quinta-feira, 5 de setembro de 2024

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A carreira de Clay Regazzoni - que se estivesse vivo, faria hoje 85 anos - foi longa e eclética, apesar de só ter ido para a Formula 1 em 1970, aos 30 anos de idade. Muito rápido e muito difícil de passar - até poderia ser hostil - o piloto nascido em Lugano, na Suíça, andou em máquinas da Ferrari, mas também pela BRM, onde descobriu Niki Lauda, Ensign, Shadow e Williams, onde continuou a ganhar corridas e subir a pódios até 1979, com 40 anos, e a passar por uma segunda vida pela equipa de Frank Williams

Das suas cinco vitórias, quatro foram pela Scuderia, e a sua primeira foi no melhor lugar onde se poderia triunfar: em Monza. Só que foi no fim de semana onde Jochen Rindt sofreu o seu acidente fatal.

E o mais interessante sobre ele é que até aos dias de hoje, está no "top 5" dos pilotos com a melhor temporada de estreia na Formula 1. Melhor que ele só dois britânicos: Jackie Stewart e Lewis Hamilton. E ainda melhor, entrou com a temporada em andamento.

Clay - Gianclaudio Giuseppe no seu nome de batismo - corria na Formula 2 desde 1968 pela Tecno, a equipa dos irmãos Pedrazzani, de Bolonha, e depois de alguns bons resultados em 1969, partia para uma terceira temporada confiante que o projeto traria frutos. Ao mesmo tempo, a Ferrari estava de olho nele, eles que estavam numa altura de remodelação, com a entrada da Fiat no capital, e com a nova injeção de dinheiro, procuraram talentos. 

Contudo, no inicio da temporada de 1970, somente deram um carro a Jacky Ickx. A partir do GP belga, um segundo carro foi inscrito, e este foi dado a talentos. O primeiro foi Ignazio Giunti, a partir do GP da Bélgica, e ele se deu bem, acabando em quarto. Na corrida seguinte, nos Países Baixos, a oportunidade foi dada a "Rega", depois de se ter estreado dias antes nas 24 Horas de Le Mans, ao lado de Arturo Merzário, num modelo 512. A corrida durou pouco tempo - apenas 38 voltas - e não mais regressaria a Le Mans, mas esperava que esta chance corresse melhor.

Conseguiu o sexto posto na grelha e ao longo da corrida, manteve-se entre os primeiros, acabando por conseguir um honroso quarto posto, conseguindo os seus primeiros três pontos. Foi uma corrida meritória, mas apenas foi uma amostra das coisas para vir. Quando teve a sua chance, em Brands Hatch, nova chegada nos pontos, e o aproveitamento da nova evolução do 312 o colocaram sempre no pódio, culminando com o seu triunfo na corrida italiana. Mas o que poucos sabem é que acabou na terceira posição do campeonato, com 33 pontos, resultante de uma vitória, quatro pódios, duas voltas mais rápidas e a pole-position na última corrida do ano, no México.

Tudo isto numa temporada onde ainda ganhou o campeonato de Formula 2. Agora imaginem isso se começasse a correr em Kyalami. Se calhar, o campeão seria outro.  

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