quinta-feira, 15 de maio de 2008

O piloto do dia - Gordon Smiley

Há 26 anos atrás, o mundo da Formula 1 ainda estava em choque com a morte de Gilles Villeneuve, na pista belga de Zolder. Nos Estados Unidos, os pilotos tentavam-se classificar para as 500 Milhas de Indianápolis daquele ano, e um dos pilotos que lá andava era Gordon Smiley, um piloto experiente que tinha corrida na Formula 5000 e na Formula Aurora, o campeonato britânico de Formula 1, onde tinha até ganho uma prova no final de 1979.


Mas em 1982, Smiley tinha metido na cabeça que queria ser o primeiro piloto a passar a barreira das 200 milhas por hora, e o iria tentar, custasse o que custasse. E isso custou-lhe a vida, num dos acidentes mais horriveis asistidos no automobilismo.


Gordon Eugene Smiley nasceu no Nebraska, a 20 de Abril de 1946. Começou a correr aos 19 anos, nos "dirt tracks" do seu estado natal. Pouco tempo depois, foi correr na Formula Ford, quer no seu país, quer depois em Inglaterra, sem resultados de relevo. Em 1973, vai correr para a Formula 5000 em algumas corridas, a bordo de um McRae-Ford. No ano seguinte, corre na Formula Atlantic, onde fica por mais dois anos, tendo depois movido para a Europa, onde foi correr na Formula Aurora Series em 1979, ganhando uma prova em Silverstone, a bordo de um Surtees TS 20. Até aos dias de hoje, é o último americano a ganhar uma corrida num Formula 1.


Em 1980, volta para os Estados Unidos para correr na CART, mais concretamente na Patrick Racing, onde chega em sexto na prova inicial, em Ontario, na California. Ao seu lado tem Gordon Johncock, um dos monstros sagrados da altura. Em 1981, dá nas vistas em Indianápolis, quando consegue o oitavo lugar na grelha e lidera por 15 voltas, até um acidente na volta 141 põe fim à sua corrida.


Em 1982, corre num March da equipa Intermedics, com o numero 35. Nessa altura, alguns dos nomes do pelotão, como Rick Mears e Kevin Cogan, obtinham novos recordes de pista. Smiley convenceu-se de que iria ser o primeiro piloto a alcançar uma média superior a 200 milhas por hora. A 15 de Maio desse ano, Smiley tentou a sua sorte, pois até então tinha conseguido apenas uma volta a 196 milhas por hora de média.


Na sua segunda volta de qualificação, quando fazia a curva 3, o carro sai de traseira. Tenta corrigir a trajectória, mas vira demais e vai directo ao muro. No momento a seguir, o carro desintegra-se e teve morte imediata. Tinha 36 anos.


Anos depois, na sua biografia "Rapid Response", o Director Médico da Indycar daquela altura, Dr. Steve Olvey, descreveu o acidente e as horriveis consequências, da seguinte forma:


Durante uma tentativa de qualificação para a Indy 500 de 1982, Gordon Smiley, um jovem e arrogante piloto do Texas, estava determinado a quebrar a barreira das 200 milhas de média, ou morria tentando. Diversos pilotos veteranos o advertiam sobre o seu estilo de condução, em que costumava corrigir as suas trajectórias em contra-balanço, algo que era errado para um Speedway. Quando perdeu a tracção, Smiley reagiu como se estivesse numa pista normal, corrigindo o seu carro saindo de traseira. O impacto foi violento."


"Enquanto eu dirigia para o que restava do seu carro, imediatamente após o impacto, observei umas pequenas manchas de uma substância cinzenta que formava uma trilha até o piloto. Fiquei chocado ao ver que o capacete de Smiley tinha voado, junto com a parte superior do seu crânio, cortado pela cerca de segurança. Espalhado pela pista tinha mais pedaços do seu cérebro. O seu capacete, devido a enorme força centrífuga, foi literalmente sugado pelo impacto na cabeça do piloto…"


"Quando voltavamos para o Centro Médico com o corpo, fiz uma análise rápida e percebi de imediato que praticamente todos os ossos do seu corpo tinham sido estilhaçados. Ele tinha uma ferida tão grande do lado do impacto que parecia que tinha sido atacado por um grande tubarão. Eu nunca tinha visto tal trauma”.


A morte de Gordon Smiley tinha sido a última nas 500 Milhas durante precisamente 10 anos. A 15 de Maio de 1992, outro piloto morreria durante as qualificações para as 500 Milhas de Indianápolis. Era o "rookie" filipino Jovy Marcelo, que tinha sido o campeão da Formula Atlantic no ano anterior.


Fontes:


http://gpinsider.wordpress.com/2008/05/15/quinta-feira-6/#more-888
http://en.wikipedia.org/wiki/Gordon_Smiley
http://www.myf5000.com/drivers_gordon_smiley.html

5 comentários:

Daniel Médici disse...

Do que de mais impressionante eu já vi no automobilismo. Não vejo paralelo com essas imagens (Le Mans 55, talvez?).

Anónimo disse...

Olá, Speeder!

Muito obrigado pelas dicas, pode ter certeza de que serão muito úteis ao desenvolvimento do blog, e farei o maior esforço possível pra colocá-las em prática. Seu blog é um sucesso, sendo assim suas dicas são mais do que bem-vindas! Muito obrigado mesmo.

A propósito, está sabendo sobre o boato de que Sato poderia substituir Nelsinho na Renault?

Tem mesmo cara de boato, mas registrei em meu blog... nunca se sabe, não é?

Abraço!

Anónimo disse...

Oie Speeder parabéns ao Blog é visita obrigatória todos os dias!
Adoro esses post dedicado aos piotos onde conta histórias fascinante sobre suas vidas.
Tenho várias fotos e alguns vídeo desse terrível acidente mas nunca soube de maiores detalhes.O testemunho do Dr. Steve Olvey é impressionante! Os pilotos que correm em pista "oval" dizem realmente que não se pode abusar na hora de corrigir uma "saída de trazeira" por que o risco do carro "embicar" em direção ao muro é muito grande e nitidamente percebe-se que foi o caso de Smiley, geralmente quando perdem a "trazeira" é melhor deixar sua conclusão aí o carro geralmente bate em um ângulo mais favorável sem consequências ao piloto!Também nunca soube que Smiley queria bater tal recorde o que com certeza contribuiu para sua morte. Pra tudo tem um limite e ele infelismente ignorou isso, uma pena porque ja tinha sido alertado pelos companheiros que seu estilo não era o ideal para tentar tal feito.

Mais uma vez um post sensacional parabéns!

Abraços

Anónimo disse...

Nossa! Esses detalhes do acidente contados pelo Dr. Steve Olvey são muito fortes. Os caras eram uns loucos de correm com carros feitos com chapas de alumínio. Se fosse hoje em dia com os chassis em fibra de carbono e as Barreiras de Segurança nos ovais essa tragédia não teria acontecido.

Willian78

German disse...

Quando o carro da indy em um oval sai de traseira é humanamente impossível escapar de não bater !