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Com o passar das semanas, as sessões de fisioterapia tornaram-se menos penosas para Pete, pois queria pôr-se bom depressa, mesmo que a partir dali não voltaria mais a um cockpit de automóveis, queria brinca um pouco com o seu Ford Mustang Shelby 500, o seu novo brinquedo na garagem, fornecido pelo proprio Carrol Shelby, seu amigo de longa data e um dos seus modelos no inicio da sua carreira, já nos distantes anos 50 naquelas corridas californianas, onde certo dia cruzou-se com outro entusiasta automobilistico, um tal de James Dean, num Porsche Spyder. E ele invejou esse carro, que julgava ser melhor que o MG adqurido em segunda mão, com o dinheiro juntado com muito suor através do seu trabalho de mecânico na garagem do seu tio...
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E agora, afastado que estava do centro do automobilismo, reparava nisso tudo. Nessa revolução dos costumes, onde um visual "clean" tinha sido substituido pelos cabelos longos e visual "hippie" e o lugar onde todos queriam estar era São Francisco, para ouvir Greatful Dead enquanto apanhavam uma pedrada de LSD ou marijuana. E liam William S. Burroughs, com o seu "Naked Lunch", sonhavam em fazer tal como fez Jack Kerouac no seu "On The Road"... Aaron leu Kerouac na sua juventude e gostava da ideia de viajar pelas planicies americanas, mas como forma de terapia entre temporadas. Só tinha feito uma vez, cedo, quando foi ver uma Las Vegas ainda no seu inicio da febre do jogo. Deslumbrou-se com as luzes, é certo, e ainda jogou, mas quando quase descobriu que estava sem dinheiro para voltar para casa, penou para chegar, deixando o seu relógio como penhor quando o dinheiro acabou. Mas conseguiu gasolina o suficiente para chegar a casa.
Essas recordações da juventude pareciam já distantes. Veio uma nova década, e o mundo mudara completamente. E ele notava isso. Sabia que aquele não era o seu mundo.
Uma quinta-feira à tarde, o telefone tocou. Pete estava em mais uma sessão de fisioterapia no quarto de ginástica que tinha em sua casa. Com um fisioterapeuta ao seu lado, para tratar das suas pernas, que necessitavam de ganhar músculo. Pamela, a sua mulher, atendeu. Uma voz familiar falava do outro lado da linha.
- Estou, o Pete está aí?
- Está sim, mas está a a fazer exercício. Quem fala?
- É o Dan.
- Dá-me um momento, está bem?
- OK.
Pousou o auscultador e chamou Pete. Apoiado numa bengala, apesar de já não ter o gesso, sentou-se no sofá ao lado do telefone e atendeu:
- Dan?
- Olá Pete! Estou feliz por ouvir a tua voz.
- Ainda bem.
- Como vai a tua reabilitação?
- Vai bem, já tirei o gesso, mas continuo a fazer excercício para ganhar músculo.
- As festas foram boas?
- Foram optimas. E as tuas?
- Nada com que me queixar.
- Optimo. Que contas?
- Pete, sei que tu estás retirado, mas gostaria que viesses à minha oficina para discutirmos um assunto.
- Ah é? Porquê?
- Acho que preciso da tua ajuda.
- Em que sentido?
- Preciso dos teus conselhos, Pete.
- Mas Dan, acho que te safas bem com a tua equipa.
- Mas esta está a ficar grande demais. É por isso que preciso de ti. És capaz de vir cá?
- Está bem Dan. Eu apareço aí. Quando?
- Pode ser amanhã. Vou testar em Riverside, não muito longe da tua casa.
- OK, lá estarei. Até lá.
- Até amanhã, Pete.
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No final, Pete sabia o que era, mas perferiu guardar. Amanhã, iria tirar todas as dúvidas que pairavam na sua mente. Levantou-se e voltou para o seu ginásio.
(continua)
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