Andreas Nikolaus Lauda é uma personagem que não é, não foi e nunca será cinzento. Diz sempre o que pensa, faz o seu sempre apetece e é teimoso o suficiente para se agarrar à vida após um acidente que quase o matou. Os mais novos podem o ver como comentador desportivo e um dos diretores da Mercedes. E se calhar devem pensar nele como o dono de uma companhia aérea com o seu nome. Mas os mais velhos - especialmente a partir da minha geração - somos aqueles que tivemos o previlégio de o ver correr, e vimos até que ponto era um dos melhores pilotos da sua geração. Sempre consistente, nunca se esforçando demasiado.
Este ano vai ser especial para todos os que gostam de automobilismo. É porque vêm aí um filme de Hollywood sobre ele. Bem, não é tanto sobre ele, é mais sobre o duelo que teve com James Hunt pelo título mundial de 1976 - curiosamente o ano em que nasci... - e sobre o acidente que o marcou fisicamente e psicologicamente, no circuito alemão de Nurburgring, e o campeonato em si, que terminou de forma dramática, debaixo de copiosa chuva no circuito japonês de Fuji, com o austríaco a desistir voluntariamente de um título mundial, algo que enfureceu os tiffosi em geral e Enzo Ferrari em particular.
Lauda aguentou as criticas e fez o que tinha a fazer, vencendo um segundo título mundial em 1977 - inicialmente como segundo piloto da marca, atrás de Carlos Reutemann - e depois saiu da Scuderia pelo seu próprio pé, sem dar cavaco a ninguém. Mas isso fazia parte do seu estilo, de fazer as coisas à sua maneira, contrariando tudo e todos, pois sabia que o seu talento não dependia das máquinas que guiava, mas de si próprio. Foi por isso que no inicio da carreira, ele pediu empréstimos bancários uns atrás dos outros para chegar à March, em 1971, e depois à BRM, em 1973. Depois, o seu talento fez o suficiente para que o seu companheiro de equipa, Clay Regazzoni, o recomendasse a Enzo Ferrari, que o contratou no inicio de 1974. Conta-se que com o salário que a Scuderia lhe deu, foi mais do que suficiente para pagar as suas dívidas aos bancos.
Depois da passagem pela Ferrari, foi para a Brabham de Bernie Ecclestone, ganhar rios de dinheiro... mas a lutar contra um péssimo motor flat-12 da Alfa Romeo. Tentou dar o seu melhor, vencendo duas corridas e 1978, mas depois de uma péssima temporada em 1979, decidiu ir-se embora, "cansado de andar às voltas em circulos", como disse na altura.
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Depois de se retirar, optou por tentar desenvolver a sua companhia aérea, enquanto regressava ocasionalmente à Formula 1 com consultor na Ferrari, Jaguar e agora Mercedes. E também dizia o que pensava aos microfones da RTL alemã, irritando muitas vezes muita gente. Mas ele nunca deixou de ser ele mesmo, talvez um dos melhores da sua geração e de sempre da Formula 1.
Assim sendo... parabéns, Niki Lauda.
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