segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Uma tempestade num copo de água

"Segure-o o máximo que você puder. Destrua a corrida dele o máximo que conseguir, vamos!"

Rob Smedley, engenheiro de corrida de Felipe Massa, Singapura, 25 de setembro de 2011

Vi o video ontem à noite, mas não fiz ondas ao que disseram porque é isso mesmo de que se trata: uma declaração e nada mais. Só que o ruído que se anda a fazer hoje sobre aquilo que o engenheiro de Massa disse na rádio me obriga a falar sobre o caso, um bocado para cortar de raíz qualquer "teoria da conspiração" que irá surgir. Aliás, já surgiu: basta ir ao artigo no Autosport e ler o chorrilho de disparates que existe no Fórum: 138 comentários, às 18:44 de hoje.

Como sabem, na semana passada falei sobre o incidente entre Lewis Hamilton e Felipe Massa, no GP de Singapura, e disse que o Hamilton tem de controlar a sua impetuosidade e parar de destruir as corridas dos outros, para o seu bem e para a sua reputação. E continuo a defender isso: cresca um pouco mais e será provavelmente o melhor piloto da sua geração, porque a continuar assim, será apenas um menino frustrado, vendo Jenson Button a ser melhor do que ele na McLaren e o Sebastian Vettel a colecionar títulos.

Mas voltemos à vaca fria: o que é que estas declarações do engenheiro do Massa significam? Nada. Não se deve ser levado à letra aquilo que ele diz. Aliás, eu fico espantado com a falta de "sangue frio" que as pessoas têm por aqui, acreditam em tudo no que se lê e vê, como se fosse uma verdade absoluta. Mas isso é a tal consequência das pessoas terem aquela "memória de peixe", que esquece do que disse 24 horas antes... Esquecem-se de que o prejudicado naquela corrida foi o brasileiro, e não Lewis Hamilton, e as imagens mostram isso com toda a clareza.

Como diz o Luis Fernando Ramos, o Ico, esta tarde no seu blog:

"Na verdade, esse tipo de ordem na Fórmula 1 é comum e atende principalmente à questões estratégicas. Se Massa 'trancasse' Hamilton atrás de si por um bom número de voltas, limitaria a vantagem que o piloto da McLaren tinha com um carro de performance muito melhor em Cingapura. Hamilton só caiu para trás por conta das posições perdidas na largada e foi ali que o time italiano vislumbrou a chance de obter um resultado acima do que o carro poderia dar.

A própria Ferrari já sentiu na pele o que é ter uma corrida 'destruída' por um piloto que defendeu sua posição na pista. E o título mundial estava em jogo. Foi no duelo entre Fernando Alonso e o russo Vitaly Petrov, da Renault."

O Ico lembrou bem o caso de Abu Dhabi no ano passado, que deu o título a Seabasian Vettel. Aliás, considero que esse episódio foi mais resultado de uma má tática da Scuderia - apostou em "marcar" Webber e não em Vettel - e não conseguiu ultrapassar um Vitaly Petrov que estava, no mínimo, com um andamento igual a Fernando Alonso. Se o asturiano fosse muito melhor do que o russo, então acreditaria num 'bloqueio'. Mas mesmo assim, isso é uma manobra legítima na Formula 1. Não há nada nos regulamentos que diga que um piloto seja obrigado a ceder a ultrapassagem caso haja uma luta direta pela posição. As bandeiras azuis, permitam que vos recordem, servem apenas para os que irão ser dobrados.

Portanto, se forem ler esta tarde a ele ou á Julianne Cerasoli, para dar outro exemplo, verão que todos encolherão os ombros. E até o Joe Saward chama a todo este caso "um monte de treta". O meu conselho? Leiam os regulamentos, pensem duas vezes e consultem mais fontes credíveis antes de abrirem a boca e dizerem disparates. E quem avisa, vosso amigo é.

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