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Na entrevista à revista Veja, o entrevistador fez aquela sacramental pergunta:
- Seu tio Ayrton Senna é o seu grande ídolo?
- Vai parecer clichê, mas eu não tenho ídolos. O Ayrton é apenas uma referência. Idealizar alguém é uma péssima forma de iniciar uma carreira. Ao idealizar, você quer ser igual a essa outra pessoa. Meu objetivo não é esse.
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"Foi o meu avô Milton quem me colocou num kart pela primeira vez. Dos 5 aos 10 anos de idade, eu corria de kart todos os fins de semana. Quando o Ayrton faleceu, o apoio da minha família sumiu. Eu tinha 10 anos e não podia brigar pelo que queria. Não tinha como bater de frente. O clima da minha família em relação ao automobilismo ficou muito ruim. Ninguém mais assistia a corridas de Fórmula 1. Meu avô nunca mais viu um Grande Prêmio. Tive de deixar a poeira baixar (...) Nunca parei de pensar nisso. Quando tinha 18 anos, disse para a minha mãe que eu queria voltar a correr. Apesar de surpresa, ela achou que era fogo de palha e aceitou. Comecei com um kart antigo que estava na fazenda. No desespero de voltar a correr, logo no primeiro dia, dei 140 voltas sem parar. Como eu não estava preparado para toda a trepidação, quebrei uma costela de tanto que fiquei no kart. Em um ano e meio, quebrei cinco costelas. Toda vez que eu quebrava uma, ficava um mês de molho e voltava a correr. Foi aí que a minha mãe percebeu que eu não estava de brincadeira."
Outro facto interessante é sobre a sua contratação na Campos. Revelou que o acordo lhe custou zero em patrocinios, mas o seu salário não vai ser pago pela equipa.
- Quem vai bancar a sua parte?
- Ninguém. Vou entrar com zero. Fechei com a equipe espanhola Campos Meta porque eles toparam me contratar sem que eu precisasse levar dinheiro. Foi a primeira proposta que consegui obter sem ter de levar patrocínio nenhum. Serei o único estreante que não vai pagar para correr.
- Quanto você vai ganhar?
- Da equipe, nada. Nem um centavo. Mas vou poder ter meus patrocinadores pessoais e me sustentar com isso.
- O seu sobrenome ajudou na negociação?
- Claro que sim. Eles apostam no meu sobrenome famoso para atrair patrocinadores para a equipe. Por isso me liberaram do pagamento. O sobrenome Senna vai chamar atenção nas corridas e dar visibilidade às marcas que nos apoiarem. O Adrián Campos, dono da equipe, achou uma boa ideia unir o meu potencial como piloto ao potencial de marketing.
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1 comentário:
Por discordâncias de pensamento (óbvias), não leio a revista Veja. Por isso n ão tinha entrado em contato com esta entrevista.
Fiquei perplexo em ver como a família Senna se portou após o acidente do Ayrton (não sabia que ninguém mais assistia às corridas). As declarações de Bruno me parecem bem medidas, feitas por alguém muito bem assessorado e que sabe que o peso do sobrenome é capaz de lhe esmagar (com o perdão do trocadilho) as costelas.
Acho que todo piloto é um pouco nietzscheano, embora eu aposto que ninguém no grid saberia soletrar "Nietzsche" (talvez os alemães).
O filósofo tem uma fala famosa sobre por que concebemos ídolos, e qualquer piloto profissional tem a obrigação de não tratar seus colegas, do presente e do passado, como tal.
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