quarta-feira, 31 de julho de 2024

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Definitivamente, a Benetton adorava truques. Todos sabiam do tal "controlo de tração" que tinham dentro do seu B194, que, apesar de afirmarem que não conseguiriam ativar, qualquer programador com conhecimento poderia fazê-lo com o seu portátil e ligá-lo ao carro. Contudo, o outro segredo que a Benetton tinha para conseguir uma "vantagem injusta" foi descoberto... de uma maneira espetacular. E quem pagou o pato, como afirmam os brasileiros, foi o pai de Max Verstappen.

E ainda por cima, foi numa das corridas mais agitadas da história do automobilismo, a par do GP da Grã-Bretanha de 1973 e do GP de Bélgica de 1998. 

Como sabem, a corrida começou com umas carambolas que eliminaram boa parte do pelotão, ao ponto de, na segunda volta, termos 15 pilotos dos 26 que largaram. Para além dos que foram vitimas das carambolas, ainda tivemos Jean Alesi, que teve um problema elétrico quando acelerava na primeira reta.

Os eventos que envolveram Verstappen sénior aconteceram na 15ª volta, quando iam para o primeiro reabastecimento. Duas voltas antes, Michael Schumacher fez o seu e tudo correu bem - ele iria desistir na 20ª volta com problemas de motor - mas quando o neerlandês foi fazer o seu, a gasolina saiu cedo demais e espalhou-se no carro. Como este estava superaquecido, pelos vapores do motor, a ignição aconteceu em segundos, espalhando o caos e o pânico. Felizmente, todos se safaram com queimaduras ligeiras, incluindo Jos Verstappen, o piloto. Em termos de espetacularidade, só foi superado 26 anos depois, em Shakir, quando Romain Grosjean bateu contra os guard-rails e o carro se partiu em dois, rompendo o deposito de gasolina e pegou fogo. 

Lembro-me de fazer o que pensava ser um pitstop normal”, começou por falar Verstappen numa entrevista publicada hoje na Autosport britânica. “Sentado no carro, abria sempre a viseira porque quando estava parado suava muito. Depois vi o fluido a chegar. Isto foi antes de eu conseguir sentir o cheiro de alguma coisa, e é por isso que estava a agitar o braço. Depois tudo pegou fogo e de repente ficou escuro e preto, e eu não conseguia respirar. Foi foi uma situação na qual normalmente não pensa: é como se de repente fosse colocado num quarto escuro e depois pensasse: 'Preciso de sair...'

"Foi uma luta tirar o volante e isso demorou alguns segundos. Depois tive de soltar os cintos. Portanto, houve muitas coisas que tive de fazer antes de me levantar e perceber o que tinha acontecido."

Lembro-me da equipa a deitar água no meu rosto e depois a colocar-me creme [na cara]”, disse Verstappen. “Fui ao hospital para fazer um check-up, mas estava tudo bem. A minha respiração também estava boa, pois acho que não respirei muito quando isto aconteceu."

Não fiquei com problemas duradouros, exceto às vezes, quando bebo álcool, principalmente vinho – e não é o tempo todo, apenas às vezes – de repente sinto um ardor. É uma espécie de reação que se tem.", concluiu Jos.

No final, foi um filtro. Aquele era o primeiro ano dos reabastecimentos, depois do seu regresso, e a Benetton tinha descoberto uma maneira de os fazer mais rapidamente, para poder ganhar segundos preciosos no processo. As coisas poderiam ter continuado assim se não fosse aquele acidente...

No final, numa corrida de sobreviventes, Gerhard Berger deu à Ferrari a sua primeira vitória desde o GP de Espanha de 1990, a única da Scuderia naquela temporada, e a acompanhá-lo ao pódio estavam os Ligier de Olivier Panis e Eric Bernard, que nunca tinham ido ao pódio até aquele dia. E iria ser o último duplo pódio da equipa francesa na sua carreira.  

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