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Não vi nada disso. Estava no meu quarto, a ver um documentário do Discovery Channel sobre Nova Iorque. Fiu acordado para a realidade quando começo a ser bombardeado com SMS a dizer: "O que é que se passa com o Fehér?". Quando recebei a terceira ou quarta mensagem a perguntar a mesma coisa, foi quando saí do torpor.
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Conseguiram revivê-lo momentaneamente, e levaram-no para o hospital da cidade, ali quase ao lado. À medida que os minutos passavam, era um país em espanto que ficava em suspenso: vive ou morre? Por volta das 10 e meia da noite, sentia que as coisas tinham levado a pior. Mandei um SMS com esses receios, e os que responderam alinhavam pelo mesmo. A confirmação da sua morte só aconteceu à meia-noite.
E de repente, o país desportivo esqueceu-se das suas quase estupidas rivalidades para se unir na dor de um jovem jogador, ainda por cima estrangeiro, como se fosse um deles. Isso espantou os próprios hungaros, que testemunhei numa conversa que tive com um deles, cerca de dois anos depois: ele me dizia que se ele jogasse num clube alemão, não teria visto nem um décimo do que nós fizemos... talvez por isso que haja agora muitos adeptos do Benfica na Hungria.
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Cheguei a ouvir portistas(!) a criticar Pinto da Costa pelo facto de não ter aberto a boca a lamentar a morte dele, pois ele foi um ex-jogador do F.C. Porto, que saiu de lá por divergências com o empresário que o representava. Mas também, desportivamente jogando, nunca "pegou de estaca" nem no Porto, nem no Benfica. E nesses dias, estava a ser negociado o seu empréstimo ao Marítimo...
E também cheguei a ouvir esta "estória": o realizador que estava a filmar esse jogo tinha gravado a queda de Fehér de frante (nós o vimos a cair de costas) e que tinha recebido ofertas milionárias (para cima de 50 mil euros) de TV's e jornais sensacionalistas para comprar a fita, para poderem ganhar "prime time" nos Telejornais e primeiras páginas nos seus pasquins. Ele simplesmente recusou o dinheiro e destruiu a fita. Ainda bem, poupou-nos a mais sofrimento.
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Coincidências a mais, não é? Espero que fiquem por aqui. Mas tenho de confessar isto: por muitos anos que viva, não vou conseguir esquecer aquele 25 de Janeiro, às nove e meia da noite...
2 comentários:
Já comentei sobre o I still remember... De uma olhadinha...
Muito bom o texto...
Me lembro demais da morte do Feher. Meu pai assistia ao jogo através da RTP Internacional... O tempo voa!
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