terça-feira, 28 de junho de 2022

A imagem do dia


Nelson Piquet no fim de semana do GP dos Estados Unidos de 1991, ao serviço da Benetton, no inicio daquilo que viria a ser a sua última temporada na Formula 1. Eis alguém que ao longo da sua vida julgou sempre ter piada, mas agora, já não tem mais. Que mandou uma bomba ao retardador, e que explodiu agora. Nas suas mãos. 

Tudo começou numa entrevista de 2021 que apareceu por estes dias à superfície, onde o ex-piloto, três vezes campeão do mundo, chamou de "neguinho" a Lewis Hamilton, por causa do que aconteceu na corrida do ano passado em Silverstone. E a coisa se calhar teria ficado por ali, como muitas outras ocasiões onde ele abria a boca e dizia asneira. Só que a entrevista com a fala derrogatória chegou à CNN Brasil, Hamilton ouviu a tradução e não gostou. E a Formula 1 decidiu defendê-lo, porque é um dos seus pilotos. 

Parece que o mundo descobriu a verdadeira face de Nelson Piquet Sr. Só agora? Mas não sabiam há mais de 35 anos que ele era assim mesmo? Eterno provocador, que vezes sem conta provocou Ayrton Senna, incluindo na sua masculinidade? Então o que mudou?

Algumas coisas. E não, não foi ele ser motorista de um dos piores presidentes que o Brasil já teve em democracia num 7 de setembro - o dia da independência do Brasil - e que caminha para uma derrota estrondosa no final deste ano, quando tentar a sua reeleição. Foi essencialmente porque ele já não tem mais o seu patrono a mandar na Formula 1. Bernie Ecclestone está velho e a nova administração, a Liberty Media, nunca gostou dele, e tem de defender o seu produto contra um velho "nemesis". E para melhorar as coisas, ele, Nelsão, nunca foi fã de Hamilton - e bem muito antes da filha Kelly namorar com Max Verstappen. Com esta confusão, houve quem se lembrasse de uma cena onde ele, num pódio do GP do Brasil, ergueu o dedo do meio disfarçadamente, e há quem jure que era para Hamilton, que lá estava... 

A propósito, uma pequena adenda: sei que as preferências politicas do pai, Jos, também tendem para o politicamente incorreto. Max está caladinho, porque sabe que uma palavra fora do lugar é o fim dele. 

Claro, a partir de agora, Nelsão está banido da Formula 1. Não sei se de entrar num paddock, mas pelo menos de colocar um microfone na sua boca, porque sabemos que ele não terá qualquer freio em dizer do que pensa. E ainda por cima, o homem caminha alegremente para os 70 anos, acham que ele irá domesticar a sua língua? Esqueçam. 

No final, é pena. Mas também sei que não quer saber muito. Não irá desculpar-se, não quererá que tenham pena dele. O que tinha de fazer, aconteceu no passado, e está marcado na história. Sabe que se tentarem apagá-la, então ele poderá dizer que está a ser perseguido pela "cultura do cancelamento" e pela "patrulha do politicamente correto".

Francamente, o melhor que temos de fazer é deixá-lo no seu canto. O ostracismo é a melhor arma.

1 comentário:

joao carlos de godoy disse...

a expressao que piquet usou nao e de forma nenhuma ofensiva aqui no brasil e a mesma chamar de coisa que chamar um menino de moleque uma pessoa que nao conheça pelo nome mas voce sabe quem e por ex um frentista a palavra nego tem ate em bandeira de estado falar eta nego bao aqui e elogio nao ofensa analise a sua lingua que vc entendera