Era um sábado, e a corrida começou mais cedo porque o resto do mundo queria saber se, no outro lado do Atlântico, Brasil e Itália iriam ficar com a taça Jules Rimet. É verdade: o GP da Holanda começou mais cedo que o habitual porque queriam acabar antes do apito inicial da final do Mundial de Futebol no México, que opunha italianos e brasileiros, no Estádio Azteca.
Em 1970, no meio do pelotão da Formula 1, dois rapazes tinham a ambição de triunfarem por eles mesmos. Frank Williams e Piers Courage tinham ambos 28 anos e adoravam a velocidade. Um era filho de um piloto da RAF e tinha mais jeito para organizar, e outro era o herdeiro de uma marca de cervejas que tinha enriquecido os seus antepassados, mas não queria ficar à sombra dos loiros. Piers Courage queria ser ele mesmo, construir a sua reputação por aquilo que era e não de onde vinha.
Ambos ficaram felizes com o que tinham feito em 1969, quando Williams alugou um Brabham BT26 e conseguiram dois segundos lugares no Mónaco e em Watkins Glen, e os 16 pontos recolhidos davam-lhe esperança para o ano seguinte, para o que poderia ser o inicio da sua própria equipa. Para isso viraram para a De Tomaso, para construir um chassis, mas a meio de 1970, tinham sido mais as desilusões que os bons momentos.
Naquele dia 21, Courage até tinha conseguido um nono posto na grelha de partida, e queria chegar aos pontos pela primeira vez naquele ano. As suas últimas fotos com ele vivo vêm-no numa luta com John Miles, John Surtees e o estreante Clay Regazzoni. Mas na volta 22, na zona do Tunel Oost, tocou numa berma e a sua suspensão danificou o suficiente para que perdesse o controlo, capotasse e ficasse em chamas.
"A primeira vez que passei pelo fogo, espreitei na minha esquerda, mas não vi qyaisquer marcas no chão, com todo o fumo e fogo. Na minha passagem seguinte, as chamas continuavam acesas, mas no meio dos destroços, notei o capacete do Piers e foi nesse momento sabia que o pior tinha aconecido porque, se ele estivesse OK, ele teria o capacete consigo", conta Jackie Stewart na sua biografia.
Jochen Rindt foi o vencedor da corrida, a primeira vitória no Lotus 72. Mas ninguém estava a celebrar, nem mesmo mais tarde, quando viam Carlos Alberto a levantar o troféu Jules Rimet, para o levar definitivamente para a sede da CBF. Duas semanas antes, no dia 2, Bruce McLaren tinha morrido num acidente em Goodwood por causa de um pedaço do seu McLaren M8D ter voado e o que restou do chassis ter batido contra um posto de comissários. Os pilotos começavam a ficar cansados de ver os seus amigos morrer e acharam que era altura de atuar.
Na quarta-feira, dia 24, iria haver um memorial em sua honra, que acabou por ser dupla, também para homenagear Courage. A seguir, houve uma reunião da GPDA, liderada por Stewart, que começou a ameaçar os organizadores de boicotar alguns circuitos se não fizessem obras profundas em relação à segurança. E foi por isso que na Alemanha, passaram de imediato do Nurburgring Nordchleife para o circuito de Hockenheim.
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