A Ford teve sempre uma longa história no automobilismo, especialmente nos ralis. Modelos como o Escort e o Focus – e agora, o Fiesta – fazem com que a marca americana seja uma das indissociadas aos ralis desde há mais de 50 anos. O Escort de primeira geração, saído em 1968, bem como o de segunda geração, que apareceu em 1975, fizeram as delicias de dezenas de pilotos, desde Roger Clark a Ari Vatanen, continuando a correr ate a meados dos anos 80, dando títulos mundiais em 1981, com o finlandês ao volante.
Contudo, com a chegada do Grupo B, a marca foi apanhada desprevenida, e quando se esforçou por apanhar os concorrentes, fez um carro de raíz, mas acabou por ser noticia pelos piores motivos e o final do Grupo B fez com que não alcançasse o sucesso pretendido. Hoje falo do Ford RS200.
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Desenhado por Tony Southgate, que tinha construído a sua reputação na Formula 1, e com um chassis construído na Reliant, o carro tinha um motor de 1.8 litros com cerca de 400 cavalos em condições de corrida. Contudo, com o baixo peso do chassis (1050kg) fazia com que alcançasse os 0 aos 100 em 3.8 segundos.
Contudo, apesar da boa relação peso-potência, era pouco potente em relação à concorrência, e apesar de terem andado mais de um ano a ser desenvolvido na Grã-Bretanha, quando se estreou, no rali da Suécia de 1986, com Stig Blomqvist e Kalle Grundel aos comandos, não conseguiram mais do que um terceiro posto, por parte deste último.
Entretanto, a portuguesa Diabolique, a mais importante equipa de ralis do país, tinha também decidido adquirir um modelo RS200, dada a sua longa história com o modelo Ford. Joaquim Santos iria guiá-lo no Rali de Portugal, para depois tentar a sua sorte no campeonato nacional, contra o Renault 5 Turbo de Joaquim Moutinho.
O carro dele iria ter a assistência da Ford, ao lado de Blomqvist e Grundel, mas no primeiro dia, quando o rali passava pela Serra de Sintra, Santos e o seu navegador despistaram-se encontra um grupo de espectadores, matando três e ferindo mais 40. Por essa altura, o rali de Portugal era conhecido pela quantidade de espectadores que tinha nas bermas, colocando-se cada vez mais em perigo perante a crescente velocidade dos carros do Grupo B. Os pilotos de fábrica decidiram boicotar o resto do rali, retirando-se.
A Ford só voltaria para o Rali da Acrópole, com Grundel e Blomqvist, mas não chegaram ao fim, e só voltariam para o Rali RAC, com quarto carros alinhados. Para além dos suecos, mais outro, Stig Andervang, e o britânico Mark Lovell, vencedor nesse ano do campeonato britânico de ralis. Ali, o melhor foi Grundel, terminando na quinta posição.
Pelo meio, nos campeonatos nacionais, o carro passou pelo melhor e pelo pior. Se na Grã-Bretanha, Lovell levou o carro para o título nacional, na Alemanha, as coisas acabaram mal para o suíço Marc Surer, quando a 1 de junho desse ano, durante o Rally Hesse, perdeu o controlo do carro, embatendo fortemente contra uma árvore. O facto do carro ter volante à direita salvou Surer, mas o seu navegador, Michel Wyder, teve morte imediata.
No final de 1986, a FIA decidiu banir os Grupo B e o RS200 teve de ser retirado dos ralis, numa altura em que o motor estava a ser desenvolvido por Brian Hart, no sentido de ter ainda mais potência para se nivelar perante a concorrência. A versão “Evolution” teria um motor de 2.2 litros, com uma potência a variar entre os 510 e os 815 cavalos, dependendo dos turbocompressores, e isso vinha incluindo com melhores suspensões e componentes mais resistentes. A versão foi dada como nado-morta, mas teve vida no rallycross, onde pilotos como o norueguês Martin Schanche venceram corridas com ela, e em 1991, o título europeu.
Para além disso, houve a versão de estrada (tinham de ser feitos 200 exemplares para ser validado) e um desses modelos foi suficientemente modificado para que pudesse participar no Pikes Peak International Hillclimb, no inicio do século, onde por três vezes foi pilotado por… Blomqvist.
Ficha Técnica:
Modelo: Ford RS200
Projetista: Tony Southgate
Motor: Ford Cosworth 1.8 de quarto cilindros em linha
Pneus: Michelin
Pilotos (Mundial): Stig Blomqvist, Kalle Grundell, Joaquim Santos, Mark Lovell, Stig Andervang
Ralis: 5
Vitórias:0
Pontos: 20 (Grundell 20)
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