sábado, 7 de julho de 2007

O piloto do dia - Jo Siffert

É um dos aniversariantes de hoje: um excelente piloto, com uma carreira prolífica, quer na Formula 1, quer nos Sport-Protótipos, onde fez parceria com Pedro Rodriguez nos famosos Porsche 917 da equipa Wyler. Fez também história, ao ser o último piloto privado a ganhar uma corrida oficial de Formula 1, no Grande Prémio de Inglaterra de 1968. A sua vida deu mesmo um socumentário: apresento-vos “Seppi”Jo Siffert.



Joseph Siffert nasceu em Friburgo a 7 de Julho de 1936 (faria 71 anos se estivesse vivo). Filho de um industrial dos laníficios, começou a sua carreira nos motocíclos em 1956. Três anos mais tarde, foi campeão suiço de motociclismo em 350 cc, e no final desse ano, fez a mudança para os automóveis, correndo num Formula Junior. Após dois anos em formulas inferiores, chegou à Formula 1 em 1962, a bordo de um Lotus 21 da Scuderia Fillipinetti. Aliás, até 1969, Siffert correrá exclusivamente em carros inscritos por equipas privadas, nomeadamente pela Rob Walker Racing Team, que normalmente funcionava como “equipa B” da Lotus...


Se no primeiro ano não marcou qualquer ponto, as coisas mudam em 1963. Formando a sua própria equipa, a Siffert Racing Team, e correndo num Lotus 21, consegue um sexto lugar em França, o seu único ponto do ano. Esse ponto deu-lhe o 14º lugar da geral. Muda-se para um Brabham em 1964, e arranca um quarto lugar no difícil circuito de Nurburgring, e nessa altura, Rob Walker nota ele, e convida-o para correr na sua equipa nas etapas americanas. É aí que consegue o seu primeiro pódio, um terceiro lugar, em Watkins Glen. Os sete pontos deram-lhe o 10º lugar da geral.

Continua a correr pela Rob Walker (vai ser assim até 1969), e continua com carros Brabham em 1965, onde consegue pontuar mais regularmente. Os cinco pontos que alcançará darão-lhe o 12º lugar na geral. Em 1966, as coisas correrão mal, onde só conseguirá um quarto lugar na Alemanha. Esses três pontos irão colocá-lo na 14ª posição na geral. Para 1967, Walker escolheu um Cooper, e não fez melhor do que dois quartos lugares, terminando com seis pontos e o 12º lugar da geral.

Mas em 1968, Walker consegue arranjar um acordo com Colin Chapman, e este fornece-lhe chassis Lotus e motores Cosworth, tornando-se numa “equipa B” na Formula 1. Nessa altura, o prestígio de Siffert já era grande, como excelente piloto de segunda linha, mas sem capacidade para ganhar. Siffert iria ter a sua oportunidade de outro em Brands Hatch... Nessa corrida, Chapman dá um dos Lotus 49B a Walker, que por sua vez, deu a Siffert. Os oficiais partilhavam a primeira linha, enquanto que Siffert era quarto, ao lado de Chris Amon. Quando ambos os Lotus desistiram. Assistiu-se a um duelo titânico entre o suiço e o neozelandês da Ferrari, que acabou com a vitória de Seppi. Foi a primeira vez desde 1961 que um carro privado ganhava uma corrida, e era a primeira vitória do suiço. Nessa corrida, Siffert fez ainda a volta mais rápida. Mais tarde, consegue fazer a volta mais rápida em Mont-Tremblant, e no México, faz a pole-position e a volta mais rápida, mas termina em sexto. Tudo isso deu-lhe 12 pontos e o oitavo lugar na classificação final, com uma vitória, uma pole-position e duas voltas mais rápidas.

Era a sua melhor temporada até então, que tinha ficado completado com incursões no Campeonato do Mundo de Sport-Protótipos, onde era piloto oficial da Porsche, ganhando as 24 Horas de Daytona e as 12 Horas de Sebring, ao volante de um Porsche 908.


Em 1969, as coisas correm melhor: dois pódios (o melhor foi um segundo lugar em Zandvoort), 15 pontos no campeonato e o nono lugar na geral. Entretanto, a Porsche desenvolve o modelo 917 e convida-o para o desafio da CanAm. Com um 917 Spyder, onde termina na quarta posição da geral, apenas participando em quatro corridas...



Em 1970, vai pela primeira vez para uma equipa oficial, a recém-formada March Engennering, de Max Mosley e Robin Herd. O lugar foi pago pela Porsche, no sentido de impedir que a sua estrela fosse correr para a Ferrari. Contudo, o carro não era fiável e Siffert fica fora dos pontos. Em contraste, nos Sport-Protótipos, tudo lhe corre bem. Fazendo parceria com Pedro Rodriguez, domina as provas na Europa com o seu Porsche 917 da equipa Wyler, com o patrocínio da petrolífera Gulf. Enquanto isso, ganha a Targa Florio, acompanhado pelo inglês Brian Redman, num Porsche 908/3.

No ano de 1971, decide ir para a BRM, onde o seu companheiro era familiar, pois corriam na mesma equipa na Porsche: Pedro Rodriguez. As coisas corriam bem nos Sport-Protótipos, e mais ou menos na Formula 1, mas a morte de Rodriguez, poucos dias depois de ter completado o seu 35º aniversário, fez com que ficasse a liderar ambas as equipas. Em Zeltweg, numa corrida bem disputada, Siffert deu à BRM uma grande vitória! Foi a sua única “tripleta” da sua carreira: fez a pole-position, vitória e a volta mais rápida.



A 3 de Outubro de 1971, Siffert termina em segundo o GP dos Estados Unidos, atrás do Tyrrell de Francois Cevért. Era o seu centésimo Grande Prémio, e o seu último oficial. No dia 24 desse mês, estava em Brands Hatch para disputar a Corrida dos Campeões. Já tinha assegurado lugar para 1972, e graças ao seu conterrâneo Toulo de Grafenried, conseguira com que a Marlboro apoiasse a BRM na época de 1972.


Na partida, Siffert tocou no March de Ronnie Peterson, danificando a suspensão do seu carro. Na volta 12, a suspensão partiu-se, despistando-se e embatendo na berma, virando-se ao contrário. O acidente causou um incêndio, e para piorar as coisas, os extintores não funcionaram, tornando-se impossível o seu socorro. Siffert morre vítima da inalação de fumos. Tinha 35 anos.



A sua carreira na Formula 1: 100 Grandes Prémios, em oito temporadas, duas vitórias, duas pole-positions, quatro voltas mais rápidas, seis pódios, 68 pontos em toda a sua carreira. Para além disso, as imensas vitórias nos Sport-Protótipos, onde ganhou tudo, menos as 24 Horas de Le Mans, tornaram-no num excelente piloto de segunda linha, sem dúvida!



Depois deste incidente, a CSI (actual FIA) ordenou às equipas para que equipassem o interior dos carros com extintores (usando BCF: Bromoclorodifluorometano: um produto aeronáutico) e um tubo de oxigénio para os pilotos, ligado directamente aos seus capacetes.



O seu funeral, em Friburgo sua cidade natal, foi acompanhado por mais de 50 000 pessoas, com um Gulf-Porsche 917 da equipa de John Wyer a acompanhar o cortejo. Em 2005, quase 35 anos depois da sua morte, o realizador suiço Men Lareida realizou um documentário de 90 minutos sobre a vida de Siffert: “Live Fast, Die Young”.

1 comentário:

Michael Marchi disse...

Belo post, não conhecia a historia do Jo Siffert, muito bom