![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3z2_9b45LOG0BKnQzTGDwObIqCkTl4UsSSoiPD-lv2hhiUXbMv5wQ8DMVxixubA2qbeqTjAYrosg50ZPNLnc4l6wBDofbMVO1bCGVLpp0pcf7fQ3rouOCHGnqIz3434LYroEPBwns-8Q/s400/gilles-villeneuve.jpg)
Como já tinha escrito anteriormente, na volta 47 dessa corrida, o director da Ferrari, Mauro Forgheri, mandou um sinal a Didier Pironi e Gilles Villeneuve para que abrandasem o seu ritmo, já que havia dúvidas que ambos os carros aguentassem o resto da corrida. Vileneuve abrandou, mas Pironi decidiu desobedecer às ordens, pois achava que, estando à frente do campeonato pessoal (só tinha um ponto, enquanto que Gilles não tinha nenhum) isso teria prioridade sobre o estatuto que tinha na Ferrari, de segundo piloto...
Depois de ambos os pilotos terem batalhado em pista, na penultima volta, o canadiano estava na frente, e decidiu abrandar o ritmo, pensando que Pironi faria o mesmo. Não o fez, e passou definitivamente o canadiano. Villeneuve tentou reagir, mas não o conseguiu. Na meta, Pironi ganha a corrida, deixando fulo o canadiano.
E porquê isto tudo? Três anos antes, em 1979, Enzo Ferrari decidiu que o sul-africano Jody Scheckter, na altura à frente do Campeonato, seria o campeão do Mundo, apesar do canadiano ser mais rápido do que ele. No final da corrida de Monza, Enzo Ferrari chegou-se a Villeneuve e disse “hoje foi ele, mas da próxima, tu serás Campeão do Mundo”. Essa promessa do “Commendatore” foi aquilo que manteve Villeneuve na equipa. A sua lealdade era uma das gandes qualidades que muitos apreciavam, a par da sua agresividade em pista.
Em 1982, depois de duas más épocas, sabia-se que a Ferrari tinha finalmente feito a combinação certa. O chassis 126C, aliado ao motor Turbo, era uma grande máquina, mas ainda era pouco fiável. Só a partir de San Marino é que se verificou que era uma máquina vencedora.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOZblOlq2bK7KThR4VzzVHe8AIz4a5L8iFcG5LQJACz1PUuBUoS3IWlOHyXwjDoTrCInvbduLfRcNmKCy7C5kICK1VZfhqLlFak8WnrSI2ZX_CehyphenhyphenUYP8Yy_yLV-Obulyx4Uwh6v-Lv40/s400/San+Marino+82+2.jpg)
No final da corrida, as discussões continuavam. Pironi defendia-se afirmando que não tinha visto o sinal, enquanto que Villeneuve ameaçava abandonar a equipa no final da temporada, enquanto que o estatuto não fosse definido. A discussão foi tal que na terça-feira, a Ferrari decidiu lançar um comunicado à imprensa defendendo o piloto canadiano. Mas para ele isso não bastava. No final dessa semana, foi entrevistado por Nigel Roebruck, para a revista Motorsport. Aí afirmou a frase fatal: “Pironi seria a partir de hoje o meu adversário. Nunca mais falarei para ele no resto da minha vida”.
Depois do desenlaçe fatal, o francês Alain Prost, seu amigo pessoal, afirmou que “durante aqueles 15 dias, a maior obssessão de Villeneuve chamava-se Didier Pironi”. Quando a Ferrari chegou à Belgica, Villeneuve fez todos os possiveis para passar o seu companheiro de equipa. Nos treinos de Sábado, perto do final da sessão, os Ferrai eram sétimo e oitavo na grelha, a cerca de meio segundo do primeiro colocado, o Renault de René Arnoux. Villeneuve não suportava o facto de Pironi, o seu maior rival, estar à sua frente. Sendo assim, forçou o seu carro até aos seus limites.
Inevitavelmente, os seus pneus ficaram desgastados, e Mauro Forgheri mandou chamar Villeneuve para as boxes. A caminho delas, após uma chicane, Villeneuve viu o March do alemão Jochen Mass. Ele desviou-se para a esquerda, mas Villeneuve interpretou-o mal e ambos chocaram. O seu carro voou ao bater nas rodas do March, catapultando-o, e quando aterrou, bateu com a frente no chão, desintegrando-o. O "bacquet" soltou-se, projectando Villeneuve para fora do carro, que só parou nas redes de protecção.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6EaWF3nxyssZoOfc6r4kyPUQh_vjWh5GL4kkgu9SUGNaJIyNaKTfnU8PO02zBge059tBOHKFT7mAkB4VT0fCWjINFqzT16tciKUmtRohMwT31-KQsjGRKzSc6-BkC4IzNzWGIQnHzaPo/s400/Belgica+82.bmp)
Não se consta que Pironi tenha ido ao funeral do seu ex-companheiro, em Berthierville, sua terra natal. Para a generalidade dos especialistas e fãs de automobilismo, Pironi era o “mau da fita”, o homem que tinha privado para sempre um os melhores pilotos de todos os tempos, e até a possibilidade de ele ser Campeão do Mundo. O seu substituto foi outro grande amigo de Villeneuve: o francês Patrick Tambay. Três corridas mais tarde, Pironi ganha na Holanda e dedica a vitória a Villeneuve, um gesto que, para muitos, foi interpretado como cínico...
Quando em Agosto, o piloto francês tinha alcnçado a "pole-position" no circuito de Hockenheim, Pironi era o claro favorito para ganhar o título mundial. Contudo, no Warm-up de Domingo de manhã, quando foi testar o carro à chuva, bateu forte no Renault de Alain Prost, um acidente idêntico ao que tinha acontecido a Villeneuve. Irónico, não é?
Uma capítulo final: quando Pironi morre em 1987 naquele acidente de barco ao largo da Ilha de Wight, o francês estava à espera dos seus primeiros filhos, um par de gémeos, concebidos "in vitro". Os nomes? Didier Jr e... Gilles.
4 comentários:
brilhante texto!
essa rixa Didier Vs gilles ainda rende muito pano. Mas eu acho que o nome dos gemeos deixam a mensagem final.
Essa expressão di Gilles marca
Como grande fan do G.Villeneuve emocionei-me com o teu artigo speeder. que saudades do mais generoso piloto que a F1 já conheceu. Sds Villickx
Enviar um comentário