natural pela escrita ao gosto pela F1. Eu poderia estar escrevendo sobre cinema, outra paixão, por exemplo...
2 – O nome que ele tem, foi planejado ou saiu, pura e simplesmente, da tua cabeça?
O nome foi planejado, sim. A intenção inicial do título era sugerir que o blog fizesse analogias e comparações que usualmente não se encontram em outros blogs (daí o “Around,” estar em torno da F1!), mas a demanda dos leitores que lentamente estão surgindo está pouco a pouco mudando o conceito sobre o qual ele foi inicialmente baptizado.
3 – Antes de começares este blog, já tinhas tido alguma participação em outros blogues ou sites?
Sim, eu era um participante activo no blog do Livio Oricchio, mas as discussões por lá estendiam-se por outros temas além do post inicialmente escrito pelo Livio. Lentamente eu fui deixando de comentar no blog do Livio e passando a escrever apenas no meu próprio.
4 – Em que dia é que começaste, e quantas visitas é que já teve até agora?
Eu não sei o dia exacto, mas foi no fim de 2007. Eu o iniciei sob a plataforma BLOGGER, daí mudei para o WORDPRESS, que tem um óptimo medidor estatístico. No momento está em torno de 68.000 visitas, variando de 1.000 a 1.200 por dia, com um crescimento firme à medida que a primeira prova na Austrália aproxima-se.
5 – De todos os posts que já escreveste, lembras-te de algum que te orgulhe… ou não?
Eu gosto sempre dos últimos. Eu lembro que o post sobre Alan Donelly e outro sobre o julgamento do resultado em Spa, foram interessantes, principalmente por que foram desenvolvidos no calor do momento. Outro memorável talvez seja a resenhas de duas biografias do Senna, que ficou bem escrita, acho. O último sobre o status de Felipe Massa foi elogiado pelos comentaristas do blog e, apesar de escrito na correria, também ficou razoável.
6 – Em que é que tu, escrevendo sobre Formula 1, consegues ser diferente dos outros blogs?
Eu tento, pelo menos. Eu procuro aprofundar temas e abordar outros que dificilmente são encontrados em outros blogs — além de tentar estimular a criatividade do leitor. Fujo da repetição constante das notícias que pipocam em portais, a não ser que seja inevitável como registro histórico, pois os frequentadores fatalmente abordarão o tema. Se vou publicar algo que percebo que terá repercussão, procuro verificar se tal nota não já foi dada antes em outros lugares e só aí publico.
As notícias acabam sendo na verdade um suporte para os artigos que escrevo. Outro ponto é que o blog é extremamente “friendly” ou amigável com os comentaristas, que são na verdade preciosos colaboradores, muito bem informados e articulados. Por isso procuro constantemente interagir e estimular o debate — o que na verdade é a essência da mídia blog.
7 – Daqueles blogues que conheces sobre automobilismo, qual(is) dele(s) é que tu nunca dispensas uma visita diária?
O F1fanatic. Keith Collantine é terrivelmente criativo e inteligente e os seus leitores tanto quanto ele. É passagem obrigatória para todo fã de F1.
8 – Falamos agora de Formula 1. Ainda te lembras da primeira corrida que assististe?
Não, infelizmente. A F1 é algo tão intrínseco à minha vida que parece ter estado sempre lá, sem um ponto inicial marcante.
9 – E qual foi aquela que mais te marcou?
Japão 88, o primeiro título do Senna.
10 – Fittipaldi, Piquet e Senna. Qual dos três é aquele que mais agrada, e porquê?
Senna, pelos clichês que todos adoram citar, mas principalmente por que Senna foi o grande “show man” na história da F1. O status de Senna como um dos grandes não foi determinado pela quantidade de títulos ou recordes quebrados, mas pela maneira como ele trouxe emoção e senso de entretenimento à F1. Essa talvez seja a grande semelhança entre ele e Lewis Hamilton.
11 – E achas que algum dia, Felipe Massa vai fazer parte deste trio de campeões?
Impossível afirmar isso. Alguns acham que os mais perto que o Felipe chegará de um título foram aquelas duas últimas voltas em Interlagos. Mas o azar do Massa é que ele é alguém extremamente esforçado, com um talento médio e que talvez tenha surgido em uma das melhores safras de pilotos na F1. Alonso está acima dele e têm mais ou menos a mesma experiência, enquanto Vettel, Kubica e principalmente Hamilton, o melhor entre os novos, estão nesse momento crescendo e tornando-se pilotos mais completos e cada vez melhores.
12 – Comparando-o aos três pilotos acima referidos, Massa é mais parecido com quem, e porquê?
Acho que com nenhum. Há algo próprio e único no Massa.
13 – Achas que o título de 2008 foi bem entregue?
Sim, muito bem entregue, é indiscutível o título vencido por Lewis.
14 – Tirando os brasileiros, qual é para ti o piloto mais marcante da história da Formula 1, e por quê?
Alain Prost. Ele foi o reflexo pelo qual Senna olhou para si mesmo e para os seus limites, a sua perfeita antítese. Sem Prost, Senna não seria grande, e vice versa.
15 – Para além de Formula 1, que outras modalidades de automobilismo que tu mais gostas de ver?
Eu gosto da GP2 pela semelhança com a F1 e pelo fato de estar assistindo pilotos que potencialmente estarão explodindo na F1.
16 – E achas que vale a pena falar sobre ele no teu blogue?
Faço uma referência ou outra à GP2, mas o F1 Around cobre exclusivamente a F1.
17 – E miniaturas de carrinhos, tens algum?
Sim, algumas Lotus, Ferrari e McLarens. Tenho um carinho especial pelo MP4/22, presente que dei ao meu filho. Esse McLaren de 2007 foi o único carro da equipe pilotado pelo Alonso e o primeiro do Hamilton na McLaren. Ele é muito especial.
18 – Passando para a actualidade: de repente, a Honda anuncia a retirada da Formula 1. Como sentiste isso?
É sempre triste quando uma equipa se retira da Formula 1, pois não significa apenas menos dois carros na grelha, mas todo um staff de profissionais de alto nível que ficam desempregados. No caso da Honda, mesmo que alguns membros da família amassem o automobilismo (Senna tinha uma relação muito intensa com Soichiro Honda!), a companhia jamais se comprometeu com este desporto. Ele sempre foi uma plataforma para a Honda treinar engenheiros ou para desenvolver tecnologia. Objectivo alcançado, eles pulavam fora, e assim aconteceu uma vez mais em 2009. Foi má publicidade para a Formula 1, mas foi bom não termos mais uma companhia que não se comprometa com este desporto a longo termo.
19 – Ficaste satisfeito com a solução arranjada pela Honda, de uma Brawn Grand Prix, e pela escolha de Rubens Barrichello em detrimento de Bruno Senna?
Foi perfeito. Ross Brawn é um vencedor, um homem que domina toda a cadeia de processo da Formula 1. Ele já projectou carros, já planeou toda a logística, já foi estrategista em pista. É um dos homens mais preparados para a tarefa de lidar com a equipa.
Sobre o Bruno, a verdade é que nós, blogueiros, seria um facto novo a ser explorado. Seria interessante serguir o começo da carreira do Bruno pilotando um foguete como é o BPG 001, talvez gerasse mais pageviews, mas temos de ser tão realistas quanto foi Ross Brawn, e é o pragmatismo do novo dono de equipa que pôs o Bruno no banco de reservas, espero que temporariamente, eu acho que o Bruno tem um talento mais latente que Nelson Piquet Jr., por exemplo.
20 - Max Mosley anunciou agora que fez um acordo com a Cosworth para fornecer motores ás equipas, a dez milhões de euros por ano. A FOTA (Formula One Teams Association) concordou em reduzir os custos. Achas que é este o caminho, uma Formula 1 com custos controlados?
Sim, claro, não há muito como discordar disso. Custos menores significam, teoricamente, certa paridade de recursos entre as equipes. O problema sempre é o que cada uma é capaz de fazer com tal quantia. McLaren e Ferrari não têm apenas os melhores engenheiros e estrutura física, mas também os melhores financistas e administradores de recursos da F1, capazes de optimizar o orçamento que estiver à mão e transformá-lo em mais alguns décimos de segundos. Portanto, não espere que uma redução de custos equilibre a categoria ou estimule o surgimento de outra super força como as próprias McLaren ou Ferrari. Estas duas equipes continuarão, com algum intervalo aqui ou ali, ainda a dominar por muito tempo a F1.
21 – E o sistema de medalhas, proposto pelo Bernie Ecclestone? Achas uma boa ideia ou apenas um disparate proveniente de um homem já senil?
Bernie não é senil, muito pelo contrário. Ele é muitíssimo esperto e tentou simplificar o sistema de pontuação para público médio (o alvo da FOM que) e ao mesmo tempo estimular o entretenimento com um número maior de ultrapassagens. O problema é que Bernie não é o homem mais preparado para pensar e mudar a estrutura regulamentar do esporte. A FOTA ignorou sua proposta como haveria de ser.
22 - O que achou até agora dos novos carros de 2009?
Houve certo estranhamento natural, mas pouco a pouco estou me acostumando com eles. Acho que a McLaren conseguir produzir um carro bonito apesar da mudança radical. O MP4/24 é o ideal do carro bonito em 2009 para mim.
23 – Que ideia é que ficaste dos testes de pré-época? Esperas uma temporada de 2009 equilibrada ou imprevisível?
A Brawn encheu os olhos nestes testes, não? E uma história maravilhosa, cheia de drama, em torno da sobrevivência da equipa, e claro, do Rubens Barrichello. Eu adoro ser do “contra” e ponho a Brawn como a minha favorita, ao menos em Melbourne, apesar do cepticismo de outros blogueiros (é muito mais fácil ser céptico, né?)
O resto eu acho que se pode dividir em grupos: [Um primeiro grupo com] Ferrari, BMW, Toyota, depois outro grupo: Renault, Red Bull, Williams, McLaren, e por ultimo, Toro Rosso e Force India.
24 – Com isto tudo, quem é o teu favorito ao título mundial? Ou essa pergunta ainda não tem resposta clara?
Não, não tem resposta. Ainda numa temporada cheia de restrições como esta. Se fosse uma mera questão de arriscar na sorte, eu apontaria uma boa briga entre Raikonnen, Kubica, Massa e Alonso. Mas com o BGP 001 voando que nem um foguete e com a McLaren trabalhando duro para resolver os seus problemas, não descarto Lewis Hamilton nem Rubens Barrichello ou Jenson Button.
25 - Que impressão é que ficas do novo projecto de Ken Anderson e Peter Windsor, a USGPE? Achas que deve ser levado a sério?
1 – Olá, é um prazer ter-te aqui, neste humilde blog, a responder às minhas perguntas. Queres explicar, em poucas linhas, como surgiu a ideia do teu blogue?
Olá, Paulo! O blog surgiu de duas necessidades. A primeira para aplacar um pouco a minha compulsão por escrever, sou uma espécie de grafomaníaco. A segunda, de unir essa vontade natural pela escrita ao gosto pela F1. Eu poderia estar escrevendo sobre cinema, outra paixão, por exemplo...
2 – O nome que ele tem, foi planejado ou saiu, pura e simplesmente, da tua cabeça?
O nome foi planejado, sim. A intenção inicial do título era sugerir que o blog fizesse analogias e comparações que usualmente não se encontram em outros blogs (daí o “Around,” estar em torno da F1!), mas a demanda dos leitores que lentamente estão surgindo está pouco a pouco mudando o conceito sobre o qual ele foi inicialmente baptizado.
3 – Antes de começares este blog, já tinhas tido alguma participação em outros blogues ou sites?
Sim, eu era um participante activo no blog do Livio Oricchio, mas as discussões por lá estendiam-se por outros temas além do post inicialmente escrito pelo Livio. Lentamente eu fui deixando de comentar no blog do Livio e passando a escrever apenas no meu próprio.
4 – Em que dia é que começaste, e quantas visitas é que já teve até agora?
Eu não sei o dia exacto, mas foi no fim de 2007. Eu o iniciei sob a plataforma BLOGGER, daí mudei para o WORDPRESS, que tem um óptimo medidor estatístico. No momento está em torno de 68.000 visitas, variando de 1.000 a 1.200 por dia, com um crescimento firme à medida que a primeira prova na Austrália aproxima-se.
5 – De todos os posts que já escreveste, lembras-te de algum que te orgulhe… ou não?
Eu gosto sempre dos últimos. Eu lembro que o post sobre Alan Donelly e outro sobre o julgamento do resultado em Spa, foram interessantes, principalmente por que foram desenvolvidos no calor do momento. Outro memorável talvez seja a resenhas de duas biografias do Senna, que ficou bem escrita, acho. O último sobre o status de Felipe Massa foi elogiado pelos comentaristas do blog e, apesar de escrito na correria, também ficou razoável.
6 – Em que é que tu, escrevendo sobre Formula 1, consegues ser diferente dos outros blogs?
Eu tento, pelo menos. Eu procuro aprofundar temas e abordar outros que dificilmente são encontrados em outros blogs — além de tentar estimular a criatividade do leitor. Fujo da repetição constante das notícias que pipocam em portais, a não ser que seja inevitável como registro histórico, pois os frequentadores fatalmente abordarão o tema. Se vou publicar algo que percebo que terá repercussão, procuro verificar se tal nota não já foi dada antes em outros lugares e só aí publico.
As notícias acabam sendo na verdade um suporte para os artigos que escrevo. Outro ponto é que o blog é extremamente “friendly” ou amigável com os comentaristas, que são na verdade preciosos colaboradores, muito bem informados e articulados. Por isso procuro constantemente interagir e estimular o debate — o que na verdade é a essência da mídia blog.
7 – Daqueles blogues que conheces sobre automobilismo, qual(is) dele(s) é que tu nunca dispensas uma visita diária?
O F1fanatic. Keith Collantine é terrivelmente criativo e inteligente e os seus leitores tanto quanto ele. É passagem obrigatória para todo fã de F1.
8 – Falamos agora de Formula 1. Ainda te lembras da primeira corrida que assististe?
Não, infelizmente. A F1 é algo tão intrínseco à minha vida que parece ter estado sempre lá, sem um ponto inicial marcante.
9 – E qual foi aquela que mais te marcou?
Japão 88, o primeiro título do Senna.
10 – Fittipaldi, Piquet e Senna. Qual dos três é aquele que mais agrada, e porquê?
Senna, pelos clichês que todos adoram citar, mas principalmente por que Senna foi o grande “show man” na história da F1. O status de Senna como um dos grandes não foi determinado pela quantidade de títulos ou recordes quebrados, mas pela maneira como ele trouxe emoção e senso de entretenimento à F1. Essa talvez seja a grande semelhança entre ele e Lewis Hamilton.
11 – E achas que algum dia, Felipe Massa vai fazer parte deste trio de campeões?
Impossível afirmar isso. Alguns acham que os mais perto que o Felipe chegará de um título foram aquelas duas últimas voltas em Interlagos. Mas o azar do Massa é que ele é alguém extremamente esforçado, com um talento médio e que talvez tenha surgido em uma das melhores safras de pilotos na F1. Alonso está acima dele e têm mais ou menos a mesma experiência, enquanto Vettel, Kubica e principalmente Hamilton, o melhor entre os novos, estão nesse momento crescendo e tornando-se pilotos mais completos e cada vez melhores.
12 – Comparando-o aos três pilotos acima referidos, Massa é mais parecido com quem, e porquê?
Acho que com nenhum. Há algo próprio e único no Massa.
13 – Achas que o título de 2008 foi bem entregue?
Sim, muito bem entregue, é indiscutível o título vencido por Lewis.
14 – Tirando os brasileiros, qual é para ti o piloto mais marcante da história da Formula 1, e por quê?
Alain Prost. Ele foi o reflexo pelo qual Senna olhou para si mesmo e para os seus limites, a sua perfeita antítese. Sem Prost, Senna não seria grande, e vice versa.
15 – Para além de Formula 1, que outras modalidades de automobilismo que tu mais gostas de ver?
Eu gosto da GP2 pela semelhança com a F1 e pelo fato de estar assistindo pilotos que potencialmente estarão explodindo na F1.
16 – E achas que vale a pena falar sobre ele no teu blogue?
Faço uma referência ou outra à GP2, mas o F1 Around cobre exclusivamente a F1.
17 – E miniaturas de carrinhos, tens algum?
Sim, algumas Lotus, Ferrari e McLarens. Tenho um carinho especial pelo MP4/22, presente que dei ao meu filho. Esse McLaren de 2007 foi o único carro da equipe pilotado pelo Alonso e o primeiro do Hamilton na McLaren. Ele é muito especial.
18 – Passando para a actualidade: de repente, a Honda anuncia a retirada da Formula 1. Como sentiste isso?
É sempre triste quando uma equipa se retira da Formula 1, pois não significa apenas menos dois carros na grelha, mas todo um staff de profissionais de alto nível que ficam desempregados. No caso da Honda, mesmo que alguns membros da família amassem o automobilismo (Senna tinha uma relação muito intensa com Soichiro Honda!), a companhia jamais se comprometeu com este desporto. Ele sempre foi uma plataforma para a Honda treinar engenheiros ou para desenvolver tecnologia. Objectivo alcançado, eles pulavam fora, e assim aconteceu uma vez mais em 2009. Foi má publicidade para a Formula 1, mas foi bom não termos mais uma companhia que não se comprometa com este desporto a longo termo.
19 – Ficaste satisfeito com a solução arranjada pela Honda, de uma Brawn Grand Prix, e pela escolha de Rubens Barrichello em detrimento de Bruno Senna?
Foi perfeito. Ross Brawn é um vencedor, um homem que domina toda a cadeia de processo da Formula 1. Ele já projectou carros, já planeou toda a logística, já foi estrategista em pista. É um dos homens mais preparados para a tarefa de lidar com a equipa.
Sobre o Bruno, a verdade é que nós, blogueiros, seria um facto novo a ser explorado. Seria interessante serguir o começo da carreira do Bruno pilotando um foguete como é o BPG 001, talvez gerasse mais pageviews, mas temos de ser tão realistas quanto foi Ross Brawn, e é o pragmatismo do novo dono de equipa que pôs o Bruno no banco de reservas, espero que temporariamente, eu acho que o Bruno tem um talento mais latente que Nelson Piquet Jr., por exemplo.
20 - Max Mosley anunciou agora que fez um acordo com a Cosworth para fornecer motores ás equipas, a dez milhões de euros por ano. A FOTA (Formula One Teams Association) concordou em reduzir os custos. Achas que é este o caminho, uma Formula 1 com custos controlados?
Sim, claro, não há muito como discordar disso. Custos menores significam, teoricamente, certa paridade de recursos entre as equipes. O problema sempre é o que cada uma é capaz de fazer com tal quantia. McLaren e Ferrari não têm apenas os melhores engenheiros e estrutura física, mas também os melhores financistas e administradores de recursos da F1, capazes de optimizar o orçamento que estiver à mão e transformá-lo em mais alguns décimos de segundos. Portanto, não espere que uma redução de custos equilibre a categoria ou estimule o surgimento de outra super força como as próprias McLaren ou Ferrari. Estas duas equipes continuarão, com algum intervalo aqui ou ali, ainda a dominar por muito tempo a F1.
21 – E o sistema de medalhas, proposto pelo Bernie Ecclestone? Achas uma boa ideia ou apenas um disparate proveniente de um homem já senil?
Bernie não é senil, muito pelo contrário. Ele é muitíssimo esperto e tentou simplificar o sistema de pontuação para público médio (o alvo da FOM que) e ao mesmo tempo estimular o entretenimento com um número maior de ultrapassagens. O problema é que Bernie não é o homem mais preparado para pensar e mudar a estrutura regulamentar do esporte. A FOTA ignorou sua proposta como haveria de ser.
22 - O que achou até agora dos novos carros de 2009?
Houve certo estranhamento natural, mas pouco a pouco estou me acostumando com eles. Acho que a McLaren conseguir produzir um carro bonito apesar da mudança radical. O MP4/24 é o ideal do carro bonito em 2009 para mim.
23 – Que ideia é que ficaste dos testes de pré-época? Esperas uma temporada de 2009 equilibrada ou imprevisível?
A Brawn encheu os olhos nestes testes, não? E uma história maravilhosa, cheia de drama, em torno da sobrevivência da equipa, e claro, do Rubens Barrichello. Eu adoro ser do “contra” e ponho a Brawn como a minha favorita, ao menos em Melbourne, apesar do cepticismo de outros blogueiros (é muito mais fácil ser céptico, né?)
O resto eu acho que se pode dividir em grupos: [Um primeiro grupo com] Ferrari, BMW, Toyota, depois outro grupo: Renault, Red Bull, Williams, McLaren, e por ultimo, Toro Rosso e Force India.
24 – Com isto tudo, quem é o teu favorito ao título mundial? Ou essa pergunta ainda não tem resposta clara?
Não, não tem resposta. Ainda numa temporada cheia de restrições como esta. Se fosse uma mera questão de arriscar na sorte, eu apontaria uma boa briga entre Raikonnen, Kubica, Massa e Alonso. Mas com o BGP 001 voando que nem um foguete e com a McLaren trabalhando duro para resolver os seus problemas, não descarto Lewis Hamilton nem Rubens Barrichello ou Jenson Button.
25 - Que impressão é que ficas do novo projecto de Ken Anderson e Peter Windsor, a USGPE? Achas que deve ser levado a sério?
Questão interessante por que eu sou um grande entusiasta do projecto. Primeiro por que a F1 necessita adentrar ao mercado americano: pelas marcas que o dão suporte e pelo público americano que merece ter acesso ao que de mais moderno há em termos de automobilismo.
Segundo por que é muito fácil utilizar-se de clichês para apontar que o projeto tem falhas, que não terá sucesso por conta da distinta cultura automobilística do povo americano. Isso é clichê, é idéia pronta e já ouvimos aqui e acolá inúmeras vezes. Vamos ser mais criativos e sugerir soluções para os problemas ao invés de apontar o óbvio. Peter Windsor e Ken Anderson têm idéias novas, novos conceitos, que ao menos merecem ser vistos com carinho. Dêem uma chance aos dois.
26 - “Correr é importante para as pessoas que o fazem bem, porque… é vida. Tudo que fazes antes ou depois, é somente uma longa espera.” Esta frase é dita pelo actor americano Steve McQueen, no filme “Le Mans”. Concordas com o seu significado? Sentes isso na tua pele, quando vês uma corrida, como espectador?
Eu vi o filme, mas não me lembrava da frase. É interessante! Há algo de poeticamente beatnik, nela, talvez pela década de sessenta, quando da produção do filme. No meu caso, não! Não vejo a F1 como algo minimamente poético, mas como algo Darwiniano, com pilotos e equipes competindo por recursos finitos em um ambiente extremamente desafiador. Equipes que não se adaptam a novos desafios que surgem, são extintas, pilotos envelhecem e dão lugar aos mais novos e mais hábeis. Isso é a seleção natural de Charles Darwin em estado puro acontecendo à frente de nossos olhos e isso é o que mais me fascina.
27 – Já agora, tens alguma experiência automobilística, como karting? Se sim, ficaste a compreender melhor a razão pelo qual eles pegam num carro e andam às voltas num circuito?
Sim, pouquíssima em Kart, mas ao menos o suficiente para ajudar entender conceitos mínimos de pilotagem como understeer ou oversteer.
28 - Tens algum período da história da Formula 1 que gostarias de ter assistido ao vivo?
Na verdade eu gostaria de reviver toda a temporada de 1988 com a idade e bagagem que eu tenho hoje.
29 - Já alguma vez viste a briga entre o René Arnoux e o Gilles Villeneuve, no GP de França de 1979? Para ti, aquelas voltas finais significam o quê?
Sim, sim. Eu acho que é o ideal de F1 que nós, e acho que FOTA/FIA/FOM procuram. Uma batalha por posição sendo travada de forma natural e não estimulada por artificialismos. Não sei se em 2008 veremos brigas semelhantes, afinal também não temos mais gente como Villeneuve.
30 – Jeremy Clarkson, o mítico apresentador do programa de TV britânico “Top Gear”, disse que Gilles Villeneuve foi “o melhor piloto que alguma vez sentou o rabo num carro de Formula 1”. Concordas ou nem por isso?
Não, acho que não. Senna, eu acho, foi o melhor piloto que a F1 já viu. Senna tinha tanta habilidade quanto Gilles. Pilotava com tanta intensidade, (ou até mais) que o canadense. Tinha, como eu disse acima, um senso raro de entretenimento, algo que Gilles também tinha. Mas a grande diferença é que soube condensar e transformar essas qualidades em vitórias antes de morrer, algo que Gilles, infelizmente, não conseguiu.
31 - Costumas jogar em algum simulador de corridas, como o “Gran Turismo”, o “Formula 1”, ou jogos “online”, como o BATRacer ou o “Grand Prix Legends”?
Eu sou apaixonado pelo Grand Prix 4 do Geoff Cramond, mas aguardo com grande expectativa o novo game da Codemaster.
32 – Eu sei que começaste há algum tempo, mas… que é que tu alcançaste, em termos de prémios, convites, referências, desde que iniciaste o teu percurso na Blogosfera?
Essa é a primeira entrevista que dou, mas eu já escrevi a convite para o blog espanhol QUIERO-BRIATORE, o mais importante blog de F1 não “main stream” da Espanha e fui recentemente convidado por um blogueiro muito famoso para participar de um projecto que ele implantará em 2009. Ainda estou estudando a viabilidade de minha participação.
33 – E se fosses o Max Mosley, o que preferias ter na Formula 1? Uma grelha só de montadoras ou de “garagistas”?
Eu gostaria que fosse meio a meio. A Formula 1 não beneficiou apenas dos recursos financeiros das montadoras, mas também do know-how em promoção e marketing que essas empresas trouxeram para a categoria. Há também o meio-termo, como a McLaren, por exemplo, que tem parte de suas ações em poder da Mercedes-Benz, mas desenvolve um interessante modelo de negócio sustentável.
34 – Já agora, que impressão é que ficaste do novo Autódromo de Portimão?
É maravilhoso. Eu ouvi dizer que a estrutura para a imprensa é bem acanhada e simples, mas a pista é incrível. Mas não é a pista que me fascina, mas o seu diretor e designer, Paulo Pinheiro, sobre quem eu escrevi um pequeno post. O homem não tinha qualquer “know-how” e experiência anterior (que eu saiba!) como designer de circuitos e conseguiu, com muita imaginação e criatividade, criar um circuito mais desafiador que todos projectados pelo Hermann Tilke.
35 – Vamos falar do futuro próximo: Bruno Senna, Lucas di Grassi, Nelson Piquet Jr. Um já está lá, os outros dois querem lá chegar. Achas que algum dos três tem estofo de campeão? Se sim, qual?
Não, não acho que nenhum deles chegará a ser campeão, infelizmente.
36 – Tens algum plano para o blogue, no futuro próximo? Novas secções, meteres-te num podcast ou videocast?
O primeiro plano é mudar a aparência do blog. Ele ainda permanecerá simples durante algum tempo, mas dependendo do seu crescimento, exigirá um redesign que invoque mais identidade. A base do blog continuará na palavra escrita, minha paixão.
Já agora, se quiserem ver as entrevistas anteriores, carreguem nos respectivos links:
19 de Novembro 2008 - Priscilla Bar (Blog Guard Rail)
22 de Novembro 2008 - Marcos Antônio Filho (GP Series)
26 de Novembro 2008 - Vick, Ludy, Tati e Lu (Octeto Racing Team)
29 de Novembro 2008 - Hugo Becker (Motor Home)
3 de Dezembro 2008 - Fabio Andrade (De Olho na Formula 1)
6 de Dezembro 2008 - Rianov Albinov (F1 Nostalgia)
10 de Dezembro 2008 - Jorge Pezzolo (jpezzolo.com)
13 de Dezembro 2008 - Ron Groo (Blog do Groo)
17 de Dezembro 2008 - João Carlos Viana (jcspeedway)
20 de Dezembro 2008 - Felipão (Blogspot Brasil)
3 de Janeiro de 2009 - José António (4 Rodinhas)
7 de Janeiro de 2009 - Germano Caldeira (Blog 4x4)
10 de Janeiro de 2009 - Felipe Maciel (Blog F-1)
14 de Janeiro de 2009 - Daniel Médici (Cadernos do Automobilismo)
17 de Janeiro de 2009 - Thiago Raposo (Café com Formula 1)
21 de Janeiro de 2009 - Orroe (N U R B U R G R I N G)
24 de Janeiro de 2009 - Sávio Machado (SAVIOMACHADO)
28 de Janeiro de 2009 - Javi G. (Zone F1)
31 de Janeiro de 2009 - Gabriel Lima (Speed N'Thrash)
4 de Fevereiro de 2009 - Bruno Mantovani (Mantovani.zip.net)
4 de Fevereiro de 2009 - Bruno Mantovani (Mantovani.zip.net)
7 de Fevereiro de 2009 - Marcel Marchesi (Marchesi Design)
11 de Fevereiro de 2009 - A Blogosfera Questiona Speeder (Continental Circus)
11 de Fevereiro de 2009 - A Blogosfera Questiona Speeder (Continental Circus)
14 de Fevereiro de 2009 - Luiz Alberto Pandini (Pandini GP)
18 de Fevereiro de 2009 - Gonçalo Sousa Cabral (16 Valvulas)
18 de Fevereiro de 2009 - Gonçalo Sousa Cabral (16 Valvulas)
21 de Fevereiro de 2009 - Gustavo Coelho (Blog F1 Grand Prix / Pitstop)
25 de Fevereiro de 2009 - Ricardo Kakazu (World Motor Sports Cars/Kakazu Motorsports)
25 de Fevereiro de 2009 - Ricardo Kakazu (World Motor Sports Cars/Kakazu Motorsports)
7 de Março de 2009 - Maria Quiroga (F1 by Mai)
11 de Março de 2009 - Wellington Lucas (Formula One Addict)
14 de Março de 2009 - Ylan Marcel (Motorizado)
14 de Março de 2009 - Ylan Marcel (Motorizado)
18 de Março de 2009 - Tony Costa (Laser Car Design)
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