Não é uma coisa nova - existe há cerca de um século - mas a grande novidade tem a ver com a chance de fazer da Formula 1 uma competição neutra em carbono até 2030. Apesar de ser possível, o custo da transformação é caro, mas adequada para uma pequena competição - em termos de pegada de carbono - como esta, que leva carros para os quatro cantos do mundo, 24 vezes por ano.
E pelos vistos, a adaptação dos combustíveis sintéticos aos motores, que continuam a ser os 6 cilindros Turbo, com um sistema de regeneração de energia, poderá ser eficaz para a performance dos motores em pista. E isso poderá explicar as razões porque, por exemplo, a Alpine deixou de fabricar os seus motores e passou a ter Mercedes em 2025 e voltou a contratar Flávio Briatore. É que os primeiros resultados desses novos motores nos bancos de ensaios mostram que há duas marcas na linha da frente: Honda (a saudita Aramco)... e Mercedes (com a malaia Petronas).
Mas é a Mercedes que tem os melhores resultados e poderão dominar, como fizeram a partir de 2014, quando surgiu a atual era de motores. Como eles ficam com a melhor fatia, isso poderá significar que George Russell é o candidato numero um ao título... ou não. Afinal de contas, temos Kimi Antonelli. E há mais equipas com esse motor, como a Williams e... a Alpine. Parece ser um cenário muito semelhante a 2014 que está a ser desenhado, lembram-se como a Williams se portou nessa temporada, com Felipe Massa e Valtteri Bottas?
No caso da Alpine, a chegada do Briatore poderá ser para organizar a equipa de Enstone e... vender. Não tira da cabeça a ideia de, num futuro mais distante - vamos imaginar, 2028... - a marca francesa se farta e vai-se embora. O atual CEO da marca não gosta muito de automobilismo, e está a ver que, por exemplo, não vende muitos carros de estrada, e ainda não se sabe bem até que ponto aguenta ver a sua marca na Endurance, onde compete na classe Hypercar. Poderá ser mais barato, mas a paciência dessa gente em relação ao automobilismo irá até um certo limite. E também recordo isto: as marcas querem vencer, na velha frase "win on sunday, sell on monday". Pode até estar desatualizado, mas a frase ainda é verdadeira.
Mas ao contrário de 2014, há um rival que irá investir pesado para contrariar esse possível domínio: Honda. Eles irão em 2026 para a Aston Martin, depois de um bom tempo na Red Bull, que a partir dessa temporada terá motores da Ford. A Aston Martin, como é sabido, é de Lawrence Stroll, e está a investir pesado. Nova fábrica, em Silverstone, a contratação de Adrian Newey, e claro, a dupla de pilotos quer ganhar. Fernando Alonso deseja o tricampeonato, e mesmo que esteja a caminho dos 45 anos nessa temporada, quer mostrar que ainda consegue ombrear com gente que nem era nascida quando começou a carreira...
E claro, o combustível: a Aramco saudita é dona parcial da Aston Martin e investiu pesado nesta tarefa. E para eles, dinheiro não é, nunca foi, o problema. Aliás, recentemente, investiram mil milhões de dólares numa refinaria de petróleo sintético em Bilbau, no País Basco espanhol.
Mas isso é nada comparado com a Petronas: 13 mil milhões de dólares só na pesquisa em combustível sintético! Claro, não é só na Formula 1, também é noutras áreas, mas há uma corrida para processar combustível sintético a apresentar como alternativa aos carros elétricos, por exemplo.
O problema é o segundo piloto. Lance Stroll ainda não provou que tem estofo de campeão - e se calhar, nem terá - e se os motores japoneses começarem a mostrar que tem a capacidade de lutar com a Mercedes pelos lugares da frente, torna-se um lugar apetecível. Uma alternativa é Yuki Tsunoda, que é piloto Honda, e eles sabem que a Red Bull não o quer. E com o final do acordo com a Honda, no final de 2025, ele está livre de correr para outro lado, e a Aston Martin é a favorita. Stroll tem de mostrar que é alguém na Formula 1, caso contrário, todos olharão para a equipa como a de um só piloto - e de um motorista de luxo...
E com Alonso idoso, se conseguir andar bem, e querer retirar em alta, será o lugar mais apetecível da Formula 1. lá para 2027. E quem poderá ir para lá? Estou a pensar em Max Verstappen, que apesar do seu contrato até 2028, poderá sair antes... por muitos motivos. O primeiro, a Red Bull poderá estar no inicio da sua curva descendente (durante esta primavera e verão, após a saída de Newey, muitos engenheiros foram recrutados por outras equipas), o segundo, o motor da Ford não promete - aliás, do que se ouve é que os outros motores estão muito longe de mostrarem resultados, e isso inclui a Ferrari... - e Max, como todo e qualquer piloto que oi campeão - quer correr em equipas vencedoras. Como conhece o motor e o projetista, seria bem-vindo à Aston Martin. Mas isso, se calhar, é lá mais para 2027.
Quanto aos outros, se calhar irão penar. Audi, Ferrari, Red Bull - com a Ford. Ião investir muito para recuperar o tempo e o lugar perdido. E aí, as firmas gasolineiras (Shell, com a Ferrari, por exemplo) estão muito atrás.
Claro, 2026 está ainda longe, e há quem possa recuperar o tempo perdido até lá, mas pode-se afirmar que este tempo futuro não será a dos construtores, mas antes... a das petroliferas. E tem a capacidade de apostar forte nesta tecnologia.
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