quinta-feira, 27 de setembro de 2012

5ª Coluna: O exagero das suspensões

Mais um Grande Prémio passou, e como sempre, ele teve disputas na pista, algumas delas bem quentinhas. Mas o que me incomodou neste loongo GP de Singapura foi que tivemos de esperar por mais de duas horas para saber se Sebastian Vettel era ou não confirmado como vencedor da corrida, devido a uma manobra que fez no final da primeira entrada do Safety Car, que apanhou Jenson Button desprevenido. Os rumores correram velozes, mas não passaram disso.

Assim como foi a noticia de que Bruno Senna tinha sido penalizado por uma manobra onde apertou o seu compatriota Felipe Massa na zona da Anderson Bridge, onde o piloto da Ferrari escorregou o seu carro e salvou-o "in extremis". Durante a corrida, os comissários disseram que a manobra não seria passível de penalização, mas depois da corrida, um site na Net anunciou que Senna tinha sido penalizado em dez lugares para a corrida no Japão. Por momentos, os jornalistas agitaram-se, mas o porta-voz da FIA confirmou a informação dada durante a corrida. A única penalização que existiu na corrida foi a de Michael Schumacher, pela "trombada" que deu na traseira de Jean-Eric Vergne.

Toda esta agitação sobre as penalizações a sua enorme facilidade em aplicá-las por parte dos comissários de pista rotativos, começa a ser exagerado para mim. Acho até que, caso isto não tenha limites, isto é mais um prego no caixão da Formula 1 que vivemos no passado. Antigamente, quando comecei a ver o automobilismo e e ficar apaixonado por ele, a meio da década de 80, as penalizações eram uma excepção e não a regra. Havia incidentes de corrida, mas estes não eram sancionados da forma que são agora. A mais grave resultava em desclassificação, e esta era aplicada através de uma bandeira negra, com o seu numero agarrado, quando a sanção era grave. Por exemplo, entrar nas boxes de marcha atrás.

É certo que os incidentes de Suzuka, em 1989 e 1990, poderiam ter desencadeado um novo conjunto de sanções e respectiva fúria, mas isso não aconteceu de imediato. O "stop and go" e o "drive through" são sanções que foram colocadas a partir de 1994, quando a Formula 1 andava paranóica com a segurança, e quando aconteceram vários incidentes com alguma gravidade, como foi a batida de Eddie Irvine em Interlagos. Mas essas suspensões foram colocadas devido a reincidências. No caso do irlandês, estava de aviso após Suzuka, no ano anterior, e a suspensão de três corridas não era a inicial, aconteceu porque a Jordan recorreu da sentença e a FIA não gostou de ver uma equipa a contestar a decisão.

Durante muitos anos, as sanções não foram aplicadas porque não se importaram muito com as manobras dos pilotos em pista. Agora que apareceu uma nova geração e estes não tão bem comportados como as anteriores, devido à adição de coisas como as escapatórias em asfalto e o facto de os carros serem cada vez mais resistentes, para além da aparição da asa móvel e do DRS, faz com que os pilotos lutem por uma posição, muitas vezes no limite da legalidade.

Contudo, "passou-se do oito para o oitenta". Se colocar as quatro rodas do carro fora da pista és penalizado, se bateres na traseira do carro que vai à frente é penalizado, mesmo que tenhas uma falha nos travões, se apertares o piloto que te passa, levas um drive-through... enfim, os comissários estão a fazer uma aplicação mesquinha das regras e as penalizações na Formula 1, e muitas vezes, os resultados na pista são alterados na secretaria, porque os comissários começam a analisar todas as imagens da corrida, para ver se aplicam sanções ou não.  

Disse há umas semanas que punir por punir não era a melhor solução. Francamente, prefiro mais que a FIA aplique esta fúria de sanções nas categorias de promoção, educando-os para correrem de forma leal e correta, para evitar os exageros que vemos agora na Formula 1. É que se fica agora com a ideia de que, aconteça o que acontecer na pista, tudo pode ser alterado mais tarde na secretaria, se piloto A ou B fizer - mesmo sem querer - um erro ou uma manobra errada. E se no final da temporada teremos um campeão porque foi o menos penalizado pelos comissários de pista, todos eles ex-pilotos convidados pela FIA para ver se sabem guiar bem ou não, a sensação de falsidade ficara no ar, e as velhas teorias da conspiração reaparecerão, como a de que a FIA não é nada mais do que a "Ferrari International Assistance".

É certo que esta geração é nova e causa mais acidentes por se arriscar cada vez mais. Mas isso, como disse atrás, pode ser corrigido de raíz, nas categorias de promoção. E essa fúria penalizadora que a Formula 1 sofre agora, não se vê na GP3 ou GP2, onde provavelmente seria mais indicada, para modelar as mentalidades e conter os impulsos dos aspirantes a campeões do mundo. 

1 comentário:

Julio Cezar Kronbauer disse...

A Fórmula 1 cuida muito mais de sua imagem para com o público e patrocinadores do que antes, pois Bernie vive da manutenção da mesma.

Pune-se não pelo ato, mas pela consequência. Romain Grosjean foi punido não pela barbeiragem que vez, mas por quase ter matado um.

No entanto, James Calado fez Luiz Razia sair para fora da pista depois da Eau Rouge, o brasileiro quase acerta outro piloto que estava parado, e nenhuma punição é aplicada.