sábado, 19 de dezembro de 2020

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Depois de acabarem com o Grupo B, em 1986, a aposta foi para o Grupo A. Tirando a Lancia, poucas foram as marcas que fizeram a mesma aposta. Audi e Peugeot decidiram ir embora, e quem fica foram os japoneses: Toyota, Mazda e Nissan. Em Portugal, como em muitos lados, os Grupo A ficaram com a Renault, que apostava muito na competição. Se antes de 1986, a aposta era no 5 Turbo, a partir de 1987, foi para o 11 Turbo, o modelo apresentado nesse ano e do qual queriam apostar para as classificativas quer em França, como em Portugal e claro, na equipa oficial, com pilotos como Jean Ragnotti e Alain Oreille.

Em Portugal, Joaquim Moutinho vai embora da marca do losango e eles vão buscar para o seu lugar um algarvio, de seu nome Inverno Amaral. Começando a correr em 1975 no Rali das Camélias, um Datsun 1200, andou pelo Pop Cross, onde foi campeão em 1980, mas nunca largando os ralis, quer andando o Ford Escort RS2000, quer depois andando no Citroen Visa, onde venceu o troféu em 1983.

Amaral pegou no 11 Turbo e adaptou-se muito bem. Contra Carlos Bica, num Lancia Delta 4WD, e Joaquim Santos, um Ford Sierra Cosworth da Diabolique, Amaral tem a seu lado uma máquina bem oleada que já tinha sido vencedora, e no qual se adaptou bem. Acabou campeão em 1987, conseguindo o título no "seu" rali do Algarve, numa edição marcada pela muita chuva e onde marca uma época, sendo o último campeão antes de Ricardo Teodósio, mais de três décadas depois.

Amaral corre nos ralis até 1994, enquanto em paralelo faz provas no Nacional de Todo o Terreno, a bordo de uma Nissan, também na sua equipa oficial. Uma vida dedicada ao automobilismo, do qual foi curta, mas cheia. 

Hoje, soube-se que Inverno Amaral morreu. Tinha 68 anos e estaa doente há algum tempo. O automobilismo português lamenta a perda de alguém que marcou uma época, e de uma certa maneira, como o natural passar do tempo, é uma geração que desaparece. "Era um exemplo para os outros pilotos e uma referência para todos. Deixa o país de luto", comentou Ni Amorim, o presidente da FPAK, Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting.

De uma certa maneira, estamos um pouco mais pobres. Ars lunga, vita breis, Inverno.

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