O ano de 2015 vai ser inesquecível para Martin Winterkorn. Em abril, após algum tempo de luta pelo poder, conseguiu superar Ferdinand Piech e convencer o Conselho de Administração que ele seria o homem adequado para o lugar e ficar ao comando de um dos mais poderosos grupos de automóveis do mundo, um grupo que em marcas como Porsche, Audi, Lamborghini, Bugatti, Skoda, Seat, entre outros. Agora, quatro meses depois, o escândalo das emissões de gases dos carros Diesel nos Estados Unidos fez mergulhar o preço as ações em 25 por cento... num só dia, e ele foi obrigado a demitir-se esta quarta-feira.
“Estou chocado com os acontecimentos dos últimos dias. Acima de tudo, estou espantado que uma conduta imprópria desta dimensão tenha sido possível no Grupo Volkswagen. Como presidente-executivo, assumo a responsabilidade pelas irregularidades que foram encontradas nos motores diesel e já pedi ao Conselho de Supervisão que chegue a um acordo com vista à cessação das minhas funções. Esta decisão é tomada para defender os interesses da empresa, ainda que eu próprio não tenha qualquer conhecimento acerca desta conduta imprópria”, disse Winterkorn na sua comunicação.
“O processo de clarificação e transparência irá continuar pois essa será a única forma de reconquistar a confiança. Estou convencido de que o Grupo Volkswagen e a sua equipa irão ultrapassar esta crise grave”, concluiu.
Todos já devem ter lido o escândalo e a razão pelo qual aconteceu: um estudo feito pela Universidade de Virginia para testar a qualidade dos motores Diesel mostrou que os níveis de poluição dos automóveis da marca de Wolfsburgo eram 40 vezes maiores dos indicados pelos testes. Verificou-se depois que a marca "aldrabava" os motores durante os testes com a EPA americana graças a um dispositivo eletrónico instalado nos motores, que fazia com que emitissem gases da maneira como queriam, e depois publicitavam os carros como sendo "limpos". Todos sabemos agora que não eram.
Para além desta mentira - que lançou uma sombra sobre todas as marcas de automóveis um pouco por todo o mundo - a marca alemã arrisca agora a ser processada criminalmente pelo Departamento de Justiça americano e a multa poderá elevar-se até 15 mil milhões de dólares. Mais ou menos aquilo que perdeu na segunda feira em termos de capitalização bolsista...
Contudo, o que interessa saber por estas bandas é o seu futuro desportivo. O Grupo Volkswagen está fortemente implantado no desporto, graças à própria Volkswagen (WRC), a Porsche (Endurance), a Audi (Endurance, DTM e Formula E), a Skoda (ERC) e a Seat (TCR e Copa Leon). É certo e sabido que o grupo nunca entrou na Formula 1 por causa da repulsa pessoal por parte de Ferdinand Piech (sobrinho-neto de Ferdinand Porsche), mas parecia que com Winterkorn ao comando, esse tabu poderia ter sido quebrado, com o possível envolvimento da Audi.
Aliás, a marca de Inglostadt tem um plano ambicioso - e faseado - para entrar na categoria máxima do automobilismo, com um investimento que poderia custar cerca de 200 milhões de euros. Para isso contrataram no final de 2014 o engenheiro Stefano Domenicalli, ex-diretor da Ferrari, e o passo seguinte poderia ser a compra da Red Bull - os rumores circulam há várias semanas - mas para isso tudo ainda falta a luz verde da administração para que o projeto avance. Provavelmente, Winternkorn seria um dos que aprovaria o projeto, agora que Piech estava fora de cena, mas agora sem ele, provavelmente poderão ter perdido o seu maior aliado.
Mas o escândalo está ainda no seu inicio. É que isto tudo tem um efeito-dominó: as acções caíram, e rolaram cabeças na administração, e estes são os factos até agora. Mas mais poderão via a caminho, como o relatório e contas da empresa. Com a reputação destruida - pelo menos nos Estados Unidos - na Europa, as pessoas começarão a recuar e as vendas vão-se ressentir. Os prejuízos vão se sentir sobretudo em 2016, e todos os projetos desportivos estão agora em duvida. Ainda não se vê uma debandada como se viu com a Honda e a Toyota em 2008-09, mas teme-se isso nessas modalidades acima referidas.
A grande ironia é que nenhuma delas... está na Formula 1, mas outras modalidades poderão sentir fortemente o seu impacto. A categoria LMP1 da Endurance (WEC) têm duas das quatro marcas do Grupo Volkswagen, e apesar da sua autonomia, desconhece-se quanto é que há em termos de transferências entre marcas do mesmo grupo em relação aos projetos desportivos. E esse é o problema: será que vão cumprir com os seus compromissos?
Como disse acima, está tudo no incio. Os meses que se seguirão mostrarão se isto é controlável ou poderá ser a ponta do "iceberg", capaz de abalar os alicerces da industria automóvel, ainda por cima, um dos maiores grupos do mundo.
Todos já devem ter lido o escândalo e a razão pelo qual aconteceu: um estudo feito pela Universidade de Virginia para testar a qualidade dos motores Diesel mostrou que os níveis de poluição dos automóveis da marca de Wolfsburgo eram 40 vezes maiores dos indicados pelos testes. Verificou-se depois que a marca "aldrabava" os motores durante os testes com a EPA americana graças a um dispositivo eletrónico instalado nos motores, que fazia com que emitissem gases da maneira como queriam, e depois publicitavam os carros como sendo "limpos". Todos sabemos agora que não eram.
Para além desta mentira - que lançou uma sombra sobre todas as marcas de automóveis um pouco por todo o mundo - a marca alemã arrisca agora a ser processada criminalmente pelo Departamento de Justiça americano e a multa poderá elevar-se até 15 mil milhões de dólares. Mais ou menos aquilo que perdeu na segunda feira em termos de capitalização bolsista...
Contudo, o que interessa saber por estas bandas é o seu futuro desportivo. O Grupo Volkswagen está fortemente implantado no desporto, graças à própria Volkswagen (WRC), a Porsche (Endurance), a Audi (Endurance, DTM e Formula E), a Skoda (ERC) e a Seat (TCR e Copa Leon). É certo e sabido que o grupo nunca entrou na Formula 1 por causa da repulsa pessoal por parte de Ferdinand Piech (sobrinho-neto de Ferdinand Porsche), mas parecia que com Winterkorn ao comando, esse tabu poderia ter sido quebrado, com o possível envolvimento da Audi.
Aliás, a marca de Inglostadt tem um plano ambicioso - e faseado - para entrar na categoria máxima do automobilismo, com um investimento que poderia custar cerca de 200 milhões de euros. Para isso contrataram no final de 2014 o engenheiro Stefano Domenicalli, ex-diretor da Ferrari, e o passo seguinte poderia ser a compra da Red Bull - os rumores circulam há várias semanas - mas para isso tudo ainda falta a luz verde da administração para que o projeto avance. Provavelmente, Winternkorn seria um dos que aprovaria o projeto, agora que Piech estava fora de cena, mas agora sem ele, provavelmente poderão ter perdido o seu maior aliado.
Mas o escândalo está ainda no seu inicio. É que isto tudo tem um efeito-dominó: as acções caíram, e rolaram cabeças na administração, e estes são os factos até agora. Mas mais poderão via a caminho, como o relatório e contas da empresa. Com a reputação destruida - pelo menos nos Estados Unidos - na Europa, as pessoas começarão a recuar e as vendas vão-se ressentir. Os prejuízos vão se sentir sobretudo em 2016, e todos os projetos desportivos estão agora em duvida. Ainda não se vê uma debandada como se viu com a Honda e a Toyota em 2008-09, mas teme-se isso nessas modalidades acima referidas.
A grande ironia é que nenhuma delas... está na Formula 1, mas outras modalidades poderão sentir fortemente o seu impacto. A categoria LMP1 da Endurance (WEC) têm duas das quatro marcas do Grupo Volkswagen, e apesar da sua autonomia, desconhece-se quanto é que há em termos de transferências entre marcas do mesmo grupo em relação aos projetos desportivos. E esse é o problema: será que vão cumprir com os seus compromissos?
Como disse acima, está tudo no incio. Os meses que se seguirão mostrarão se isto é controlável ou poderá ser a ponta do "iceberg", capaz de abalar os alicerces da industria automóvel, ainda por cima, um dos maiores grupos do mundo.
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