segunda-feira, 13 de maio de 2024

Considerações sobre "Corrida Para a Glória"


Ontem à noite - domingo, 12 de maio de 2024, para ter uma maior precisão no calendário, para quem ler isto no futuro - tive a oportunidade de ir ao cinema para ver "Corrida Para a Glória", um filme sobre o campeonato do mundo de ralis de 1983, o duelo entre Audi e Lancia.

A história é conhecida: duas rodas motrizes contra quatro. Os alemães tinham o Quattro, que revolucionou os ralis, e deu origem ao Grupo B, e a Lancia, atrasada, tentou contrariá-los, com o 037, baseado no Beta Monte Carlo. E a gente que estava na frente de ambas as equipas. Cesare Fiorio, da Lancia, e Roland Gumpert, da Audi.

Este é um filme interessante sobre automobilismo, e filmes sobre ralis são raros. E isso é uma boa coisa, quando aparece algo assim. Mas é aqui que, de uma certa forma, acabam boa parte das coisas boas. E a razão é o porquê: é um filme italiano, feito por italianos, e apesar de haver muitos diálogos em inglês, também os há em italiano, alemão e francês.

Dentro das personagens, cedo se topa que é sobre Cesare Fiorio. Que foi uma lenda nos ralis nos anos 70 e 80, quando esteve ao leme da Lancia, especialmente nos anos dominadores, com o Delta, a partir de 1985. Mas ali está a manha italiana, especialmente na maneira como interpretava os regulamentos e até que ponto ele foi ao limite para ganhar. E claro, também entrar na mente dele, entender um pouco o que ele era. Nesse campo, está ótimo. Mas para o resto... tudo superficial, com a exceção do Gumpert e do Walter Rohrl, que acho poderia ter sido mais explorado. Aí, acho que foi um desperdício. 

As reconstruções de Turim são ótimas, mesmo em termos de carros - senti falta do Fiat Uno, que saiu precisamente em 1983 - as paisagens são ótimas, especialmente Sanremo e Monte Carlo. O resto... digamos que não houve dinheiro para as deslocações. Nem que fosse para filmar algumas corridas históricas, sabem? Para compensar, colocaram imagens de arquivo.

O filme fala que há liberdades artísticas sobre essa temporada. Eram necessárias? Sim e não. Para a fluidez do filme até é bom, mas sentes que é uma disrupção da história. Ou seja, fica uns 65 por cento de verdade. Contudo, uma das cenas dramáticas faz lembrar abertamente, com todas as letras, os acidentes do Henri Toivonen e do Attilio Bettega na Córsega. Não aconselho a aqueles que querem ver um "docudrama". Agora, os que tem uma mente aberta, pode ser. Há situações verosímeis e inverosímeis, e pensem que é um filme, nada mais.   

Resumindo numa frase: esperava pior. É melhor que "Lamborghini" - esse sim, um desperdício - e confesso que não vi "Gran Turismo". Mas acho que é um filme entretido, embora não seja memorável. Também acho que existe situações melhores para serem retratados em filme. Como a era dos Grupo B, por exemplo. 

Vale a pena o bilhete? Depende. Para mim, sim. Mas eu sou esquisito.    

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