segunda-feira, 24 de julho de 2017

"Carmagedão" (primeira parte)

Em 1996, saiu nas bancas um jogo polémico: "Carmaggedon". Basicamente, a ideia era de correr numa pista onde o objetivo era de destruir a concorrência, e para ganhar pontos, valia tudo, até... atropelar pessoas. Entre pedidos para que o jogo fosse banido, houve quem tenha feito uma versão suavizada, onde substituíram a cor de sangue por... tinta verde, afirmando que as pessoas que atropelava seriam zombies. Cheguei a ter esse jogo e não posso deixar de dizer que tive as minhas tardes de diversão, mas não coloquei esses ensinamentos em pratica na estrada.

Contudo, há uns dias, deparei com um artigo no site Medium que tinha o nome de "Carmagedão" como título. Pensava que alguém se tinha lembrado do video, mas a realidade era outra: falava da tempestade perfeita que se estava a desenhar-se entre três tecnologias: os carros elétricos, a autonomia (os carros guiarem-se sozinhos) e o smartphone. Apesar de já haver mais de dois milhões de carros elétricos espalhados pelo mundo, são ainda apenas uma pequena percentagem do total, mas os especialistas estão convencidos que estamos no principio de uma revolução, onde dentro de dez a quinze anos - talvez bem menos - a paisagem será completamente diferente daquele que vemos agora.

Ou seja, ao contrário do outro, bem destrutivo, aqui não há sangue. Aliás, é tudo muito... limpo.

Coloco aqui alguns extratos:

"Você sabe como o valor de um carro cai em um quarto quando sai do revendedor? Bem, isso não acontece, se for elétrico.

O carro elétrico também é mais eficiente e poderoso do que os de carros a gasolina ou diesel, que perdem a maior parte de sua energia através do calor. Isso permite que veículos elétricos alcancem a aceleração e o desempenho de uma Ferrari, mas custam muito menos para comprar e circular. É por isso que a Daimler-Mercedes, a empresa de automóveis mais antiga do mundo, planeia gastar 15 mil milhões de dólares na construção de dez novos modelos de veículos elétricos até 2022. É por isso que o lendário designer de automóveis Henry Fisker acaba de revelar um carro novo que tem uma velocidade máxima de 250 quilómetros por hora, uma autonomia de 640 km e um carregamento que vai do zero para o cheio em meros 36 minutos.

É aqui onde estamos em 2017... dentro de alguns anos, será dramaticamente melhor". (...)

"Em 2011, ninguém estava a falar sobre carros autónomos. Hoje, todas as grandes empresas de automóveis dizem que terão veículos totalmente autónomos (sem volante ou pedais) na estrada antes de 2021 e alguns, como Tesla e General Motors, dizem que estarão prontos para ir dentro de um ano. Não são apenas as empresas de automóveis. O CEO da Apple [Tim Cook] declarou publicamente que eles estão determinados a resolver a autonomia, "a mãe de todos os projetos de Iinteligência Artificial". O Baidu, o gigante chinês da tecnologia, planeia lançar a plataforma de auto-dirigir de código aberto, [nome de código] Apollo, nos próximos meses. Há também uma onda de startups menores perseguindo uma fatia auto-dirigida, todos atraindo níveis recordes de financiamento.

Todas essas empresas vêem estes veículos sem condutor como o seu bilehete para o grande prémio, que é o negócio de "car sharing". Se você remover o custo do motorista humano numa viagem a pedido, o custo diminui em cerca de 75 por cento. Os veículos autónomos também são mais seguros, o que significa que você pode remover ou reduzir o custo do seguro. Isso não é teórico. As características básicas de autonomia, como aviso prévio e a travagem automática, já salvam vidas, resultando em reduções de entre 7% a 15%, respectivamente. Uma vez que a taxa de acidentes cai, as taxas de seguro diminuem ainda mais.


A autonomia, em outras palavras, é um foguete para a procura. Isso torna muito mais fácil para as pessoas dispensarem os carros, ou ter apenas um, ou então deixar seu carro em casa e fazer um passeio a pedido para qualquer tipo de viagem."

Há outras coisas dos quais tendemos a pensar quando falamos de carros elétricos. Conhece-se o exemplo da Noruega, onde metade dos carros novos em 2016 era elétrico, onde por causa dos privilégios que eles tinham (circular na faixa dos Bus, estacionar nos centros das cidades de graça passar as portagens também de graça) fez com que o esquema fosse vitima dos seu próprio sucesso. É que agora, 30 por cento dos carros que circulam são elétricos, a maior percentagem no mundo inteiro. E que por causa disso, o governo pretende eliminar os carros a gasolina e Diesel nas estradas em 2025, com um prolongamento de cinco anos para os camiões e barcos.

E este ano, países como a França e Alemanha decidiram implementar leis incentivando a transição entre o Diesel/Gasolina para o elétrico até 2040. O grande problema destas leis é que, provavelmente, são pouco ambiciosos. É altamente provável que, por essa data, tais objetivos já tenham sido largamente alcançados.

(continua amanhã)

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